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Centro de pesquisa no México vai desenvolver sementes mais resistentes

15 de fevereiro de 2013

Bill Gates e Carlos Slim inauguram centro para pesquisar sementes de trigo e milho de alto rendimento. Objetivo declarado é reduzir a fome e a pobreza. Para o Greenpeace, trata-se de desenvolver sementes transgênicas.

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Foto: CC /Anne Wangalachi/ CIMMYT

O co-fundador da Microsoft, Bill Gates, e o magnata mexicano Carlos Slim, do setor de telecomunicações, uniram forças para financiar o desenvolvimento de grãos de milho e trigo mais resistentes às alterações climáticas e de maior rendimento.

Gates e Slim inauguraram nesta quarta-feira (13/02) o novo complexo de biociências que funcionará dentro das instalações do Centro de Pesquisa para o Aperfeiçoamento do Milho e do Trigo (CIMMYT, em espanhol), com sede em Texcoco, a 45 quilômetros da Cidade do México.

O novo centro vai contribuir para o desenvolvimento de variedades de trigo e milho de alto rendimento que vão estar preparadas para tolerar os obstáculos das mudanças climáticas. As fundações de Slim e Gates informaram, ainda, que ajudar os agricultores pobres a aumentar de forma sustentável a produção e vender mais produtos "é a maneira mais efetiva de se reduzir a fome e a pobreza a longo prazo".

Centros como esse são muito importantes, pois têm sido precursores do desenvolvimento da agricultura por vários anos, afirmou Barbara Herren, especialista do Programa de Agricultura Sustentável das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em entrevista à DW.

Entre os desafios estão a adaptação da produção de alimentos às diferentes zonas climáticas da Terra e os altos custos das sementes. "Deve-se achar o caminho e dar mais valor às práticas sustentáveis e à preservação do sistema natural. Acho que o centro também está preocupado com isso: trabalhar com o sistema natural para aumentar a produção", frisou. Ela disse não acreditar que o foco principal do centro seja o desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas.

O diretor-geral do CIMMYT, Thomas Lumpkin, disse que os pesquisadores mexicanos e internacionais lotados no centro não focam nos transgênicos. "A modificação genética das sementes é algo a ser considerado para aumentar a produtividade, mas não é a única (tecnologia) disponível." Ele disse, ainda, que nenhuma variedade transgência foi obtida até hoje no centro.

O trabalho dos pesquisadores é criticado pela organização não governamental Greenpeace do México. Sob o pretexto da filantropia, grãos modificados geneticamente são usados e pretende-se, com isso, vencer a fome no mundo. "Mas isso são mitos", afirmou o ativista Aleira Lara, do Greenpeace. A opinião da ONG é de que as novas variedades de sementes modificadas só trariam problemas.

Centro de Pesquisa

Bill Gates in Berlin 29.01.2013
Bill Gates (foto) e o magnata mexicano Carlos Slim são os patronos do novo centro de pesquisa no MéxicoFoto: AP

O CIMMYT, resultado de um programa piloto iniciado em 1943 e apoiado pelo governo mexicano e pela Fundação Rockefeller, trabalha no desenvolvimento de grãos mais resistentes ao clima e pragas, mais nutritivos, além da capacitação com técnicas de agricultura de conservação e sustentável. O centro teve uma fundamental participação na chamada Revolução Verde, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

"Os pequenos agricultores estão na linha de frente dos grandes desafios. Por um lado está a demanda crescente e, por outro, as condições para produzir esses alimentos se deterioram rapidamente", frisou Lumpkin. Para ele, o mundo necessita cultivar mais alimentos com menores tributos, menos terra, menos água, menos mão-de-obra e menos fertilizante.

Segundo Lumpkin, até 2015 a demanda por trigo nos países em desenvolvimento vai crescer em 60%, enquanto que a de milho vai se duplicar. Estima-se que atualmente esses países necessitam de 700 milhões de toneladas de milho e trigo por ano.

Um exemplo é o México, que produz somente 58% dos alimentos que consome e que tem por meta alcançar 75% em seis anos. Para cobrir a necessidade do país em relação ao milho, produto que é o pilar da dieta de milhões de mexicanos, o país tem que importar cerca de 11 milhões de toneladas anuais do produto.

O aumento da produção é um dos objetivos no novo centro, que também está preocupado com o aumento da demanda do setor agropecuário. "Existe a mudança climática, mas, além disso, a volatilidade das matérias-primas. Então é indispensável que aumentemos a eficiência, a produção e a produtividade do campo nacional", afirmou o magnata mexicano Slim.

O CIMMYT possui escritórios regionais no Afeganistão, Bangladesh, China, Colômbia, Etiópia, Índia, Irã, Cazaquistão, Quênia, Nepal, Turquia e Zimbábue.

Autor: Fernando Caulyt
Revisão: Alexandre Schossler