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'Língua eletrônica'

Ingo Wagner (jbn)13 de dezembro de 2008

Pesquisadores de Aachen desenvolveram uma "língua eletrônica" para ajudar a identificar vinhos falsificados. Embora mais precisa que o paladar humano, a língua eletrônica não substitui o prazer de degustar um bom vinho.

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Jornalistas especializados testam vinhos raros no castelo JohannisbergFoto: picture-alliance/dpa

A degustação é sempre um momento de emoção para os verdadeiros apreciadores de vinho. Com paladar treinado, eles reconhecem prontamente a qualidade, a idade e a origem da bebida. Mas agora pesquisadores desenvolveram uma "língua eletrônica", que não substitui o prazer de saborear um bom vinho, mas é eficiente para identificar falsificações.

Provido de seis sensores posicionados sobre placas de platina de 36 cm², o aparelho foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Escola Técnica Superior de Aachen sob coordenação do professor Michael Schöning, juntamente a outros cientistas da Alemanha e do exterior.

Precisão matemática

"A língua eletrônica foi criada para fazer controle de qualidade", explica Schöning. "Hoje em dia, quando se compra um vinho, principalmente os caros, há sempre o risco de adquirir falsificações." Segundo ele, até mesmo para especialistas não é fácil diferenciar uma imitação barata de um vinho original.

Ein Glas Wein p178
Original ou falsificado? A língua humana nem sempre pode reconhecerFoto: AP

as, com a ajuda de um programa especial, esta diferenciação deve tornar-se mais fácil. A engenheira Monika Turek esclarece que o programa é capaz de analisar os ingredientes do vinho. "E, através do processamento matemático dessa análise, podemos obter diversos parâmetros, por exemplo, a variedade da uva."

Apesar de parecer muito científico, o processo é, na verdade, simples. Uma pequena quantidade de vinho é pingada nos sensores, para que estes analisem substâncias típicas para determinados vinhos.

A língua eletrônica é capaz de medir, entre outras coisas, a relação entre ácidos, açúcar e álcool, superando assim a capacidade humana. Pois, enquanto os nervos gustativos podem confundir os especialistas, os sensores eletrônicos medem as mais diferentes substâncias presentes no vinho com precisão matemática.

Útil em qualquer lugar

Para que o aparelho de degustação funcione de forma precisa, é necessário que esteja programado para uma grande variedade de vinhos, pois a língua eletrônica só reconhece os ingredientes cujas características foram nela armazenadas. Quanto mais variedades forem colocadas no sistema, melhor será a eficiência do aparelho para testar a autenticidade de diferentes vinhos do mundo inteiro.

Esta técnica não é totalmente nova, pois já houve desenvolvimentos semelhantes na área de biosensores. "A área vem sendo pesquisada já há muitos anos. O que trouxemos de novidade foi o chip sensorial, que tem um revestimento especial em sua superfície, e isso em tamanho miniatura, a fim de permitir que aparelho seja usado em qualquer lugar", diz Schöning.

Weinkeller
Depósito na ÁustriaFoto: Bilderbox

Qualidade subjetiva

Com o aparelho, os testes não ficam mais restritos aos laboratórios. Em leilões, por exemplo, o pequeno e portátil aparelho pode testar a qualidade e a autenticidade dos vinhos no próprio local. E os pesquisadores procuram aperfeiçoar ainda mais o aparelho para que "as pessoas possam distinguir a safra do vinho e também saber se ele é original ou se houve alterações químicas", explica Turek.

Embora a língua eletrônica possa simplificar o controle de qualidade de vinhos, degustadores e especialistas continuam a ser importantes. O aparelho apenas tornará mais fácil identificar falsificações. No entanto, os sensores artificiais não poderão e nem devem dar o parecer final sobre a qualidade de um vinho.

"Tentar, em um próximo passo, determinar o valor qualitativo de um vinho é muito difícil", afirma Michael Schöning. "Quem bebe vinho sabe que esta sensação é muito subjetiva e representá-la como uma medida objetiva através de um aparelho será sempre uma visão do futuro."