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AS DECLARAÇÕES DO PAPA

23 de setembro de 2006

A controvérsia gerada pelas declarações do Papa Bento 16 foram tema dos comentários de nossos leitores esta semana. Vale a pena ler!

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Papa Bento 16 durante a missa em AltöttingFoto: AP

O papa poderia ter condenado os atentados sem mencionar a religião de Maomé, pois os muçulmanos que são radicais iriam se sentir como se sentiram, atacados. Tudo para eles é motivo para fazer atentados e agora a vida do Papa com certeza estará em perigo. Num momento como o atual, o melhor é não dizer o que se pensa. Ainda mais porque os muçulmanos estão com raiva dos ocidentais. Não sou contra ninguém e nem contra nenhuma religião. Eu sou contra só a violência que elas provocam, porque as palavras são sempre mal interpretadas, ou melhor, interpretadas para uma determinada finalidade!
Julia Rosa Bruno Madeir

O papa nada falou de errado. Numa palestra acadêmica citou um fato incontestável, como exemplo, que frisou muito bem que ele não compartilhava semelhante ponto de vista, no caso do imperador bizantino. Penso que parte da mídia foi responsável pela polêmica, ao divulgar um texto isolado fora do contexto. Como se explica que um discurso de tal nível, que passou despercebido inclusive nos noticiários do Ocidente, possa ter sido ouvido e entendido de maneira tão grotesca por uma multidão no mundo islâmico? Houve aí uma deliberada intenção de provocar um incêndio. No caso das charges, a imprensa mundial se indignou e, ainda que se pudesse questionar sobre o gosto das ditas charges, foi unânime na defesa da "liberdade de expressão", se solidarizou com o autor das sátiras e até as reproduziu. Neste caso, fico surpreso com o silêncio da mídia em geral, como também dos políticos (Angela Merkel foi uma das exceções), que se omitiram em esclarecer e divulgar o verdadeiro texto do discurso. Sinto que o Ocidente tornou-se refém de um grupo de fanáticos e terroristas que manipulam populações inteiras para seus objetivos inconfessáveis. Até quando vamos viver neste mundo de mentiras?
Fernando A. Batista de Almeida

Sou a favor do papa pelo seguinte motivo: ele não quis absolutamente ofender a religião islâmica e muito menos criar uma polêmica como essa. No discurso de Bento 16 havia uma parte histórica e não uma opinião pessoal dele. Alguns podem contestar isso, mas na verdade a Igreja sempre quis um diálogo harmonioso com qualquer religião e principalmente com a islâmica. O islamismo, como a nossa religião, é monoteista e temos muito respeito por essa religião. A igreja sempre quis levar a mensagem do Evangelho a todo mundo, sempre respeitado e promovendo o diálogo com as outras religiões.
João Carlos Vicencia

O Papa relembrou uma verdade. O mundo muçulmano ficou intrigado, porque a carapuça serviu.
Alfieri Freiberger

O papa Bento 16 poderia ter citado ações e atitudes violentas da própria Igreja Católica, que também, em nome de Deus, levou a espada a todo canto do mundo antigo e medieval, pregando a fé cristã e derramando sangue. Sem falar nas Inquisições, na ação concebida pela Igreja Católica dos países colonizadores, na época das grandes navegações, que dizimaram e converteram à força populações nativas americanas. Ratzinger esqueceu que é líder da Igreja Católica.
Felipe de Souza Araújo

O Papa não deve desculpar-se pois o que ele disse é verdade, e se a verdade ferir alguém, esse alguém deve se perguntar sobre seus próprios erros!
Herbert Douteil

Acho inadmissível o que a mídia vem fazendo, distorcendo tudo o que o papa Bento 16 falou. Todos nós sabemos o quanto a Igreja Católica vem conclamando todos os povos ao respeito e conhecimento mútuos. Não se esqueçam que, se não fosse a Igreja, provavelmente hoje, o Ocidente teria outra conformação política-econômica-cultural. Além disso, a verdade deve ser dita, ainda que nem todos estejam dispostos a ouví-la.
Wildston


Acredito que ao citar trechos de uma conversa que aconteceu em tempos tão distantes não foi sua intenção gerar conflitos entre cristãos e o povo islâmico, pois é justamente o contrário que o papa Bento 16 prega desde que o vimos assumir seu cargo como papa. Mas, mesmo assim, acredito que, como ministro da igreja, ele deva fazer o impossível para que os ânimos de todos que se sentiram ofendidos sejam serenados. Mesmo que tenha de pedir desculpas, isto nunca o fará menor perante os nossos olhos, pois sabemos que esta não foi a sua intenção, ou seja a de diminuir outras crenças. Ele é um homem da paz, e como tal irá solucionar esse conflito, que Deus o ilumine e proteja.
Maria Aparecida Neubaner Luiz

