1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

China inaugura maior ponte marítima do mundo

22 de outubro de 2018

Obra de 55 km que inclui túnel subaquático e interliga Hong Kong, Macau e China continental é inaugurada com dois anos de atraso e custo acima do previsto. Opositores acusam integração forçada de regiões autônomas.

https://p.dw.com/p/36xs5
Megaobra de 55 quilômetros de extensão inclui trechos de estradas, três pontes, ilhas artificiais e túnel subaquático
Megaobra de 55 quilômetros de extensão inclui trechos de estradas, três pontes, ilhas artificiais e túnel subaquáticoFoto: picture alliance/dpa/MAXPPP

A maior ponte marítima do mundo, que liga as cidades de Hong Kong e Macau a Zhuhai, na China continental, será inaugurada nesta terça-feira (23/10) com dois anos de atraso e envolta em polêmicas relacionadas aos altos custos e fins políticos do projeto.

A megaobra de 55 quilômetros de extensão, que compreende trechos de estrada, três pontes, ilhas artificiais e um túnel subaquático, faz parte de um ambicioso projeto para integrar economicamente 11 cidades no delta do Rio das Pérolas, incluindo as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.

Hongkong-Zhuhai-Macao-Brücke
Uma das ilhas artificiais construídas para acesso ao túnel subaquático de 6,7 quilômetros de extensãoFoto: picture alliance/Zumapress

Em construção desde 2009 e planejada para ser inaugurada em 2016, a ponte será aberta ao público nesta quarta-feira, no dia seguinte a uma cerimônia com a presença do presidente Xi Xinping e outras autoridades.

As três pontes da estrutura são capazes de suportar ventos de até 340 quilômetros por hora. Um túnel de 6,7 quilômetros de extensão, conectado às pontes por duas ilhas artificiais, foi construído para que não houvesse interferência nas rotas do comércio marítimo.

Apesar de ser um feito inédito de engenharia que levou quase uma década para ser concluído, a ponte é vista com indiferença por muitos em Hong Kong, não apenas em razão dos atrasos e do superfaturamento da obra, mas por ser um símbolo de integração à China continental numa cidade onde muitos preferem a autonomia.

Trecho da ponte próximo a uma das ilhas artificiais
Trecho da ponte próximo a uma das ilhas artificiaisFoto: AFP/Getty Images/P. Fong

Após 150 anos como colônia britânica, Hong Kong se vê como politica e culturalmente distante da China continental. Com o retorno da soberania chinesa sobre a região, muitos avaliam que, na última década, houve uma redução das liberdades legais e políticas.

Barreira colocada antes da abertura da ponte na travessia de fronteira no lado de Hong Kong
Barreira colocada antes da abertura da ponte na travessia de fronteira no lado de Hong KongFoto: AFP/Getty Images/A. Wallace

Opositores afirmam que a ponte é um entre vários megaprojetos iniciados pelo governo de Hong Kong para reaproximar a região autônoma e a China, que incluiriam trens de alta velocidade entre Ghangzhou e Shenzhen, na parte continental, e um museu-satélite do Museu do Palácio de Pequim, onde estão expostos artefatos da China imperial.

Os custos da construção, que chegaram a 6,4 bilhões de euros, também são alvos de críticas. Hong Kong terá de arcar com o equivalente a cerca de 1 bilhão de euros pela ponte principal, além de outros bilhões referentes aos custos das estradas de ligação e instalações de fronteira.

Hongkong-Zhuhai-Macao-Brücke
Trecho da ponte ainda em construção, perto de MacauFoto: AFP/Getty Images/A. Wallace

O Departamento de Transportes de Habitação de Hong Kong afirmou que os altos custos se justificam em razão de problemas imprevisíveis provenientes de "condições complicadas para a construção em alto mar, dificuldades de construção, aumento no custo dos materiais e mão de obra, além dos refinados esquemas de construção e design".

Muitos, porém, entendem que é um custo alto demais para uma ponte que não será totalmente aberta ao público. Para atravessá-la será exigida uma habilitação especial, de acordo com a seção a ser utilizada, e muitos terão de utilizar serviços de ônibus para ir a Macau ou à China continental.

Hongkong-Zhuhai-Macao-Brücke
Seção da ponte ainda em construção, perto de Hong KongFoto: AFP/Getty Images/A. Wallace

Desde o início do megaprojeto, nove trabalhadores morreram e mais de 200 ficaram feridos. Seis empresas contratadas foram multadas por colocar os trabalhadores em risco.

RC/dpa/ots

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 

WhatsApp | App | Instagram | Newsletter