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"Coronavírus coloca nossa solidariedade à prova", diz Merkel

11 de março de 2020

Chanceler federal afirma que vírus pode infectar 70% da população do país no longo prazo e pede união no combate à doença covid-19. É preciso conter ritmo de propagação para evitar sobrecarga do sistema de saúde, diz.

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Angela Merkel
"Trata-se de um vírus que não conhecemos o suficiente", diz MerkelFoto: Getty Images/AFP/J. MacDougall

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, se manifestou pela primeira vez nesta quarta-feira (11/03) sobre o avanço do novo coronavírus no país, afirmando que a disseminação do patógeno precisa ser contida e que é preciso união no combate ao surto. O país tem cerca de 1,3 mil infecções e duas mortes confirmadas.

"Nossa solidariedade, nossa razão e nossa compaixão mútua estão sendo colocadas à prova, e desejo que passemos nessa prova", disse Merkel, em coletiva de imprensa em Berlim, ao lado do ministro da Saúde, Jens Spahn, e do presidente do Instituto Robert Koch, (RKI, na sigla em alemão), Lothar Wieler.

"O vírus chegou à Europa, está aqui. Todos precisamos compreender isso", disse Merkel. "Trata-se de um vírus que não conhecemos o suficiente, para o qual não temos uma vacina, para o qual não temos um tratamento", afirmou a chanceler federal, ressaltando que infecções podem ser particularmente graves em pessoas idosas ou com histórico de doenças.

Merkel afirmou que o principal objetivo das autoridades é ganhar tempo, contendo o ritmo de propagação do coronavírus – causador da doença respiratória batizada de covid-19 – e, assim, garantir que o sistema de saúde do país não fique sobrecarregado. Merkel alertou que até 70% da população alemã podem contrair o coronavírus no longo prazo.

A chanceler federal disse que é recomendado à população manter um estoque de alimentos, mas que isso não é um chamado para uma corrida aos supermercados. Ela disse que é preciso haver bom senso.

A chanceler federal disse ainda que o cancelamento de grandes eventos deve ser decidido em conjunto entre o governo federal, os estados e municípios do país. Merkel disse não ser a pior coisa o fato de jogos da Bundesliga serem realizados sem público, enquanto Spahn pediu que os cidadãos ponderem se realmente precisam ir a alguns locais no momento.

"É preciso se perguntar: 'Eu realmente preciso ir a uma discoteca nos próximos três meses?'", disse o ministro. 

De acordo com a emissora berlinense rbb, cerca da metade dos 48 infectados pelo coronavírus na capital alemã até esta terça-feira haviam ido a discotecas da cidade. Nove dessas pessoas teriam ido ao clube The Reed, próximo à Alexanderplatz, em 27 de fevereiro. Na segunda-feira, as autoridades locais haviam informado que 17 pessoas que estiveram no clube Trompete em 29 de fevereiro haviam sido diagnosticadas com covid-19.

Segundo Spahn, apesar de 80% das pessoas que contraem o vírus apresentarem apenas sintomas leves ou nenhum sinal da doença e de o risco de agravamento da doença ser particularmente baixo para os jovens, estes não podem simplesmente pensar: "O que tenho a ver com isso?"

Para o ministro, a população precisa compreender que todos devem abrir mão de uma parcela do cotidiano "para proteger a si mesmos e aos outros". Ele disse ser necessário haver um equilíbrio entre abrir mão, de um lado, e seguir adiante com o dia a dia, do outro.

Spahn agradeceu a empresas que vêm permitindo que os funcionários trabalhem de casa. Ele também disse considerar positiva a decisão de cancelar eventos com mais de mil pessoas, como jogos de futebol, algo necessário para conter a disseminação do coronavírus. Berlim anunciou nesta quarta que vai proibir todos os eventos com mais de mil participantes até meados de abril.

Merkel anunciou que o governo federal vai agir para amenizar consequências econômicas do surto. "Vamos fazer o que é necessário", disse, apontando que se trata de uma situação excepcional. Nesta sexta-feira, os ministros das Finanças e da Economia devem se pronunciar sobre ajuda financeira a pequenas e médias empresas.

"A saúde vem antes das questões econômicas", enfatizou Spahn.

Merkel manifestou solidariedade com a Itália e desejou força à população do país, que é o mais afetado pelo coronavírus fora da China – com mais de 10 mil casos e 631 mortes, 168 registradas apenas nesta terça-feira. A Alemanha é o sétimo país com mais infecções, atrás de China, Itália, Irã, Coreia do Sul, Espanha e França, e à frente dos Estados Unidos.

LPF/dpa/afp

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