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Eletrônica em 2011

14 de dezembro de 2011

No ano em que o gênero foi dominado pelo dubstep, a música eletrônica na Alemanha manteve seus pés no techno e no electro. O berlinense Siriusmo foi um dos destaques, com seu empolgante álbum de estreia.

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Siriusmo lançou seu álbum de estreia em 2011Foto: Siriusmo

Para quem curte música eletrônica, o dubstep foi um estilo difícil de ser ignorado em 2011. Surgido na Inglaterra no final dos anos 90, o gênero que une baixo marcado, batidas sincopadas e samples e barulhinhos distantes ou quebrados voltou com força total e nas mais diversas variações, do melancolismo de James Blake, passando pela energia do Skrillex e pelo pop de Katy B.

Na Alemanha o ano foi de consagração para artistas que já desfrutavam de algum sucesso na cena. Ricardo Villa-Lobos e Dominick Eulberg lançaram discos competentes, mas que não levaram além seu minimal techno sofisticado. Paul Kalkbrenner se consolidou como um dos grandes nomes do gênero no país com o disco Icke Wieder, que chegou ao segundo lugar das paradas.

Dois renomados artistas berlinenses conseguiram expandir sua música e seu público em dois ótimos disco. Sascha Ring e seu projeto Apparat mantiveram no novo disco a complexidade de suas batidas, além de texturas pop e com vocais. Já o Modeselektor continuou animando a festa com sua mistura explosiva e descontraída de electro e techno em Monkeytown. O selo da dupla, de mesmo nome, também foi responsável pelo lançamento de um dos melhores discos do ano, Mosaik, do Siriusmo.

Deutschland Musik Sascha Ring aka Apparat
Sascha Ring aka Apparat foi um dos destaques de 2011Foto: apparat.net

Mosaico acidental

Não se pode fugir da influência do dubstep em Mosaik, álbum de estreia de Moritz Friedrich, mais conhecido como Siriusmo, mas o disco do berlinense é um passeio por um caleidoscópio de estilos, como techno, disco, hip hop, house, funk e electro, em músicas concisas – por volta de quatro minutos – para os padrões da música eletrônica.

Apesar de jovem, o produtor já pode ser considerado um veterano. Há mais de uma década lança regularmente singles e EPs, paralelamente com seu trabalho de artista plástico e ilustrador. O ecletismo e a facilidade de lidar com tantos estilos, além de não querer se enquadrar em modas ou tendências, fizeram com que Siriusmo criasse uma música cheia de referências, porém única.

A explicação para mais de dez anos de carreira sem lançar um álbum é simples. "Faço muitas coisas diferentes e ser músico não é minha profissão. Eu só queria fazer e lançar minha música. Eu já produzi muito e achei que fosse a hora de olhar meu trabalho como um todo e talvez levar minha música para um público maior. Foi algo novo para mim", declarou o jovem músico à DW Brasil.

Para o disco, o produtor escolheu algumas de suas faixas lançadas recentemente, retrabalhou algumas ideias antigas e compôs músicas novas. "Às vezes faço uma música boa, mas ela precisa de um acidente, do inesperado para ficar especial. Sempre tento me surpreender, não conseguiria sentar e escrever um álbum. Quando eu juntei todas essas músicas com as quais já estava familiarizado, percebi que havia criado algo novo."

Siriusmo (CD-Cover)
Capa do eclético "Mosaik"Foto: Monkeytown (rough trade)

Dessa colagem de ideias veio também o nome do disco, Mosaik (mosaico em alemão). "Adoro a sonoridade da palavra e combina com a minha música e minha personalidade", completou.

Teclados e pick-ups

O álbum trouxe maior visibilidade e novos desafios para o músico. "Eu não sou DJ. Fui um pouco pressionado a fazer isso para promover Mosaik. O lado bom é que eu ganho um bom dinheiro, posso viajar pelo mundo e posso ver de perto a reação das pessoas, mas ainda fico nervoso e tenho que preparar os meus sets com antecedência." O som de Siriusmo é tão cheio de camadas e "acidentes" que, segundo o produtor, seria quase impossível tocar ao vivo.

Moritz tocava piano quando criança, e na adolescência ganhou um teclado usado e montou uma banda. "No teclado tinha um adesivo que dizia 'sirius', não sei o que significava, mas eu achava legal. O nome Siriusmo nasceu desse adesivo mais o 'mo' do meu nome", explicou o produtor, que começou a produzir batidas eletrônicas para substituir o baterista de sua banda. Ele tomou gosto por produzir música e não parou mais.

Antes de lançar seu próprio disco, Siriusmo remixou artistas como Gossip, Simian Mobile Disco e Scissor Sister, além de produzir algumas faixas para a francesa Yelle. "Eu geralmente faço uma música minha e coloco os vocais. Daqui para frente, prefiro me concentrar nas minhas produções e só trabalhar com artistas de que eu realmente gosto", declarou Moritz, que se diz envergonhado de algumas das colaborações que fez no passado.

Siriusmo
Siriusmo em seu estúdio em BerlimFoto: Siriusmo

A repercussão de Mosaik foi tão grande que a gravadora já lançou uma coletânea dupla de seus primeiros singles, pois muitos estavam fora de catálogo. Siriusmo tomou gosto e promete novidades para 2012. "Já tenho músicas prontas para um EP e não paro de produzir. Quem sabe não lanço outro disco no ano que vem", concluiu.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler