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Clubes de futebol em baixa nas bolsas

Rafael Heiling / gh31 de março de 2005

Maioria dos 36 clubes de futebol europeus cotados nas bolsas de valores, entre eles o Borussia Dortmund, enfrenta problemas financeiros. Longe do pregão, Bayern e Schalke estão entre 20 clubes mais ricos do mundo.

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Exemplar das ações do Borussia DortmundFoto: dpa

No início dos anos 90, alguns clubes de futebol da Europa sonhavam em marcar um gol de placa no mercado financeiro. O grande exemplo foi o Manchester United, da Inglaterra, que lançou suas ações na bolsa em 1991, mantendo uma curva ascendente nas cotações. Em 2004, o "ManU" era, pelo oitavo ano consecutivo, o clube mais rico do mundo.

Bem diferente foi o resultado obtido pelo Borussia Dortmund, único clube alemão que joga no pregão da Bolsa de Frankfurt. Suas ações, lançadas por 11 euros em 2000, despencaram para 2,30 euros até 30 de março de 2005. Quase por um ato de caridade, os acionistas acabam de salvar o clube da falência (veja links abaixo).

O Dortmund desfruta da companhia de outros clubes em queda no Dow Jones Football, como é o caso do Roma, cujas ações foram abençoadas com uma alta de 7 euros em 2000, mas agora oscilam em tormo dos 50 centavos de euro. As da Juventus de Turim caíram de 3,70 euros para 1,38 euro.

Aplicação duvidosa

"A situação do Ajax de Amsterdã é um pouco melhor", diz Wolfgang Gerke, professor de Economia da Universidade de Erlangen-Nurembergue. "Mas até agora não valeu a pena comprar ações de clubes de futebol", acrescenta.

É que os clubes não dispunham de planos sólidos para aplicar os recursos captados nas bolsas de valores. "Eles pensaram que o fluxo de dinheiro fácil seria duradouro, mas, para isso, o time precisaria ficar entre os melhores e ter uma torcida fiel por longo tempo", explica Peter-Thilo Hasler, diretor de pequenos capitais do Hypo-Vereinsbank.

Milionários pernas de pau

Segundo os analistas, um dos erros, não só do Borussia Dortmund, foi comprar jogadores caros que não trouxeram os resultados esperados. "O clube ganha uma vez a Liga dos Campeões e, daí, todos os jogadores querem aumento e, ainda por cima, são comprados novos milionários. Mas é pouco provável que se ganhe esse título várias vezes seguidas", avalia Gerke.

Um outro problema é que a maiorias dos clubes que se transformaram em sociedades anônimas dependem unicamente do futebol, não dispondo de outros ramos de negócios rentáveis. "O Manchester é o único clube que diversificou suas atividades, inclusive prestando serviços financeiros", diz Hasler. O Dortmund até que tentou, mas a loja para vender camisetas do clube em Xangai foi um fiasco.

Magnatas salvadores

Quando um clube se encontra à beira do precipício, costumam surgir empresários dispostos a salvá-lo. O magnata italiano Cláudio Lotito, por exemplo, salvou com 21 milhões de euros o Lazio Roma, primeiro clube italiano a lançar ações na bolsa em 1998. Em troca, recebeu 32% das ações do clube. "É claro que esses salvadores acabam influenciando as decisões da diretoria dos clubes", diz Gerke.

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Brasileiro Lúcio, do BayernFoto: dpa

As regras da Liga Alemã de Futebol (DFL) proíbem a compra de times por empresários. "Um absurdo. Em outros países isso é possível. O pessoal da DFL não tem a mínima noção de economia. O mercado regula isso", critica Hasler. Também é juridicamente impossível – e, na prática, quase inimaginável – que o Bayern de Munique injete dinheiro no Borussia Dortmund. Para corrigir os erros de administração, Gerke só vê uma saída: os times cotados nas bolsas precisam ter sucesso esportivo, o que é difícil de planejar.

Bayern e Schalke entre os ricos, mas em queda

De acordo com um estudo da consultoria Deloitte, de Düsseldorf, o faturamento dos 20 clubes de futebol mais ricos do mundo deve superar os três bilhões de euros em 2005. Na temporada 2003/2004, o ranking Football Money League, da revista alemã manager-magazin, era liderado pelo Manchester United, com uma receita de 259 milhões de euros.

Em segundo lugar, aparece o Real Madri, com 236 milhões de euros, seguido pelo Milan, com 222 milhões. Apesar de ter registrado um faturamento de 166 milhões de euros em 2004, o Bayern de Munique escorregou na comparação européia da quinta para o nona posição. O Schalke caiu do 14º para o 17º lugar, e o Dortmund (12º em 2003) foi eliminado da lista de 20 clubes mais ricos do mundo.