O jornalista britânico Milo Yiannopoulos, conhecido por suas atitudes e opiniões provocadoras, foi desconvidado nesta segunda-feira (20/02) de uma importante conferência anual conservadora americana, que deve ter a presença de Donald Trump, e teve o lançamento de seu livro, Dangerous (perigoso), cancelado pela editora.
Yiannopoulos, uma figura polêmica que chama a si mesmo de "o mais fabuloso supervilão da internet", trabalha como editor no site de notícias Breitbart News, um meio de comunicação de extrema direita que era dirigido por Steve Bannon, atual estrategista-chefe da Casa Branca.
Abertamente gay, ele costuma enfurecer os liberais americanos com seus comentários provocadores, de teor ultraconservador, sobre raça, religião e sexo e parece gostar da sua capacidade de ofender. Em 2016, foi banido do Twitter após comentários seus sobre mulheres e muçulmanos terem contribuído para uma campanha difamatória contra a atriz negra Leslie Jones.
Alguns dos mais polêmicos títulos do Breitbart News, como "Controle de natalidade deixa as mulheres desinteressantes e loucas" e "Você prefere que sua filha tenha feminismo ou câncer?", são da coluna escrita por Yiannopoulos.
Ele foi desconvidado da conferência após a divulgação de um vídeo no qual aparentemente aprova a pedofilia. No vídeo, Yiannopoulos defende relações sexuais entre homens e garotos de até 13 anos e se manifesta de forma positiva sobre a sua própria relação com um sacerdote católico de 29 anos quando ele tinha 17.
"No mundo homossexual, em especial, algumas dessas relações entre garotos jovens e homens velhos – esse tipo de relação de amadurecimento – essas relações em que esses homens velhos ajudam esse garotos jovens a descobrir quem eles são e dão a eles segurança", descreve Yiannopoulos.
Vídeos sobre declarações dele foram publicados pelo blog conservador Reagan Battalion logo após o convite a Yiannopoulos. Diante da repercussão, ele acabou sendo desconvidado pela Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC). Horas depois, a editora Simon & Schuster e a sua marca editorial Threshold Editions anunciaram que desistiram de publicar o seu livro.
"Continuamos achando que a CPAC é um fórum construtivo para as controvérsias e os desacordos entre conservadores, mas não há desacordo entre nossos participantes sobre os males do abuso sexual de crianças", afirmou Matt Schlapp, presidente da união conservadora ACU, que organiza a conferência.
Yiannopoulos se defendeu em sua conta no Facebook com uma mensagem na qual assegura que não apoia a pedofilia, que descreveu como "um crime asqueroso e vil, talvez o pior". Ele disse também que as imagens foram editadas de propósito para prejudicá-lo.
Depois, em outra mensagem, desculpou-se e admitiu que, em parte, a situação é culpa sua porque suas próprias experiências como vítima lhe levaram a pensar que "poderia dizer o que quisesse sobre esse assunto, sem se importar se seria ofensivo. "
Além do presidente Donald Trump, o vice-presidente Mike Pence, o chefe de gabinete, Rience Priebus, e Bannon participarão da conferência conservadora, além do senador pelo Texas Ted Cruz e do governador de Wisconsin, Scott Walker.
AS/efe/lusa/ap/rtr
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Os decretos de Donald Trump
Forma rápida de cumprir promessas eleitorais
Com menos de duas semanas na presidência, Donald Trump emitiu 17 medidas executivas. Embora este número em si não seja significativo – no mesmo período Barack Obama assinou praticamente o mesmo número de ordens – o conteúdo dos decretos de Trump é. Parece que o novo presidente dos EUA quer implementar muitas de suas promessas de campanha – incluindo as controversas - o mais rápido possível.
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Os decretos de Donald Trump
O que são ordens executivas e memorandos?
As ações executivas (EA) permitem que o presidente dos EUA dê ordens que não precisam de aprovação do Congresso a agências governamentais, contornando o processo legislativo e acelerando sua implementação. Ordens executivas são uma forma mais abrangente de EA que muitas vezes lidam com diretrizes organizacionais maiores, enquanto memorandos presidenciais ordenam agências específicas a fazer algo.
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Os decretos de Donald Trump
Enfraquecer Obamacare (ordem executiva)
A primeira ordem executiva assinada por Trump foi uma para retardar partes do Affordable Care Act (Obamacare) para "minimizar encargos regulatórios". Enquanto Trump sozinho não pode revogar a legislação instituída por Obama, ele pode minar a implementação do programa de saúde enquanto a maioria republicana no Congresso se prepara para revogá-lo.
