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Após crítica de Bolsonaro, presidente do BNDES pede demissão

16 de junho de 2019

Economista Joaquim Levy anuncia saída da chefia do banco de desenvolvimento, após reprimenda pública do presidente da República. Caso é mais uma crise no governo.

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Präsident Jair Bolsonaro in Brasilia
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres

O economista Joaquim Levy renunciou neste domingo (16/06) à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sua saída do cargo, após embate público com o Planalto, é considerada mais uma crise no governo de Jair Bolsonaro.

"Solicitei ao ministro da Economia, Paulo Guedes, meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele a ceda", disse Levy, em mensagem enviada a Guedes. O economista afirmou que agradece a lealdade, dedicação e determinação de sua diretoria. "Agradeço ao ministro o convite para servir ao País e desejo sucesso nas reformas."

No sábado, o presidente Jair Bolsonaro havia ameaçado demitir Levy. Segundo Bolsonaro, o chefe do banco de desenvolvimento estava com "a cabeça a prêmio". 

Joaquim Levy foi ministro da Fazenda no governo Dilma e secretário do Tesouro no governo Lula
Joaquim Levy foi ministro da Fazenda no governo Dilma e secretário do Tesouro no governo LulaFoto: Wilson Dias/Agência Brasil

O motivo da reprimenda pública, segundo Bolsonaro, foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O presidente exigiu a demissão de Pinto.

"Eu já estou por aqui com o [Joaquim] Levy. Falei pra ele demitir esse cara [Marcos Barbosa Pinto] na segunda-feira ou eu demito você, sem passar pelo Paulo Guedes", disse Bolsonaro a jornalistas diante do Palácio da Alvorada.

"Um governo tem de ser assim. Quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como o Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conhece a meu respeito. Ele está com a cabeça a prêmio já tem algum tempo", completou Bolsonaro.

Barbosa Pinto foi assessor do BNDES entre 2004 e 2006, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e chefe de gabinete de Demian Fiocca à época em que este chefiou o banco. Ele também presidiu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre 2007 e 2010 – também no governo Lula – e foi sócio da Gávea Investimentos, uma gestora de recursos fundada por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique.

Na sexta-feira, Bolsonaro também afirmou que vai demitir o presidente dos Correios, general Juarez Cunha. Segundo Bolsonaro, o presidente da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". Recentemente, o general havia se manifestado contra a privatização dos Correios e tirado uma foto ao lado de parlamentares do PT e do PSOL na Câmara.

Joaquim Levy foi ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff e secretário do Tesouro no governo Lula. Ele também foi diretor-superintendente do Bradesco e exerceu cargos na área econômica do governo FHC.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a resistência de Bolsonaro a Levy vinha desde o governo de transição. Presidente eleito, em novembro de 2018, ele havia dito que, ao aceitar a indicação, precisava "acreditar em Guedes".

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