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Corrupção faz Brasil cair em ranking de imprensa

20 de abril de 2016

América Latina fica atrás da África em estudo da Repórteres sem Fronteiras, com Brasil despencando cinco posições. Aumento de ataques a jornalistas por parte de grupos como Pegida faz Alemanha também retroceder.

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Cartaz da Repórteres sem Fronteiras na Alemanha: "Todos os indicadores da classificação se deterioraram"Foto: picture alliance/dpa/B. Pedersen

Todas as regiões do mundo experimentaram uma deterioração na liberdade de imprensa em 2015, em especial a América Latina, que, em conjunto, ficou atrás da África na última edição do ranking anual da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta quarta-feira (20/04).

O Brasil, por exemplo, despencou cinco posições e ocupa agora o 104º lugar, atrás de países como Uganda, Líbano, Serra Leoa e Nicarágua. "Com ameaças, ataques físicos durante protestos e assassinatos, o Brasil é um dos países mais violentos e perigosos para jornalistas", diz o relatório.

O ranking analisa 180 países com base em indicadores como pluralismo, independência dos meios, autocensura, transparência e infraestrutura. Uma vez levantados esses dados, é elaborado um índice para o nível de risco para o trabalho da imprensa – quanto mais alto, mais perigoso.

Primeira colocada do ranking, a Finlândia, por exemplo, tem pontuação 8.59, enquanto no último lugar está a Eritreia, com 83.92. Como comparação, o Brasil alcançou 32.62 pontos.

"Infelizmente, está claro que muitos líderes mundiais estão desenvolvendo uma forma de paranoia em relação ao jornalismo legítimo", diz Christophe Deloire, secretário-geral da RSF. "Todos os indicadores da classificação se deterioraram. Numerosas autoridades públicas estão tratando de recuperar o controle de seus países e temem que o debate público se abra demasiadamente."

Segundo a RSF, a América Latina despenca no ranking devido à "violência institucional" (Venezuela e Equador são os exemplos citados), ao crime organizado (Honduras), à impunidade (Colômbia) e à concentração dos meios de comunicação (Argentina). No Brasil, é destacada a corrupção como razão para a deterioração da situação da imprensa.

"Proteger repórteres [no Brasil] fica muito mais difícil devido à falta de um mecanismo nacional e a um clima de impunidade abastecido por uma corrupção onipresente", afirma o estudo.

Intimidação crescente na Alemanha

A Europa continua na liderança do ranking – ocupa sete das primeiras dez posições. Porém, com alguns países com queda significativa, como a Alemanha. O país está agora em 16º, tendo perdido quatro posições em relação ao ano anterior.

Entre os motivos, o relatório destaca um crescente discurso de ódio também em relação à imprensa por parte de grupos de extrema direita como o Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente"), cujos simpatizantes evitam falar com jornalistas e se referem a eles como "imprensa da mentira".

"A lei proíbe discursos de ódio, negação do Holocausto e propaganda nazista, mas grupos de extrema direita miram a imprensa sem se importar", afirma o estudo. "Desde 2014, houve crescente intimidação, ameaças e violência contra jornalistas na cobertura desses grupos, especialmente do islamofóbico e xenófobo Pegida."

O estudo menciona também que, em alguns países em conflito, como Iraque (158º), Síria (177º) e Líbia (164º), "exercer o jornalismo é um ato de bravura". A RSF destaca no ranking o progresso Tunísia na (96º), que avançou 30 posições – uma consolidação dos efeitos positivos da revolução" de 2010-2011, segundo a ONG.

Ranking

1 – Finlândia

2 – Holanda

3 – Noruega

4 – Dinamarca

5 – Nova Zelândia

6 – Costa Rica

7 – Suíça

8 – Suécia

9 – Irlanda

10 – Jamaica

104 – Brasil

171 – Cuba

172 – Djibouti

173 – Laos

174 – Sudão

175 – Vietnã

176 – China

177 – Síria

178 – Turcomenistão

179 – Coreia do Norte

180 – Eritreia

RPR/afp/ots