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A hora dos pequenos

6 de janeiro de 2010

Mais de 200 mil pequenas empresas abriram na Alemanha em 2009. Crise financeira é chance para empresariado criativo, confirma instituto de pesquisa. O que não significa que a economia esteja recuperada da crise.

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Prenzlauer Berg, Berlim, é endereço disputado por novos comerciantesFoto: picture-alliance/dpa

Pomeranza, uma encantadora lojinha em Berlim, se autointitula "rancho de design". Ela vende objetos úteis e projetados com carinho por designers independentes de todo o mundo, incluindo relógios, bolsas e utensílios domésticos. Curiosamente, Pomeranza abriu em plena crise financeira, da mesma forma que uma série de outras lojas chiques no bairro da moda Prenzlauer Berg.

As proprietárias Sabine Bulkeley e Janet Tempel estão orgulhosíssimas de seu sucesso. "Pois cada produto tem sua historinha própria, algo que realmente nos deixa feliz", comentou Sabine à Deutsche Welle. "Isso faz parte da atmosfera aqui. Muita gente entra e pergunta: 'Puxa, que lindo! Onde é que vocês acharam isso?' e 'O que é isso?' e 'Para que serve?'."

A loja abriu em março de 2009 e, como tantos aspirantes a parceiros comerciais, Bulkeley e Tempel tiveram que enfrentar o arrastado e complicado processo de requerer um crédito bancário. Elas não suspeitavam que estivessem iniciando um negócio às vésperas da pior crise econômica global desde a Grande Depressão.

Ciclo e anticiclo

"Tivemos que elaborar um plano empresarial muito bom, o apresentamos ao banco, ele levou meses para decidir", relembra Sabine. "E finalmente recebemos o 'sim'. Três dias depois, veio o crash. Então, foi muita sorte para nós conseguir o empréstimo."

Escada Insolvenz
Muitas das grandes marcas não resistiramFoto: AP

Sorte à parte, não se trata de uma história única. Pomeranza é uma entre mais de 200 mil pequenas empresas fundadas na Alemanha em 2009, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa da Média Empresa (IfM). Segundo este, o número de negócios iniciados supera em 16 mil o dos liquidados – um bônus respeitável em ano tão difícil.

O diretor executivo do IfM, Frank Wallau, crê que isso faça parte da ordem natural das coisas. "A abertura de empresas sempre funciona numa espécie de anticiclo em relação ao ciclo econômico. Observamos isso em 2008, quando tivemos o menor número de inaugurações desde a reunificação da Alemanha. Mas novembro de 2008 também apresentou o mais baixo índice de desemprego em muito tempo."

Boa época para empresariado criativo

A equação é bastante simples: muitos dos que perdem o emprego se tornam autônomos ou iniciam um negócio. A experiência tem mostrado que uma recessão costuma ser época frutífera para o empresariado criativo. Mas Wallau é veloz em advertir contra a conclusão de que a economia alemã esteja se recuperando. Na realidade, o número de insolvências cresceu em 2009.

Arbeitslosigkeit in Sachsen-Anhalt
Agências de trabalho alemãs estão lotadasFoto: picture-alliance/dpa

"Muitas empresas estão em má situação, mas, se as coisas não vão bem para mim, isso não quer dizer que eu tenha que declarar insolvência." Empresas em má situação geralmente acabam por liquidar ou por vender seu ativo. Em contraste com as insolvências, o número das liquidações caiu na Alemanha no ano passado.

O diretor do Instituto de Pesquisa da Média Empresa tem uma explicação para este fato: ele acredita que as grandes companhias não estejam contratando atualmente. Isto significa que boa parte dos pequenos negociantes está sendo forçada a manter suas firmas em funcionamento, mesmo lucrando menos de que esperava, pois simplesmente não há perspectiva de conseguir colocação numa grande companhia.

Por enquanto, Bulkeley e Tempel vão aproveitando o sucesso e a liberdade de novas empresárias – assim como tantos outros proprietários de lojas em Prenzlauer Berg.

Autor: Ben Knight (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer