1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Com Hillary ou Trump, EUA devem olhar mais para Europa

Michael Knigge fc
7 de novembro de 2016

Em dois mandatos, Obama priorizou as relações com a Ásia. Mas, segundo especialistas, o principal foco do próximo ocupante da Casa Branca acabará sendo o Velho Continente. Entre os motivos, a incisiva política de Moscou.

https://p.dw.com/p/2SJ37
USA Vorwahlen Bildkombo Donald Trump und Hillary Clinton
Foto: Getty Images/AFP/J. Samad/T.A. Clary

Se alguém tivesse que dizer qual foi uma das maiores prioridades do governo de Barack Obama em política externa, a resposta seria Ásia. Embora não exista consenso entre analistas sobre o quão bem-sucedido foi o esforço americano para equilibrar as relações com a região, uma coisa é clara: é provável que, com Hillary Clinton ou Donald Trump, os Estados Unidos voltem os olhos para a Europa.

"A Europa deveria ser realmente a prioridade número um do futuro presidente, porque é a aliança estratégica mais importante e vital que os EUA têm", afirma Erica Chenoweth, especialista em segurança internacional na Universidade de Denver. "O próximo presidente tem que colocar novamente seu foco na Europa de maneira que não vemos desde a década de 1990."

James Jay Carafano, especialista em segurança nacional da Heritage Foundation, também destaca que garantir a paz e estabilidade na Europa deveria ser um dos principais interesses do próximo líder a ocupar a Casa Branca.

"A questão prioritária em termos de preocupações dos EUA para a paz e segurança será a política externa russa para a região, seja ela em relação a energia, propaganda ou diferentes tipos de desinformação, ou Ucrânia e outras atividades militares ou ameaças que sejam um desafio a ser enfrentado", diz Carafano.

Isso não quer dizer que dar novo impulso aos laços com a Europa será a única questão crucial para os EUA. Os especialistas também apontam outras prioridades, como a crise na Síria e a luta contra o terrorismo; o futuro do acordo nuclear com Irã; as relações com a China; o combate às mudanças climáticas e a ascensão do nacionalismo.

Carafano e Chenoweth dizem também que as relações transatlânticas serão prioritárias para o novo presidente não somente para o bem da Europa, mas também para enfrentar conjuntamente outros desafios internacionais.

Segundo eles, um instrumento fundamental para reativar as relações transatlânticas, especialmente em seu componente de segurança, é fazer com que a Otan seja tão forte como era no passado.

"Os EUA têm de reforçar a unidade em torno de uma Otan que se concentre realmente na missão central do organismo, que é a defesa da comunidade transatlântica", opina Carafano.

Chenoweth diz que as missões da Otan, como a enviada à Líbia, foram um erro, e a organização deveria voltar às suas origens. "Basicamente como um acordo coletivo de segurança no continente para a segurança da própria região", completa.

As repetidas missões da Aliança Atlântica em algumas regiões têm sido contraproducentes em dois sentidos, afirma Chenoweth. Elas provocaram o nervosismo em Moscou, que redefiniu sua própria postura militar e, ao mesmo tempo, distraíram a atenção de seu objetivo primordial, que é atuar como um escudo defensivo perante a Rússia.

Nenhum dos especialistas afirma ter condições de avaliar qual dos dois principais candidatos – Hillary Clinton ou Donald Trump – será o melhor presidente para dar, em sua opinião, o necessário impulso às relações com a Europa.

"Hillary tem melhores condições de reiniciar as relações com a Europa, em boa parte por causa de sua experiência como secretária de Estado", opina Chenoweth. "Mas eu também digo que gostaria de ver um maior peso em sua plataforma de política externa."