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Big Brother da fome

(sv)2 de dezembro de 2003

Produtora russa cria novo formato para o "reality show": candidatos vivem em casa confortável no exterior, mas sem dinheiro e comida. O instinto de sobrevivência é transformado em espetáculo para as massas.

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Produtor russo em Berlim: "candidatos famintos, mas saudáveis"Foto: dpa

O grande "trunfo" dos organizadores é simples: os candidatos do show, que já se tornou conhecido em todo o mundo, sendo executado nas mais diversas modalidades, são enviados a um país estrangeiro, onde recebem quase tudo. Exceto alimentos.

A condição básica é que os 12 candidatos (seis homens e seis mulheres), entre os 20 e 28 anos, apresentem condições excelentes de saúde. O prêmio por passar fome durante cem dias - e isso apenas em termos - é uma pensão mensal vitalícia no valor de mil dólares.

Excursões à selva de pedra em busca de comida

Na realidade, a coisa parece mais grave do que realmente é. Os candidatos recebem todas as manhãs uma bebida com vitaminas, com o nada parco teor de duas mil calorias. Além disso, para situações de emergência, há na casa onde os candidatos estão vivendo uns bons quilos de batatas, macarrão e manteiga. Isso, bem ou mal, segundo os organizadores, garante a sobrevivência básica.

O que os participantes estão também aptos a fazer é sair - dois a cada dia - pelas ruas de Berlim, onde chegaram sem saber para onde tinham ido. Nas caminhadas pela cidade, podem tentar conseguir doações de alimentos, mendigar ou optar por quaisquer soluções criativas que lhes venham à cabeça. Tudo isso registrado por duas câmeras, que acompanham todos os passos dos envolvidos.

O grande obstáculo é definitivamente a língua, pois nenhum dos participantes domina o idioma alemão. Logo, em suas andanças pela capital alemã, se envolvem em situações curiosas, mendigando em portas de restaurantes, buscando trabalho ou até mesmo se envolvendo na prostituição. E exatamente esses problemas servem de recheio para o espetáculo na TV.

Instintos criminosos para sobreviver?

O medo de que os candidatos pudessem vir a roubar comida na capital alemã não é justificável, segundo o diretor do canal de televisão TNT, Roman Petrenko, que emite o show Golod (literalmente fome). De acordo com Petrenko, "todos assumiram o compromisso de respeitar as leis do país". Além disso, há a presença das duas câmeras registrando todos os passos dos candidatos.

Outro dado curioso é que os participantes do BB, na pior das hipóteses, podem comprar alimentos dentro da casa onde estão confinados. Os preços absolutamente exorbitantes - como por exemplo três mil dólares por uma barra de chocolate - fazem com que a hipótese seja descartada de início.

Na Rússia, o Big Brother da fome, encenado em Berlim - cidade que para os russos é símbolo de bem estar social e riqueza - tem atraído extremo interesse. Outras modalidades de reality show já haviam sido levadas ao ar no país, como um concurso musical cujos candidatos eram criminosos, que participaram da disputa da prisão. Em suma, tudo vale a pena para promover o espetáculo. Principalmente quando este se torna um sucesso de público e dá lucros para seus organizadores.