1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
EsporteAustrália

Austrália exige que Djokovic ateste isenção de vacina

5 de janeiro de 2022

Cético da imunização contra covid-19, tenista diz ter obtido isenção e que vai disputar torneio no país. Premiê afirma que atleta tem que comprovar impedimento para desembarcar no país.

https://p.dw.com/p/45AKF
Novak Djokovic jogando tênis
Tenista número 1 do mundo tem posições controversas sobre à pandemia de coronavírusFoto: Kirsty Wigglesworth/AP Photo/picture alliance

O tenista Novak Djokovic precisa provar que tem um atestado médico genuíno de isenção da vacinação contra covid-19 quando chegar à Austrália ou será colocado "no próximo avião para casa". A afirmação foi feita pelo primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, nesta quarta-feira (05/01).

O primeiro torneio do Grand Slam da nova temporada começa em 17 de janeiro em Melbourne, e apenas jogadores que são vacinados contra o coronavírus ou têm uma licença médica especial estão autorizados a participar.

Nesta terça-feira, o tenista número 1 do mundo, de 34 anos, anunciou que recebeu uma isenção para jogar o Aberto da Austrália, em Melbourne, e afirmou que está indo para o país, para defender seu título no torneio.

Até agora, o atleta, que ganhou nove vezes o Aberto da Austrália, se recusou a divulgar seu status de vacinação. Junto com Roger Federer e Rafael Nadal, o sérvio detém o recorde de 20 conquistas em torneios de Grand Slam. Caso vença em Melbourne, Djokovic chegará a 21 vitórias, superando seus adversários.

"Sem privilégio"

A federação de tênis australiana Tennis Australia e o governo do estado de Victoria, onde fica Melbourne, disseram que Djokovic foi apenas um de um "punhado" de candidatos bem-sucedidos entre as 26 pessoas que tentaram a isenção de vacinação, e que ele não recebeu nenhum tratamento especial no processo de inscrição anônima.

Mas o premiê australiano disse que Djokovic terá que apresentar provas de que não pode se vacinar contra a covid-19. "Se essa evidência for insuficiente, ele não será tratado de forma diferente de ninguém e estará no próximo avião para casa. Não deve haver regras especiais para Novak Djokovic. Nenhuma, de jeito algum", ressaltou Morrison.

O governo federal, responsável pelas fronteiras internacionais e pelos vistos, não participou do processo de isenção.

Morrison disse ainda que houve várias isenções concedidas a pessoas que puderam apresentar evidências para apoiar o pedido. "Portanto, as circunstâncias não são únicas, a questão é se ele tem evidências suficientes para provar que tem condições que justifiquem essa exceção", disse o chefe de governo.

Controvérsia

A decisão de conceder a Djokovic uma isenção de comprovante de vacina no torneio gerou fortes críticas na Austrália, onde mais de 90% das pessoas com mais de 16 anos receberam duas doses de vacina contra a covid-19.

A jornalista Samantha Lewis escreveu no Twitter que é "uma obrigação patriótica" de todos os torcedores vaiar Djokovic durante todo o tempo em que ele estiver no país.

Melbourne teve o lockdown mais longo do mundo para conter o coronavírus, e um surto da nova variante ômicron levou os números de casos a níveis recordes.

"Acho que muitas pessoas na comunidade de Victoria acharão isso decepcionante", ressaltou a secretária interina do Esporte, Jaala Pulford, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, após a notícia da isenção de Djokovic. "Mas o processo é o processo; ninguém teve um tratamento especial. O processo é incrivelmente robusto", assegurou.

O diretor do Aberto da Austrália, Craig Tiley, disse que o processo de inscrição de duas etapas foi realizado de forma confidencial e conduzido por especialistas independentes.

Ele afirmou que todas as solicitações foram avaliadas para garantir que quaisquer isenções atendessem às condições estabelecidas pelo Grupo Consultivo Técnico Australiano sobre Imunização (ATAGI), entidade que assessora o Ministério da Saúde australiano sobre assuntos de imunização.

Tiley disse que essas razões incluem resposta adversa anterior a vacinas, cirurgia grave recente ou miocardite ou evidência certificada de infecção por covid-19 nos seis meses anteriores.

Ceticismo sobre pandemia e vacina

Djokovic havia dito antes que não tinha certeza se iria competir no torneio devido a preocupações com as regras de quarentena da Austrália.

"Nós entendemos completamente e temos empatia com as pessoas que estão chateadas com o fato de Novak vir, por causa de suas declarações nos últimos dois anos sobre a vacinação", disse Tiley a repórteres. "No entanto, em última análise, cabe a ele discutir com o público sua condição, se ele decidir fazer isso, e as razões pelas quais ele recebeu a isenção."

Desde o começo da pandemia da covid-19, o sérvio tem se mostrado cético sobre os riscos da doença e em relação à vacinação.

Em junho de 2020, ainda na primeira onda de covid-19 na Europa, o tenista ajudou a organizar um torneio exibição na Sérvia e na Croácia que provocou controvérsia por não incluir regras de distanciamento social ou uso obrigatório de máscaras. Ás vésperas de terminar, o evento foi suspenso por conta de um surto de casos de covid entre torcedores, treinadores e jogadores. Pouco depois, Djokovic e sua mulher também testaram positivo para o coronavírus.

md/lf (Reuters, DPA)