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Baixa natalidade não é destino inevitável

Rolf Wenkel (rr)16 de março de 2006

Alemanha possui menor índice de natalidade do mundo. Segundo estatística, cada mulher dá à luz apenas 1,36 filho, sendo que 2,1 seriam necessários para manter a estabilidade da população.

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Aprender com os vizinhos europeus pode ajudarFoto: dpa

É estranho: temos instrumentos de medição precisos, capazes de comprovar a existência de um cubo de açúcar no Lago de Constança. Criamos supercomputadores que calculam a aparência do planeta Terra em um par de décadas, se nada fizermos para conter a emissão de gases poluentes. Mas o que aconteceu – ou deixou de acontecer – em nossas maternidades nos últimos 30, 40 anos, disso ninguém quer saber. Tal fato nos teria pego de surpresa. Isso é um disparate.

A Alemanha se irrita devido às mais baixas taxas de natalidade desde a Segunda Guerra Mundial. Especialistas em Estatística e políticos têm conhecimento disso há muito tempo. Só que os primeiros, ninguém escuta. E os outros pensam apenas em termos de mandatos, não de gerações.

Como geleiras ou dunas

Evoluções demográficas podem ser comparadas a geleiras. Ou a uma duna movediça. Não se vê movimento algum. Mas há movimento. Podemos permanecer sentados diante delas sem fazer nada. Mas se lá sentarmos por 30 anos, acabaremos com pés gelados – ou sufocados.

O alarme foi acionado e agora começa a busca pelos culpados. Será o movimento hippie e a geração de 68, que, com a pílula anticoncepcional, entregou-se ao prazer sem remorsos e declarou o casamento um modelo pré-fascista em vias de extinção? Isso também é um disparate. Pois a maioria deles casou e teve filhos – só que muito poucos filhos. E estes fazem hoje falta como pais.

O casamento não é um modelo em vias de extinção e continua sendo o projeto de vida mais almejado pela juventude, assim como continua intacto o desejo de ter filhos. O problema é que entre esse desejo e sua realização há lacunas – e aí estão as causas do problema.

Aprender com os vizinhos

Neste caso, vale a pena olhar para o lado. Primeiro, para o Leste Europeu: um alto índice de desemprego e perspectivas profissionais desoladoras impedem os jovens de formar uma família em tempos de incerteza.

Tanto a ex-Alemanha Oriental quanto seus vizinhos do Leste possuem baixos índices de natalidade. Uma bem-sucedida política econômica e de trabalho aumentaria a confiança no futuro e já seria um começo para reverter essa tendência.

Também ajudaria observar o norte e o oeste, a França, a Suécia ou a Dinamarca. Nestes países há uma assistência real à criança, que não deixa os pais empobrecerem. Lá existem escolas de período integral e os pais podem seguir suas profissões, sem consciência pesada em relação aos filhos.

Verbas para destinos certos

Lá é menor o período de formação profissional e os jovens entram mais cedo no mercado de trabalho, o que prolonga o tempo para que se possa planejar uma família e ter filhos. Lá o Estado investe a mesma quantia financeira que a Alemanha no apoio à família. Mas o faz de forma objetiva, durante o período de formação familiar. Não como na Alemanha: distribuindo esmolas a esmo, que são automaticamente usadas para pagar uma vaga no jardim-de-infância.

De nada adianta observar a geleira, mas sim observar os vizinhos. Afinal, eles possuem índices de natalidade significativamente maiores que na Alemanha. Precisamos observá-los atentamente – e também estar dispostos a aprender com eles. Mas, mesmo que o fizéssemos imediatamente, os primeiros resultados só seriam visíveis em 10, 20, 30 anos. Com geleiras e dunas é assim. Eles se movem vagarosamente. Mas ninguém pode detê-los.