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Berlim é local ideal para autônomos iniciarem negócios

17 de fevereiro de 2013

Capital alemã é um imã para criativos com ideias empreendedoras. São numerosos os autônomos estrangeiros, inclusive brasileiros, nos mais variados setores comerciais. E, em geral, o investimento e o risco compensam.

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Foto: Fotolia/euregiophoto

A grande quantidade de pequenas lojas chama a atenção de quem passeia pelas ruas do centro de Berlim. E as estatísticas comprovam que é significativo o número de profissionais autônomos na capital alemã.

"Berlim possui o maior número de autônomos da Alemanha, com uma taxa de 16%", conta Alexander Kritikos, diretor de pesquisa do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW, na sigla em alemão) da Deutsche Welle. Segundo ele, é possível perceber o aumento do impulso empreendedor no país inteiro, especialmente na região leste e, portanto, em Berlim.

Em 2009, havia 870 mil autônomos no Leste, quase o dobro de 1991. A Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK)apontou um aumento das iniciativas de fundar empresas próprias entre jovens com menos de 30 anos. Uma entre cada cinco novas firmas é no setor do comércio.

Transformar ideias em realidade

A designer de moda Lucrecia Lovera conheceu a metrópole alemã em 2005 e se apaixonou por ela. "Berlim é viva, está em transformação e aberta às inovações. Eu senti uma energia para concretizar meus sonhos", comenta a argentina.

Lucrecia Lovera Berlin
Designer de moda argentina Lucrecia Lovera se inspira na cidade para criar suas coleçõesFoto: Lucrecia Lovera

Hoje, depois de três anos e meio na capital, Lovera tem um ateliê onde vende e apresenta sua coleção de moda. O estilo de suas criações mistura urbanidade e artesanato. "As coleções são muito bem recebidas pelo público, e o ateliê tem sido uma experiência excelente para investir mais fortemente em uma loja, em 2013", relata a designer.

Móveis antigos com toque latino

Próximo ao ateliê de Lovera, está localizada a loja de Christopher von Kretschmann e Mariane Schwaderer,Little Pop Machine. Os dois chilenos vivem há mais de cinco anos na capital, e vendem móveis antigos personalizados. Eles dão um toque individual, artístico e humorístico às peças por meio de desenhos, colagens e motivos impressos.

"Foi um caminho longo, mas agora nosso negócio está indo super bem", relata Kretschmann. Berlim é a maior fonte de inspiração para os dois. No momento, eles não conseguem se imaginar vivendo ou trabalhando em outra cidade.

Segundo o jornal Tagesspiegel, os habitantes em Berlim possuem, em média, 18.220 euros por ano para consumo, aluguel e outras despesas de manutenção. Já em Munique, esse valor é bem superior, 28.247 euros.

"Berlim pode não ser a melhor cidade para a venda, mas, estando aqui, podemos vender para outras cidades da Alemanha e é o que estamos fazendo", relata o arquiteto chileno. A nova ideia da dupla é ter sua própria feira de design. A primeira aconteceu em dezembro de 2012. "Queríamos nos integrar mais ao nosso bairro e conseguimos isso bem, com a nossa feira", explica Kretschmann.

Little Pop Machine Laden Berlin
Chilenos Christopher von Kretschmann e Mariane Schwaderer são donos da Little Pop MachineFoto: Christopher von Kretschmann

Livros com ponte

Outra forma de integração é o negócio da Margarita Ruby, teuto-espanhola que vive em Berlim desde os 15 anos de idade. Em 2005, ela abriu no bairro de Kreuzberg a livraria La Rayuela. Seus clientes são hispanófonos e interessados na cultura hispânica.

Apesar de não ter sido sempre fácil, Ruby está convencida de que numa outra cidade do país teria sido muito maior a dificuldade de montar uma livraria e, ao mesmo tempo, ter filhos. "Berlim é uma cidade que está na moda, atrai muita gente. E ter seu próprio negócio dá à pessoa a liberdade de decidir quando é importante estar perto dos filhos ou da loja. E esta, na verdade, é como a minha primeira filha", brinca a espanhola.

Berlim tem de tudo

Rebecca Lina também é mãe de "dois" filhos: Laéna e a Elfenkind, sua linha de moda infantil criada em 2009, um ano após o nascimento da filha. A atriz de Guadalupe costurava roupas para ela e Laéna, e percebeu que as peças chamavam muita atenção nas ruas berlinenses. Assim, decidiu vendê-las pela internet.

Margarita Ruvby Buchladen Berlin
Margarita Ruby vende livros hispânicos em BerlimFoto: DW/C. Machhaus

Agora, já com a filha mais crescida, ela abriu a lojaElfenkind. "Berlim sempre me inspira. Também é a capital da moda, e estar ao lado de marcas berlinenses tão importantes como a Lala Berlinme ajuda e inspira diariamente", diz Lina.

Lugar também para brasileiros

O pernambucano Carlos Frevo mora há nove anos em Berlim. Ele era professor de danças do nordeste numa escola de dança da capital. Há nove meses ele e a esposa assumiram a escola Dança Frevo. "Os negócios estão indo bem, estamos expandido bastante", conta Frevo à DW Brasil.

Sua escola é a primeira na Europa especializada em danças do nordeste brasileiro. Carlos Frevo promove também eventos para divulgar na cidade a cultura do Brasil. Para março, ele está organizando o primeiro festival de forró de Berlim.

Autonomia vale a pena

"Muitos autônomos conseguem melhorar sua renda", relata o especialista Alexander Kritikos, do DIW. Dentre os que abrem o seu próprio negócio na Alemanha, 38% alcançam, num prazo de três anos, uma renda maior do que quando eram empregados. Em apenas 17% dos casos ela diminui.

Rebecca Lina Elfenkind-Atelier in Berlin
Rebecca Lina abriu a loja de roupas infantis ElfenkindFoto: DW/C. Machhaus

Além disso, um estudo da DIW de 2012 revelou que a porcentagem de pequenos assalariados no país é bem mais reduzida entre os autônomos. Assim, em 2010, 35% dos trabalhadores contratados ganhavam menos de 1.100 euros por mês, enquanto entre os autônomos essa taxa era apenas de 27%.

"Existem autônomos de baixa renda, mas isso não é consequência da decisão da abertura do próprio negócio. O problema está relacionado com certos setores, ou com uma baixa formação profissional", explica Kritikos.

Autoras: Carolina Machhaus / Clarissa Neher
Revisão: Augusto Valente