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Brasil vive maior colapso sanitário de sua história

17 de março de 2021

Especialistas da Fiocruz apontam crise hospitalar sem precedentes no país e, para evitar catástrofe maior, fazem apelo pela adoção urgente de medidas de restrição.

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Hospital de campanha em São Paulo
O boletim da Fiocruz mostra que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI no SUS iguais ou superiores a 80%Foto: Alexandre Schneider/Getty Images

Com recorde diários de mortes e infecções por coronavírus, o Brasil vive não só o momento mais grave da pandemia como também o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história. A conclusão é de um boletim extraordinário divulgado na noite de terça-feira (16/03) por pesquisadores da Fiocruz.

Segundo o instituto, referência em estudos de ciência e tecnologia em saúde na América Latina, para evitar uma catástrofe ainda maior é necessária a adoção urgente de ações de prevenção e controle.

"Os indicadores apontam uma situação extremamente crítica em todo país. Na visão dos pesquisadores que realizam [a análise], trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil", diz o comunicado da Fiocruz.

Para os pesquisadores, é necessário maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. Eles enfatizam a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.   

O Brasil registrou na terça-feira um novo recorde de mortes diárias por covid-19 desde o começo da pandemia. Em apenas 24 horas, foram oficialmente 2.841 óbitos ligados à doença, segundo dados do Ministério da Saúde.

Com isso, o total de mortes no país associadas à doença chega a 282.127. Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.

Colapso

O boletim da Fiocruz  mostra que, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI destinados à covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%. Destes, 15 apresentam taxas iguais ou superiores a 90%. Das capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou maiores que 80%, 19 delas acima de 90%. 

"Como nos boletins anteriores, chamamos a atenção para o fato de a situação da pandemia por covid-19 ser gravíssima. Um conjunto de indicadores, incluindo as médias móveis de casos e de óbitos e as taxas de ocupação de leitos UTI-Covid-19 para adultos, apontam para situação extremamente crítica ou mesmo colapso, em todo o país", afirmam os pesquisadores.

Os especialistas da Fiocruz citam como exemplo positivo de combate à nova onda de covid-19 o município de Araraquara, em São Paulo. A cidade, segundo o boletim, mostrou como as medidas de restrição de atividades não essenciais evitaram o colapso ou o prolongamento da situação crítica nos serviços e sistemas de saúde. "Araraquara conseguiu reduzir a transmissão de casos e óbitos, protegendo a vida e saúde da população", afirma o estudo.

"Neste contexto de crise e catástrofe, a necessidade de adoção rigorosa de ações de prevenção e controle continua se impondo, em um cenário em que o descontrole da pandemia parece se alastrar", dizem os pesquisadores. "O bloqueio ou lockdown é uma estratégia a ser considerada em situações mais críticas."

rpr/ek (ots)