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Conferência do quarteto do Oriente Médio em Londres

Peter Philipp / av1 de março de 2005

Tony Blair recebe liderança palestina, representantes dos EUA, ONU, Rússia e UE para lançar as bases de uma paz duradoura no Oriente Médio. Sharon não participa, mas suas promessas ditam os debates.

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Presidente palestino Mahmoud AbbasFoto: AP

Nesta terça-feira (01/03), o presidente Mahmoud Abbas, e demais representantes da liderança palestina encontram-se em Londres com membros do chamado quarteto do Oriente Médio, composto pelos Estados Unidos, ONU, Rússia e União Européia. Eles debatem reformas da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Na conferência, de que participam diversos outros países, não se visa uma solução de paz abrangente para a região, mas apenas discutir uma das precondições para a retomada do processo de paz: a implementação de reformas estruturais nos territórios palestinos.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, fez o convite para a conferência durante seu giro pelo Oriente Médio, em dezembro de 2004. Originalmente ele certamente esperara poder abrigar em sua capital uma verdadeira conferência de paz. Após a morte do líder Yasser Arafat, em novembro, anunciaram-se mudanças fundamentais na linha de conduta dos palestinos. Dessa forma, Blair considerou oportuno atacar em nível internacional o "conflito central clássico do Oriente Médio.

Precondições favoráveis

O premiê logo teve que reconhecer que seu otimismo fora exagerado. Washington reagiu com surpresa à proposta, e de Jerusalém imediatamente partiram sinais de rejeição. Os israelenses não recusaram abertamente participar da conferência, porém Blair e Ariel Sharon estabeleceram de comum acordo que Israel se manteria de fora. Em contrapartida, Sharon se esforçaria para apoiar o novo governo palestino em sua decisão de combater a violência e retomar o processo de paz.

As inequívocas declarações de Abbas contra o terror e sua prontidão em iniciar negociações com Israel oferecem naturalmente boas condições para a retomada do processo. O encontro entre Abbas, Sharon, o presidente do Egito, Hosny Mubarak, e o rei Abdullah, da Jordânia, na cidade egípcia Sharm El Sheikh, deu o impulso definitivo para o atual encontro.

Moderação recompensada

Durante a reunião em Londres, o presidente palestino deve receber a confirmação de que contará com apoio internacional, caso mantenha sua rota de conciliação e moderação. Não se trata de uma conferência de países doadores, porém a ajuda que será prometida inclui também aspectos materiais.

Após os anos da intifada, o governo Abbas necessita de auxílio abrangente para reerguer sua infraestrutura em grande parte destruída. Só assim se pode pensar em normalização nos territórios palestinos: enquanto o povo estiver na miséria, sempre haverá aqueles dispostos a perpetrar novos atos de violência.

O apoio político a Abbas inclui inevitavelmente exercer pressão sobre Israel – quando chegar o momento apropriado – no sentido de que cumpra suas promessas. Sharon prometeu abandonar a Faixa de Gaza até o meio deste ano. Além disso, nas últimas semanas declarou que evacuará as cidades da Cisjordânia, colocando-as sob controle palestino.

Israel e suas promessas

O gverno de Israel expressou-se ainda disposto a negociar com Abbas um programa de paz duradoura, tendo como meta distante a criação de um Estado palestino independente. Parece um tanto inesperado tais propostas partirem precisamente de Ariel Sharon, até agora um dos principais adeptos da "ideologia da Grande Israel". Entretanto o premiê se comprometeu, também diante dos EUA, e uma das tarefas da comunidade internacional será tomá-lo ao pé da letra e exigir que cumpra suas promessas.

Estes são planos que obviamente visam ao apaziguamento da região. Mas que também podem ser facilmente sabotadas, como demonstrou o atentado da sexta-feira passada (25/03) em Tel Aviv. Todo o espírito conciliatório da liderança palestina não impedirá totalmente que fanáticos e agitadores políticos continuem a cometer atos de violência. Porém, apesar de todos os perigos e eventuais vicissitudes, ambos os lados têm que trilhar o caminho já iniciado – esta é certamente a mensagem que partirá de Londres.