O teste nuclear norte-coreano desta sexta-feira (09/09), o mais poderoso já realizado pelo país, gerou condenações em todo o mundo. O Conselho de Segurança da ONU prepara novas sanções, mas Pyongyang mantém o tom de provocação, insistindo que seu programa nuclear seria uma defesa contra as "chantagens" dos Estados Unidos.
"Fazem parte do passado os dias em que os EUA podiam fazer chantagens nucleares contra a RPDC" afirmou o principal jornal norte-coreano, Rodong Sinmun, utilizando o acrônimo para República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial do país.
Nesta sexta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, classificou o mais recente teste nuclear como uma "grave ameaça" para a segurança regional e a paz e estabilidade internacionais. "Para que fique claro: os Estados Unidos não aceitam e nunca vão aceitar a Coreia do Norte como um Estado nuclear", afirmou, ressaltando que este é o único país a testar armas nucleares neste século.
"Os EUA estão desesperados com os avanços militares escalonados da RPDC", afirmou o Rodong Sinmun. A imprensa oficial informou ainda que no mais recente dos cinco testes nucleares realizados pela Coreia do Norte, o país teria atingido o objetivo de instalar uma ogiva nuclear miniaturizada dentro de um foguete.
"Nossos cientistas realizaram uma explosão nuclear num teste com uma ogiva recentemente desenvolvida, no local de testes nucleares no norte do país", afirmou a televisão estatal.
Norte-coreanos dizem ter conseguido instalar ogiva nuclear miniaturizada em foguete
Seul alertou que a ameaça imposta pelo país vizinho aumenta rapidamente e pediu ao Conselho de Segurança da ONU sanções mais rígidas contra Pyongyang. "Acreditamos que a capacidade nuclear do norte avança em níveis consideráveis e a passos mais rápidos", disse o ministro sul-coreano do Exterior, Yun Byung-Se.
ONU prepara sanções
O órgão máximo da ONU, em reunião a portas fechadas nesta sexta-feira, condenou o teste nuclear e concordou em impor novas sanções à Coreia do Norte. "Os membros do Conselho de Segurança começarão imediatamente a trabalhar nas medidas adequadas", afirmou o embaixador da Nova Zelândia na ONU, Gerard van Bohemen, que ocupa a presidência rotativa do órgão.
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, chegou a afirmar que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, estaria "mentalmente fora de controle". "A paciência da comunidade internacional chegou ao limite", acrescentou.
Entretanto, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, pediu calma e afirmou que as sanções, por si só, não vão resolver a crise. Ele disse que os poderes regionais e internacionais devem se esforçar para reiniciar as negociações com a liderança norte-coreana.
"É cedo demais para enterrarmos as negociações entre as seis partes. Devemos encontrar meios que nos permitirão reiniciá-las", afirmou, se referindo às conversações envolvendo Rússia, China, EUA, Japão e as duas Coreias. Em 2009, Pyongyang se retirou das negociações após se recusar a abandonar seu programa nuclear.
RC/afp/rtr
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Os encantos secretos da Coreia do Norte
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
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Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
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Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
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Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
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"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
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Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
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Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
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De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
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Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
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Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
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Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
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Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
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Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
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Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
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Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.
Autoria: Diego Zúñiga (av)