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Final sofrido

19 de dezembro de 2009

Consenso negociado entre os principais países industrializados e emergentes é bloqueado por nações menores. Por falta de unanimidade, Acordo de Copenhague ganha caráter não vinculativo.

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Conferência na Dinamarca terminou neste sábadoFoto: AP

A Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15) decidiu neste sábado (19/12) apenas "tomar conhecimento" da declaração política preparada pelas 25 maiores nações industrializadas em Copenhague.

O texto do chamado Acordo de Copenhague praticamente não considera as sugestões para frear o aquecimento global, apresentadas nos relatórios da ONU sobre o clima. Sem citar prazos concretos para a redução das emissões de CO2, ele prevê apenas o aumento máximo de 2ºC da temperatura média no planeta.

Obama polariza

Foi o comportamento do presidente norte-americano, Barack Obama, que irritou os outros países e desencadeou o caos: após conversar com o representante chinês, Obama fez uma declaração na qual apontava como mérito seu o consenso encontrado no texto do documento final da cúpula.

Só que até este momento as demais delegações da conferência na capital dinamarquesa ainda não haviam tido oportunidade de aprovar o texto em questão. O fato foi extremamente mal recebido por muitos países.

O porta-voz do grupo de países em desenvolvimento, Lumumba Stanislas Dia-Ping, do Sudão, atacou Obama diretamente: "Deixe-me dizer claramente; da forma como Obama se portou aqui, ele prosseguiu com a tradição e a era do presidente Bush".

A vingança dos pequenos

O debate na última noite em Copenhague foi a vingança dos países menores, que desde sempre se sentiram traídos pelos Estados Unidos. Às 3 horas da madrugada deste sábado, Tuvalu ameaçou fazer fracassar a conferência por completo. Ian Fry, representante da pequena ilha ameaçada de ser inundada pelo Oceano Pacífico, rejeitou o acordo mínimo negociado a duras penas pelas 25 principais nações industrializadas.

Flash-Galerie UN-Klimakonferenz in Kopenhagen
Longas e difíceis negociações entre os principais líderes mundiaisFoto: AP

Algumas nações latino-americanas aderiram ao boicote. A representante da Venezuela, Claudia Salerno Caldera, mostrou a palma da mão tingida de vermelho. Ela disse ter se cortado para chamar a atenção às exigências de seu país, pois a Venezuela não teria sido convidada a participar das negociações a portas fechadas lideradas pelos Estados Unidos.

"Fomos pacientes, fomos diplomáticos, fomos discretos. Mas neste momento queremos saber se haverá neste país um golpe contra a Carta da ONU na presença do secretário-geral das Nações Unidas", disse Salerno Caldera.

Também a Bolívia, a Nicarágua e Cuba rejeitaram o texto. Para que pudesse se transformar em acordo da ONU, ele deveria ser aprovado por unanimidade. Para evitar o fracasso total, o presidente da conferência anunciou a opção de "tomar conhecimento" do acordo, em vez de aprová-lo formalmente.

Decisões adiadas para 2010 no México

Basicamente todas as decisões importantes, entre as quais as metas de redução de emissões globais, foram adiadas para a próxima reunião das partes da Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas, no final de 2010, no México.

Os países industrializados se comprometem no documento a ajudar na proteção ambiental dos países em desenvolvimento. Para isso, serão destinados 30 bilhões de dólares de 2010 a 2012. Depois disso, a soma será aumentada gradativamente, até atingir 100 bilhões de dólares anuais em 2020.

RW/dw/lusa/epd/ap
Revisão: Augusto Valente