O pastor de milhões de católicos no mundo, consciente e assentado na idéia clara de que é um condutor de almas e vidas, sabe muito bem do que está falando ao expor suas convicções na Alemanha, exteriorizando sua preocupação com a violência religiosa, denunciando a existência de enfermidades mortais que corroem a fé e um fanatismo que, de alguma maneira, atenta não só contra Deus, mas também contra a natureza humana, posto que movido é pela irracionalidade. Ao afirmar "hoje em dia, em que há patologias e enfermidades mortais da religião e da razão, destruição da imagem de Deus, movidos pela causa do ódio e do fanatismo, é importante dizer com clareza em que Deus acreditamos", defendendo o ensino religioso nas escolas, a união dos cristãos. Ele falou sobre a ciência, razão, religião, temas que afetam a humanidade. Efetivamente não vejo nenhuma ofensa aos preceitos do islamismo, ao se referir a um diálogo histórico entre o erudito imperador bizantino Manuel 2.º Paleologus e um persa educado nos assuntos do cristianismo e do Islã, e as verdades de ambos, donde se sobressaiu a questão da religião e da violência. Sabemos perfeitamente que a violência sob qualquer forma e motivo, religiosa, luta de classes (promovida pelos vigários da teologia da libertação) é incompatível com a idéia religiosa e não podemos continuar reféns do terrorismo e da luta de classes. Alguém tinha que dizer isso – e acho que o papa o fez com autoridade, inteligência e sutileza.
Rivadávia Rosa

Num mundo em que as diferenças entre culturas, aprofundam-se, a cada dia que passa, especialmente quando há uma evidente e indisfarçável tensão entre o ocidente cristão e oriente islâmico, o papa, como sumo pontífice de uma fé que se arroga defensora incondicional da paz, mas que durante séculos usou a violência como arma evangelização, deveria ter usado os próprios e péssimos exemplos da igreja cristã para fundar sua "explanação sobre a paz", e não usar argumentos espinhosos contra o islã. Afinal, Cristo, que a paz esteja com ele, ensinou: "Hipócrita! Tira a trave de seu olho, antes de apontar o cisco no olho do seu irmão!". P.S. - Como bem disse Mahatma Ghandi (hinduísta): "Se os cristãos fossem cristãos 24 horas por dia, eu também seria!".
Aida

A liberdade de expressão usada por Bento 16 é normalmente aceita e foi neutra: estavam conversando sobre outro tema. As declarações e ações violentas que se seguiram mostram que há verdade na atualidade das palavras lembradas do século 14.
Francis Saedt

Se a intenção é realmente pela paz e pelo diálogo inter-religioso, não cabe crítica à religião alheia sem autocrítica pelos erros cometidos pela instituição que ele defende e lidera. Por essa razão, entendo que o papa perdeu uma ótima chance de ficar calado.
Valeria Savante

O conflito religião islâmica versus liberdade de expressão vem atingindo conotações preocupantes. Se todas as pessoas que tiverem opiniões divergentes do islã forem condenadas à morte, vai ficar difícil a convivência. Especialmente em países europeus, que possuem um grande número de muçulmanos. Porém, radicalismo não é primazia só dos muçulmanos. O cristianismo também tem seus fundamentalistas. Já há algum tempo nós observamos o crescimento dos evangélicos, especificamente os pentecostais e neopentecostais, no Brasil. O crescimento pode ser sentido na política, com o surgimento de bancadas de parlamentares de evangélicos, prefeitos, governadores, em partidos que são siglas de aluguel. Recentemente, alguns destes estiveram envolvidos em escândalos como o do "mensalão" e o das "sanguessugas". O que prova a combinação equivocada entre política e religião, já que Deus não fornece procuração ou título de honestidade para quem se diz seu representante. Ouço, de forma estarrecida, frases como "o voto dos evangélicos", "católico vota em católico". Aquela idéia de administar a "coisa pública" em prol do povo parece estar sendo esquecida.
Erick Schunig

Acho que o papa quis mostrar que não se deve usar a religião para promover a violência. Mesmo que Bento 16 tivesse pedido uma desculpa formal, eles fariam os atentados e ameaças, pois só através da violência e do medo conseguem o que querem. Acho que o papa foi bem claro no fim de semana ao dizer que ele estava muito triste por não terem entendido o que ele disse e que absolutamente não quis ofender o islã. Isso foi, na minha opinião, realmente um pedido de desculpas. A única coisa que os muçulmanos radicais vão conseguir é que pessoas como eu, que não tinha problema com povo nenhum e até gosto de estudar a história e cultura de outros povos, passem a ter medo dos muçulmanos. Eu vejo uma pessoa de véu islâmico na rua, me afasto. Tomei verdadeiro pavor deles. Vejam que, pelo fato de o papa ser alemão, eles resolveram também ameaçar o povo alemão, que não tem culpa pelo que o papa, como político e chefe da Igreja Católica, falou. Queimaram também bandeira dos Estados Unidos, que não teve nada a ver com o assunto. Interessante é que, se eles odeiam tanto os ocidentais, não deveriam querer imigrar para a Europa, como fazem os que obrigam as meninas turcas alemãs a casar com parentes, para que eles imigrem para a Alemanha! O Ocidente só serve para dar boa vida para eles!
Julia Rosa Bruno Madeira

Embora pense que o papa não fez nada de mais, desejo que ele peça desculpas e deixe citações como estas para o clérigo ou para leigos, pois desta forma não provocam tanta repercussão.
Gilcelio Ramos