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Guido Westerwelle

26 de outubro de 2009

O novo ministro alemão do Exterior chama-se Guido Westerwelle. Aos 47 anos, o presidente do Partido Liberal Democrático atinge o ápice de sua carreira e realiza um sonho político, ao tornar-se vice de Angela Merkel.

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Guido Westerwelle assume legado liberal no cargo de ministro alemão do ExteriorFoto: AP

Como novo ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle assume um legado político liberal, pois, no cenário político internacional, a Alemanha foi representada durante décadas por membros do Partido Liberal Democrático (FDP).

Encabeçando a lista, está o nome de Hans-Dietrich Genscher, que dirigiu os destinos do país entre 1974 e 1992 a partir de Bonn, então sede do governo alemão. Genscher ganhou fama lendária como um diplomata dinâmico e viajeiro. A reunificação alemã aconteceu durante o seu mandato.

O ministro do Exterior Westerwelle irá fazer história tão rapidamente quanto esse seu modelo. Mas por diversas vezes Genscher já certificara que Westerwelle era adequado para o cargo.

Atalhos imprevistos

Analisando a carreira de Westerwelle, ele deveria estar contente de ter perdido as eleições parlamentares de 2005. Caso a coalizão com os conservadores tivesse se formado naquele momento, o ministro alemão do Exterior se chamaria Wolfgang Gerhardt, então chefe da bancada liberal no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão. Confiante da vitória, Westerwelle o apresentou como possível futuro chefe do Ministério alemão das Relações Exteriores, na convenção do partido em Colônia.

Wahlabend FDP Westerwelle
Liberal-democrata confiava na vitória em 2005Foto: dpa

Pode-se dizer que foi uma espécie de sorte tardia para um político relativamente jovem de 47 anos como Westerwelle realizar agora seu sonho político, através atalhos pouco previsíveis.

Um dia após a realização das eleições, já como ministro designado para o cargo, Westerwelle empreendeu sua primeira iniciativa na área de política externa, ao abraçar as sugestões de desarmamento do presidente norte-americano, Barack Obama.

"Acho que nós, alemães, podemos prestar uma boa contribuição para que seja aberto um capítulo do [processo de] desarmamento. Seria sensato e também desejamos que se iniciem negociações para a retirada das últimas armas atômicas, ainda estacionadas na Alemanha como relíquia da Guerra Fria. Temos agora uma imensa oportunidade, e ela deve ser aproveitada."

Escudo antimísseis e Tratado de Lisboa

O sistema de escudo antimísseis, planejado durante muito tempo pelos EUA na Polônia e na República Tcheca, teria sido um desafio para Westerwelle. Pois, como líder da oposição no Bundestag, o político liberal sempre alertara contra os planos norte-americanos, acusando os vizinhos do Leste Europeu de uma atitude unilateral.

"O estacionamento de mísseis norte-americano não é assunto de dois, três, ou quatro Estados. Ele interessa a toda a Europa, não é somente um tema da Otan. Em primeiro lugar, é uma questão europeia. E, por esse motivo, também faz parte da agenda europeia."

Westerwelle assumiu uma posição clara em relação ao Tratado de Lisboa, de reforma da União Europeia. Apesar de não ser o ideal, ele deve ser defendido de qualquer modo. No início do ano, quando o tratado foi discutido no Tribunal Constitucional Federal de Karlsruhe, Westerwelle declarou que a "Europa não é somente uma comunidade econômica, não é somente uma comunidade monetária. A Europa é, acima de tudo, uma garantia de paz e bem-estar social".

Guantánamo e Afeganistão

Haushaltsdebatte Bundestag Angela Merkel Guido Westerwelle
Westerwelle é agora vice de MerkelFoto: AP

Quanto ao tema Guantánamo, Westerwelle sempre foi irredutível. A prisão norte-americana que George W. Bush construiu em Cuba, violando as leis do direito internacional, deveria ser fechada. Westerwelle rejeitou, no entanto, a ideia de a Alemanha acolher detentos que não tivessem uma ligação com o país.

"Os EUA abriram Guantánamo, os EUA vão agora fechá-la. E os EUA são, em primeira linha, os responsáveis, jurídica e humanamente, pelos que estavam ali sem culpa", declarou Westerwelle na ocasião.

No tocante à questão do Afeganistão, por sua vez, o novo chefe da diplomacia alemã já se comportava, há muito, quase como um estadista. No início de setembro último, Westerwelle se posicionou de forma demonstrativa ao lado da antiga coalizão de governo formada por social-democratas e conservadores.

Ninguém envia soldados a outro país levianamente, argumentava Westerwelle. "Trata-se da nossa nação. A questão aqui é, de que forma posicionamos nosso país no exterior. Na verdade, trata-se da nossa segurança, nossa liberdade e nossa paz."

Na Alemanha se fala alemão

Como ministro do Exterior, Westerwelle precisa certamente melhorar seus conhecimentos de línguas estrangeiras. Isso ficou claro um dia após as eleições parlamentares alemãs. Na ocasião, Westerwelle criticou duramente um correspondente britânico que lhe dirigiu a palavra em inglês.

"Posso lhe fazer uma pergunta e inglês e o senhor poderia fazer a gentileza de respondê-la em inglês?", indagou o correspondente da BBC. Westerwelle deixou claro, de forma pouco diplomática, que "por se tratar de uma coletiva de imprensa na Alemanha", ele não atenderia ao pedido.

Tentando reparar a gafe, o liberal-democrata declarou em seguida: "E para que uma coisa fique clara: nós podemos nos encontrar fora da coletiva de imprensa também para tomar um belo chá, e então falamos somente em inglês. Mas aqui é a Alemanha".

Autor: Marcel Fürstenau (ca)
Revisão: Augusto Valente