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Chocolate: tradição de fim de ano

Júlia Neves17 de dezembro de 2008

Apreciado tanto quanto as comidas típicas alemãs, o chocolate é também considerado tradição no país. Em Colônia, os amantes do chocolate podem conferir a produção e a história do doce com direito à degustação.

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Museu Imhoff do Chocolate recebe anualmente 690 mil visitantesFoto: LF Oliveira

Os chocólatras que ficaram com água na boca ao assistir ao filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) podem conferir uma versão similar do paraíso em Colônia, no oeste da Alemanha. Na entrada do Museu de Chocolate, o visitante já sente o cheiro doce e quente da calda e a boca começa a salivar. Não demora muito até que uma das atendentes chegue, sorridente, com uma cestinha, perguntando: "Quer um chocolate?"

Pralinen
Alemanha é 3º maior consumidor de chocolate do mundo, com 9,16 kg/pessoaFoto: AP

É assim que começa o tour pelo Museu Imhoff do Chocolate, que recebe anualmente 690 mil visitantes do mundo inteiro. À beira do Rio Reno, os visitantes acompanham todas as etapas da produção, da preparação do cacau até a sua transformação em barras e trufas. No segundo andar do museu, uma exposição interativa conta a história do cacau e do chocolate desde a época dos maias e astecas.

O interesse dos alemães pelo chocolate e sua história não é surpreendente, considerando que o país ocupa o terceiro lugar no ranking dos maiores consumidores do mundo. Segundo a Associação da Indústria de Doces da Alemanha (BDSI), em 2007, foram consumidos 9,16 quilos de chocolate por pessoa. O país ficou atrás somente da Suíça, com 10,05 quilos, e do Reino Unido, com 9,97 quilos por pessoa. No Brasil, a média é de apenas de 2,4 quilos por pessoa, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

Tradição

Apesar de a cerveja ser um dos maiores símbolos da cultura gastronômica alemã, o chocolate também é considerado tradição. Além da Páscoa, o Natal e o Dia de São Nicolau são ideais para dar e receber chocolates.

Comemorado de 5 para 6 de dezembro, o Dia de São Nicolau homenageia o santo conhecido por ter ajudado pessoas pobres no século 4º. Nessa data, as crianças deixam botas de tecido à espera de guloseimas trazidas pelo santo.

Dominosteine
'Dominosteine' são recheadas com marzipan, geléia e pão de melFoto: picture-alliance / dpa / Stockfood

Segundo a gerente da loja do Museu do Chocolate, Brigitte Kirchhoff, esta é a melhor época para o mercado de chocolates e doces da Alemanha. Em dezembro de 2007, as vendas na loja aumentaram 2,4%, comparadas aos meses anteriores. "Sem dúvida temos mais movimento no museu neste mês. No ano passado, recebemos cerca de 70 mil visitantes somente nessa época", afirma.

Na Alemanha, dar chocolates e bombons faz parte da tradição desta época de ano. A professora Claudia Both-Billinger prefere para a data o Papai Noel de chocolate, as dominosteine – recheadas com massapão (marzipan), pão de mel e geléia – e os chocolates de inverno, feitos com especiarias e de gosto cítrico.

Além disso, Both-Billinger lembra de uma antiga tradição de chocolates na ocasião de um convite. Quando uma criança é convidada para casa de um amigo, por exemplo, ela leva uma barra de chocolate como forma de agradecimento. Os adultos agradecem da mesma maneira, mas presenteiam o outro com bombons.

Produção

Em 2007, foram produzidas 973 mil toneladas de chocolate, movimentando 4,57 bilhões de euros na economia alemã. Entre as maiores empresas do país, estão a Ritter, a Stollwerck e a Feodora, embora as suíças Lindt e Milka também tenham bases de produção na Alemanha.

Kakao
Em 2007, Alemanha importou 345 mil toneladas de cacauFoto: TransFair

O cacau, matéria-prima da fabricação, também é um dos produtos mais importados pelo país. De acordo com a Associação de Cacau da Alemanha, em 2007 a importação foi de 345.582 toneladas de amêndoas de cacau, sendo que 160 mil toneladas (46,3%) vieram da Costa do Marfim, maior fornecedor de cacau do mundo.

A quantidade de cacau brasileiro importada pela Alemanha foi quase insignificante em 2007: 150 toneladas, segundo o United Nations Commodity Trade Statistics Database (Comtrade). Comparado ao início da década de 1990, o Brasil teve uma queda significativa de produção e exportação.

Os principais motivos desta redução foram condições climáticas desfavoráveis e, principalmente, uma praga que dizimou as plantações. Dados da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) apontam que, na safra de 1990/1991, a produção atingiu 384 mil toneladas de cacau em amêndoas e a exportação, 112 mil toneladas. Já em 2007/2008, esses números caíram para 160 mil e 764 toneladas, respectivamente.