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Prêmio da Paz 2009

18 de outubro de 2009

Filólogo, ensaísta e romancista italiano abordou como poucos a convivência entre diferentes culturas, diz Associação Alemã do Comércio Livreiro, que confere o prêmio.

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Foto: picture-alliance / Sven Simon

O escritor Claudio Magris foi condecorado neste domingo (18/10) com o Prêmio da Paz de 2009 do Comércio Livreiro Alemão. O filólogo, ensaísta e romancista italiano abordou como poucos o problema da convivência de diferentes culturas, justificou o presidente Gottfried Honnefelder a escolha da Associação Alemã do Comércio Livreiro.

Ainda nas palavras de Honnefelder, o autor de Danúbio, radicado em Trieste, defende uma Europa cuja autoimagem é formada não apenas a partir de pontos de vista econômicos, mas "que contempla sua tradição histórica e cultural, e insiste nela".

Como professor de Língua e Literatura Alemã na Universidade de Trieste, Magris acompanhou, até se aposentar em 2006, a tradução de diversos títulos do alemão para o italiano, entre outros de autores como Joseph Roth, Arthur Schnitzler e Georg Büchner.

Como ensaísta e colunista do jornal Corriere della Sera, se posicionou com relação a assuntos de ordem política. Com Umberto Eco e outros, criou em 2002 a associação Liberdade e Justiça, que analisa de forma crítica a política de Silvio Berlusconi.

"Fronteiras invisíveis"

Magris lamentou a existência de novas barreiras na Europa, as quais ameaçam a paz. "Hoje são outras fronteiras que ameaçam a paz, fronteiras por vezes invisíveis no interior das nossas cidades, entre nós e os imigrantes de todas as partes do mundo, fronteiras que quase não notamos", disse o autor ao receber o prêmio na Igreja de S. Paulo.

Aos 70 anos, ele criticou as reações na Itália aos refugiados africanos que tentam chegar por mar ao país, considerando-as "histéricas e brutais" e advertindo que "uma fronteira que não é vista como um ponto de passagem, mas como um muro, uma muralha contra os bárbaros, constitui um perigo de guerra latente".

O germanista disse ainda que, "como patriota italiano", espera que seu país "não volte a ser pioneiro no sentido negativo", lembrando que a Itália inventou o fascismo, embora depois "outros fossem muito mais ambiciosos ao implementá-lo".

Feira do Livro acaba no domingo

Entregue anualmente desde 1950 no encerramento da Feira do Livro de Frankfurt, o prêmio é tido como ponto alto do evento e uma das principais distinções literárias na Alemanha, dotada de 25 mil euros. Ele já foi entregue a escritores, filósofos, cineastas, músicos, artistas e pensadores, entre eles Mario Vargas Llosa, Jürgen Habermas e Susan Sontag. No ano passo, foi concedido ao pintor alemão Anselm Kiefer.

A 61ª Feira do Livro de Frankfurt abriu suas portas pela última vez neste domingo. Em seu último dia, são esperados mais de 50 mil visitantes. No sábado, a feira recebeu 74.634 pessoas, cerca de 3,5 mil a menos que em 2008. Também nos dias anteriores a feira vinha registrando uma queda no número de visitantes.

A China, controverso país de destaque desta edição, deverá ser alvo de crítica também hoje, já que entre as personalidades aguardadas estão Rebiya Kadeer, a presidente do Congresso Mundial Uigur, organização de exilados com sede em Munique, e Kelsang Gyaltsen, enviado pessoal do líder espiritual tibetano Dalai Lama.

RR/dpa/epd/ap

Revisão: Alexandre Schossler