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Começa julgamento de oficial nazista 57 anos após a guerra

(ef)7 de maio de 2002

O antigo oficial da SS, Friedrich Engel, de 93 anos, começou a ser julgado em Hamburgo, nesta terça-feira, por causa da execução de 59 presos italianos, em Gênova, durante a Segunda Guerra Mundial, encerrada em 1945.

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Friedrich Engel: execução de 59 presos em vez de 60 pode ter sido um descuido.Foto: AP

O oficial nazista ficou conhecido como "carrasco de Gênova" porque ordenara o fuzilamento de 59 italianos na prisão local Marassi, quando era diretor do serviço de segurança do comando externo na cidade. "Eu nego tal acusação", disse Engel no Tribunal, mas admitiu em seguida que escolhera os presos para serem executados. Ele sempre viveu em liberdade em Hamburgo depois da Grande Guerra.

Os 59 presos foram fuzilados em 19 de maio de 1944. Divididos em seis grupos e algemados, eles tiveram que pisar em cima de uma tábua colocada sobre uma fossa e os corpos cairam sobre os outros, segundo a acusação. Assim, as vítimas posteriores viram e ouviram a morte dos companheiros. Engel negou que tenha sido assim e que as vítimas tivessem sido algemadas. "Eu estive no local apenas como observador", afirmou.

A execução coletiva foi uma vingança por causa do atentado de membros da resistência italiana contra o cinema alemão em Gênova em que morreram seis fuzileiros navais da Alemanha nazista. "A Marinha tinha exigido a represália e eu estava inteiramente convencido de que a responsabilidade total era da Marinha", justificou o "carrasco de Gênova".

Engel confirmou também que Adolf Hitler tinha ordenado a vingança do atentado contra as suas Forças Armadas (Wehrmacht) na proporção de dez italianos executados para cada soldado alemão morto. O juiz perguntou ao réu por que foram fuzilados 59 em vez dos 60 presos, conforme a ordem de Hitler. Engel respondeu: "talvez um descuido no levantamento".

O ex-oficial nazista vive em Hamburgo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente ele foi procurado pelos aliados como suposto criminoso de guerra, mas no pós-guerra a Justiça alemã carecia de vontade para esclarecer crimes nazistas e Engel se beneficiou disso. Em 1969, ele foi indiciado depois que um homem o responsabilizou pela execução de reféns na Itália, mas as investigações foram suspensas em Berlim e Dortmund por falta alegada de um ponto de referência. Em 1999, Engel foi condenado à revelia em Turim a prisão perpétua, por causa da execução de 246 pessoas. Baseado nas investigações que levaram a essa condenação, o Ministério Público de Hamburgo reabriu o processo contra o "carrasco de Gênova".

Mais de nove mil mulheres, homens e crianças foram vítimas da ocupação nazista na Itália fascista de Benito Mussoline. A Wehrmacht, a SS e a polícia alemã cometeram crimes atrozes contra a população civil. A questão dos crimes de guerra alemães na Itália voltou à tona recentemente quando o presidente da Alemanha, Johannes Rau, visitou o país e foi a Marzabotto, na Bolonha, lembrar o massacre cometido pela Wehrmacht lá em 1944.