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Bento 16

8 de maio de 2009

Reabilitação de um bispo acusado de negar o Holocausto e planos do Vaticano de beatificar o papa Pio 12 estremeceram relações entre católicos e judeus. Viagem é esperada com ansiedade no Oriente Médio.

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Bandeira do Vaticano próxima a Nazaré, em IsraelFoto: AP

Nesta sexta-feira (08/05), o papa Bento 16 inicia em Amã, capital da Jordânia, uma viagem de oito dias ao Oriente Médio. Na próxima segunda-feira, ele seguirá viagem para Israel e, na quarta-feira, visitará os territórios palestinos.

Apesar de o Papa apresentar a viagem como sendo uma peregrinação aos locais sagrados do cristianismo, a visita é esperada com ansiedade por judeus e muçulmanos. Por esse motivo, especialistas consideram a viagem do Papa ao Oriente Médio como os oito dias mais importantes de seu pontificado.

Em entrevista à emissora alemã WDR, Francis-Assisi Chulikat, núncio apostólico na Jordânia, afirmou que Bento 16 recebeu um convite direto do rei Abdullah 2°. "Ele é um convidado oficial do rei e, por esse motivo, mais do que bem-vindo, apesar de algumas vozes dissidentes."

Para o bispo Salim Sayegh, vigário patriarcal católico-romano na Jordânia, a visita do papa fortalece, por um lado, o elo entre muçulmanos e cristãos e, por outro, os laços entre a Igreja e o Estado da Jordânia.

Fortalecimento de cristãos no Oriente Médio

Na missa a ser realizada no estádio de Amã, no próximo domingo, estão sendo esperados, além de católicos da Síria e do Líbano, também migrantes cristãos do Iraque, das Filipinas e do Sri Lanka.

As dificuldades econômicas e a falta de apoio fizeram diminuir consideravelmente o número de cristãos na Jordânia, em Israel e nos territórios palestinos. Para o bispo Sayegh e outras lideranças religiosas da região, o objetivo da viagem papal, do ponto de vista da Igreja, seria a reversão dessa tendência. "A viagem ajudará a dizer aos cristãos 'fiquem onde estão', 'fiquem no seu país', vocês têm a missão de viver aqui com seus amigos, com o povo muçulmano", afirmou Sayegh à emissora WDR.

O arcebispo Robert Zollitsch, presidente da Conferência dos Bispos Alemães, é da mesma opinião. Para Zollitsch, a visita do Papa fortalecerá os cristãos no Oriente Médio. Ainda persiste o êxodo de cristãos da região, afirmou o arcebispo, que acompanhará o papa Bento 16 em sua viagem ao Oriente Médio.

Convidado de honra em Israel

Palästinenser Israel Vatikan vor Papst Besuch Plakat in Bethlehem
Painel saúda o Papa em Belém, na CisjordâniaFoto: AP

Em Israel, onde a partir da próxima segunda-feira 80 mil policiais estarão em ação para garantir a segurança do Papa, estão planejados encontros com representantes do governo, uma visita ao memorial do Holocausto, Yad Vashem, e a locais cristãos, judeus e muçulmanos. Também estão planejadas visitas de Bento 16 a Nazaré e a Belém, na Cisjordânia.

O presidente israelense, Shimon Peres, declarou no último domingo que Bento 16 será um "convidado de honra" para todos os israelenses. "Eu estou muito contente que o Papa tenha aceitado meu convite", afirmou Peres.

"Chama da Lembrança"

A rixa entre católicos e judeus em torno da liturgia da Sexta-feira Santa que pede a conversão dos judeus, a reabilitação do bispo Richard Williamson (acusado de negar o Holocausto) e os planos de beatificação do papa Pio 12 prejudicaram a relação entre católicos e judeus.

Em seu primeiro dia de visita a Israel, Bento 16 visitará o Yad Vashem, mas deixará de fora o museu do memorial, onde um painel critica veementemente Pio 12, acusando-o de calar diante da perseguição aos judeus pelos nazistas.

Para o arcebispo Zollitsch, o fato de Bento 16 não ir ao Museu Yad Vashem não significa uma solução diplomática para o problema. O papa João Paulo 2° também não visitou o museu. Para o arcebispo, o importante é que Bento 16 estará no Yad Vashem, para acender a "Chama da Lembrança" em memória das vítimas do Holocausto e para lembrar, em seu discurso, que o Holocausto não deve ser negado por ninguém, em nenhum momento.

Esta é a terceira viagem de um papa a Israel e aos territórios palestinos. Paulo 6° visitou a Terra Santa em janeiro de 1964 e João Paulo 2°, em março de 2000.

CA/kna/epd/dpa/dw
Revisão: Alexandre Schossler