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Mudança climática

26 de novembro de 2011

As planícies do Meio Oeste estão entre as terras mais férteis que existem. Mas mesmo o celeiro dos Estados Unidos não está imune aos efeitos das mudanças climáticas. E os agricultores se deparam com novos desafios.

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Fazendeiros dos EUA precisam bolar novas estratégias
Fazendeiros dos EUA precisam bolar novas estratégiasFoto: Kathleen Masterson/Harvest Public Media
Ciclone sobre Iowa
Ciclone sobre IowaFoto: AP

Primaveras mais quentes, verões mais úmidos: há alguns anos já se percebe uma mudança climática no Meio Oeste norte-americano. Ela até mesmo proporcionou melhores colheitas na região, mas os cientistas alertam os agricultores para tempestades cada vez mais fortes e frequentes – especialmente na primavera, quando os campos recém-arados são mais vulneráveis.

"Uma das mais claras alterações ocorridas nos últimos 40 anos é o aumento das precipitações extremas", diz o climatologista Gene Takle, da Universidade do Estado de Iowa. Nesse período, foram frequentes as chuvas com um volume até quatro vezes superior à capacidade de absorção do solo. Em vez de penetrar, a água escorre pela superfície, o que leva à erosão, varrendo minerais e nutrientes como fosfato e nitrato.

Os agricultores têm ainda mais problemas por causa do clima: a umidade do ar em Iowa aumentou 13% nos últimos 30 anos, o que significa maior produção de orvalho. "O orvalho chega mais cedo à noite e permanece por mais tempo durante a manhã. Com isso insetos daninhos, fungos, bactérias e toxinas encontram condições bem melhores", explica Takle.

Pragas espalham-se mais rápido em clima mais quente
Pragas espalham-se mais rápido em clima mais quenteFoto: Kathleen Masterson/Harvest Public Media

As mudanças climáticas e o ambiente mais favorável ao desenvolvimento de pragas constituem um double whammy – "duplo azar" – para as plantas, comenta o fitofisiologista Jerry Hatfield, diretor do laboratório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Pesquisadores também observaram muitas doenças vegetais antes consideradas exóticas, e que se tornaram recorrentes no Meio Oeste, devido ao clima mais quente: ferrugem de folha, mofo branco, síndrome da morte súbita, vírus de mosaico, mildio, ferrugem do caule do trigo, e assim por diante.

Capacidade de adaptação

O entomologista Matt O'Neal, da Universidade de Iowa, alerta para o fato de que o aquecimento inclusive ajuda os insetos daninhos a se disseminarem. Ele pesquisa o fenômeno em um projeto do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, no qual nove universidades estão envolvidas.

Com as altas temperaturas, os insetos são lançados nas altas correntes na atmosfera, no jet stream. "E assim conseguem chegar muito mais longe", diz O'Neal. "A migração de insetos em longas distâncias também será facilitada com o aquecimento global."

Infestações de pulgões podem literalmente sugar a vida das plantas. O'Neal descreve as pragas como "agulhas contaminadas voadoras com dentes sugadores", que assimilam vírus das folhas das plantas e os transmitem para todas as demais.

Meio Oeste norte-americano é um dos maiores celeiros do mundo
Meio Oeste dos EUA: um dos maiores celeiros do mundoFoto: AP

O efeito dominó de uma única alteração no clima – como uma primavera mais quente – pode ser colossal. Mas é praticamente impossível prever a influência sobre a agricultura da variação de diversos fatores ao mesmo tempo. Ainda há muitos efeitos desconhecidos, até porque eles provavelmente serão diferentes de uma região para outra.

No entanto o climatologista Gene Takle está confiante de que os agricultores conseguirão se adaptar. "Fazendeiros se acostumam a tudo, seja às pragas, os novos mercados ou aumentos do preço dos combustíveis. Eles aprenderam a se adaptar. E quanto às mudanças meteorológicas, com elas os agricultores sempre souberam lidar."

Autora: Kathleen Masterson (ff)
Revisão: Augusto Valente