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Os decretos de Donald Trump
Retirar subsídio para aborto (memorando)
Trump reinstituiu uma política que impede o financiamento federal para ONGs que fornecem aconselhamento sobre aborto e defendem o direito ao aborto. Essa diretriz tem uma longa história: foi inicialmente instaurada pelo republicano Ronald Reagan, rescindida pelo democrata Bill Clinton, reinstituída pelo republicano George W. Bush, antes de ser reativada pelo democrata Barack Obama.
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Os decretos de Donald Trump
Deportação de imigrantes (ordem executiva)
Trump ordenou que os agentes de imigração expandissem o escopo das deportações. Ele visa retirar concessões federais das chamadas cidades-santuário (onde imigrantes sem documentos não são processados) e que imigrantes suspeitos de um crime sejam detidos, mesmo sem acusação. Trump pretende contratar 10 mil novos agentes e publicar um relatório sobre crimes cometidos por imigrantes sem documentação.
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Os decretos de Donald Trump
Construir o muro (ordem executiva)
Numa ordem executiva assinada em 25 de janeiro, Trump solicitou "a construção imediata de um muro físico", a fim de proteger a fronteira entre México e EUA. Ele também se referiu aos imigrantes sem documentos como "deportáveis", dizendo que o Poder Executivo deve "acabar com o abuso das disposições de liberdade condicional e refúgio usadas para impedir a remoção legal de estrangeiros deportáveis."
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Os decretos de Donald Trump
Veto a muçulmanos (ordem executiva)
Trump assinou este controverso decreto em 27 de janeiro. Ele proibiu pessoas de sete países de maioria muçulmana de entrar nos EUA por três meses, suspendeu indefinidamente o programa de refugiados sírios e suspendeu a admissão de refugiados por 120 dias. Protestos contra a ordem estouraram em todo o país e até mesmo os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham criticaram a medida.
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Os decretos de Donald Trump
EUA deixam TPP (memorando)
Não foi nenhuma surpresa Donald Trump ter abandonado a Parceria Transpacífico (TPP). Durante a campanha, ele criticou frequentemente o TPP e a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), afirmando que outros países se beneficiaram desses acordos comerciais, em detrimento dos EUA. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump prefere lidar individualmente com os países.
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Os decretos de Donald Trump
Sinal verde para oleodutos (memorando)
Três memorandos diferentes – um sobre a construção do oleoduto Dakota Access, outro sobre a continuação da construção do oleoduto Keystone e uma terceira ordem sobre o uso de materiais americanos nas obras – foram emitidos no quarto dia de Trump no governo. Obama tinha negado licenças para ambos os oleodutos após protestos em massa de ambientalistas, que temem o impacto de eventuais vazamentos.
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Os decretos de Donald Trump
Expandir as Forças Armadas (memorando)
Trump cumpriu sua promessa eleitoral de investir num Exército maior ao assinar na sua primeira semana no cargo um memorando que pede mais tropas, navios de guerra e um arsenal nuclear modernizado. Quatro dias antes ele ordenou congelar a contratação de civis em agências federais por até 90 dias, para que seu governo possa desenvolver um plano de longo prazo para encolher a força de trabalho.
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Os decretos de Donald Trump
Steve Bannon no NSC (memorando)
Trump ordenou uma revisão do Conselho de Segurança Nacional (NSC) para elevar o papel de Stephen Bannon. Trump retirou vários membros do painel responsável por tomar decisões de política externa, enquanto seu estrategista-chefe – conhecido por opiniões de extrema direita – servirá no comitê geralmente preenchido por generais. Isso rompe com a norma de longa data de não nomear políticos para o NSC.
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Os decretos de Donald Trump
Desregulamentações (executiva e memorando)
Trump quer que agências federais eliminem ao menos duas normas para cada nova regulamentação e ordenou o congelamento de regulamentações federais, até que um chefe de departamento designado por ele possa revisá-las. Ele também pediu pela rápida aprovação de "projetos de infraestrutura de alta prioridade". Na campanha, Trump disse que o "excesso de regulamentações" feriu o comércio americano.
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Os decretos de Donald Trump
Precedente presidencial
Obama emitiu um total de 277 ordens executivas – uma média de quase três por mês e um pouco menos do que seu antecessor, George W. Bush (291). Obama assinou 644 memorando presidenciais para contornar imposições no Congresso – um precedente do qual Trump aparenta estar tirando proveito, embora a maioria em ambas as Casas do Congresso seja republicana.
Autoria: Rebecca Staudenmaier, Mara Bierbach