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EsporteAlemanha

Clube do bode passa pela repescagem e escapa do rebaixamento

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
2 de junho de 2021

Há anos já que o Colônia não sabe o que é um título. Na luta contra o rebaixamento, porém, a emoção é certa para os torcedores do clube renano, como se viu, mais uma vez, na temporada passada.

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Jogadores do Colônia festejam vitória
Jogadores do Colônia festejam goleada sobre o Holstein Kiel e a vaga na primeira divisãoFoto: Fabian Bimmer/REUTERS

Não falta tradição ao 1. FC Köln, comumente conhecido no Brasil como o Colônia, o clube do bode, seu mascote oficial que atende pelo nome de Hennes 9º.  Foi o primeiro campeão da então recém-fundada Bundesliga em 1964, ganhou mais um título em 1978, além de levantar quatro vezes a Copa da Alemanha, o almejado DFB Pokal. Sem esquecer que, em 1962, também chegou ao lugar mais alto do pódio do campeonato alemão.

Desde os seus últimos triunfos, nos anos 1960 a 1980, entretanto, o time da cidade do maior carnaval da Alemanha nunca mais experimentou o doce sabor de um conquista. Pelo contrário, muitas vezes se viu envolvido em ferrenhas lutas contra o rebaixamento. Muitas delas acabaram mal e levaram o time à segunda divisão.

Foram seis rebaixamentos ao todo. O primeiro se deu após 35 anos ininterruptos na elite. Foi em 1998, quando terminou em 17º lugar e não conseguiu escapar da degola. Outros cinco descensos se seguiram, todos neste século, e por muito pouco não desceu pela sétima vez. Escapou por pouco.

Jogadores do Colônia festejam vitória
Jogadores do Colônia festejam goleada sobre o Holstein Kiel e a vaga na primeira divisãoFoto: Fabian Bimmer/REUTERS

Fato é que já na temporada 2019/2020 apresentava sinais de instabilidade. Ficou vagando em posições intermediárias na tabela e ao final da campanha chegou perigosamente perto da zona da degola. Esse cenário se repetiu na recente temporada, e na 28ª rodada o clube amargava um 17º lugar na tabela, vale dizer – rebaixamento direto à vista.

A diretoria puxou o freio de mão, demitiu o técnico Markus Gisdol e contratou o veterano Friedhelm Funkel, de 67 anos, conhecido como defensor das causas perdidas e que já tinha se aposentado em 2019.

Funkel chegou ao clube em meados de abril do ano em curso e encontrou o time em estado comatoso, com dois empates e seis derrotas nos últimos oito jogos. Tal qual um médico numa situação de emergência, tomou medidas para reanimar um paciente já dado como morto. E deu resultado. Sob nova direção, o time saiu do coma e num último esforço, depois de obter dez pontos em seis jogos, conseguiu a vaga para jogar sua sorte na repescagem contra o Holstein Kiel, da segunda divisão. Não custa nada lembrar que a obtenção dessa vaga veio apenas na última rodada do campeonato, com uma apertada vitória pela contagem mínima sobre o então já rebaixado Schalke 04. 

Friedhelm Funkel recebe um banho de cerveja dos jogadores do Colônia
Técnico Funkel toma banho de Kölsch após garantir o Colônia na eliteFoto: Fabian Bimmer/REUTERS

O valente time do Holstein Kiel mostrou que seria um osso duro de roer. Na primeira partida do mata-mata em Colônia venceu por 1 x 0 e precisava apenas de um empate no jogo de volta para festejar seu acesso à primeira divisão. 

Acontece que o Holstein Kiel, de todos os clubes profissionais da Alemanha, foi o mais assolado pela pandemia. O clube, em dois períodos diferentes, teve ao todo 11 casos de infecções por covid-19 desde 20 de março, o que obrigou a autoridade sanitária local a tomar medidas de contenção. No caso, determinou em duas ocasiões que todo time ficasse de quarentena.

Quando finalmente os jogadores foram liberados para voltar a campo, constatou-se que era preciso jogar ainda nove partidas para cumprir a tabela, além de ter que contar com a eventualidade de disputar ainda os dois jogos da repescagem, como de fato acabou acontecendo. Foram ao todo 11 jogos em pouco mais de um mês. Basta fazer as contas. Em média, um jogo a cada três dias.

Conclusão: o pequenino Kiel chegou exaurido ao último confronto o que, verdade seja dita, facilitou a vida do Colônia. Mesmo jogando fora de casa atropelou seu adversário. Com 13min de jogo, o placar já apontava uma vitória parcial para o clube do bode por 3 x 1. Tudo terminou em goleada por 5 x 1. Foi a maior vitória do Colônia em todo campeonato. Até então, em 35 partidas, havia marcado apenas 34 gols. 

E desalento para o Holstein Kiel que, pela segunda vez, perdeu na repescagem. Anteriormente, em 2018, acabou derrotado pelo Wolfsburg. Tristeza de uns, alegria de outros.

Festa do Colônia, cujos jogadores aproveitaram o embalo para surpreender seu técnico salvador da pátria com uma ducha da mais autêntica Kölsch, a cerveja típica da milenar cidade às margens do rio Reno.

Friedhelm Funkel saiu como o grande vitorioso em sua última missão. Reergueu um time das cinzas, injetou-lhe novo ânimo e alcançou seu objetivo pessoal: o de sair por cima da carne-seca ao apagar das luzes de sua longeva carreira.

A torcida do 1. FC Köln e seu mascote, o bode Hennes 9º, agradecem.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.