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Apoiador de Bolsonaro agride mulher com paulada na cabeça

24 de setembro de 2022

Homem teria se irritado ao ouvir críticas ao presidente. Jovem de 19 anos foi hospitalizada e recebeu sete pontos no ferimento. Agressor foi autuado em flagrante por lesão corporal.

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Mão cobre retrato de Bolsonaro nas costas de camisa de pessoa que abraça outra
Agressão em bar de Angra dos Reis foi provocada por motivos políticosFoto: Nelson Almeida/AFP

Uma jovem de 19 anos foi agredida com um pedaço de madeira por um apoiador de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (23/09) em um bar em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O caso foi registrado na 166ª DP (Angra dos Reis), onde o homem foi autuado em flagrante por lesão corporal.

A denúncia foi feita pela irmã da vítima, que também estava no local da discussão. De acordo com o relato, o homem atingiu a cabeça de Estefane de Oliveira Laudano.

O agressor, identificado como Robson Dekkers Alvino, de 52 anos, foi encontrado em uma rua próxima ao bar e contido por moradores da região. Após prestar depoimento, ele foi liberado.

Segundo testemunhas, Estefane conversava com amigos, quando outro cliente do estabelecimento, ao ouvir críticas a Jair Bolsonaro no grupo,  se aproximou, gritando palavras de apoio ao candidato à reeleição e começando uma discussão, que acabou culminando em sua expulsão do local pela proprietária. Logo depois, ele voltou portando um pedaço de madeira e atacou o grupo, atingindo Estefane de Oliveira Laudano com um golpe na cabeça.

"Estávamos conversando e eu vi o status de um amigo numa rede social, que dizia: 'Minha bandeira é verde e amarela'. Embaixo, menor, completava com um 'mas meu voto é 13', só que na hora eu não notei, então comentei com a minha irmã, brincando: 'Ué, gente, ele vota no Bolsonaro? Não tenho amigo bolsonarista não', relata Esther de Oliveira Laudano, de 24 anos, irmã da vítima. "Nesse momento, esse homem, que eu nunca vi na vida, já se intrometeu dizendo que era Bolsonaro, perguntando qual era o problema. Respondi que nenhum, que ele estava no direito, mas que ninguém havia falado com ele."

"Vai apanhar que nem homem"

Esther afirma que o agressor insistiu nas ofensas, aos gritos, chamando-a de "maria-homem", até que a dona do bar pediu para que ele saísse do lugar. O homem então, saiu, mas voltou pouco depois com o pedaço de madeira. De acordo com a jovem, ele a ofendeu e partiu para cima dela. "Ele começou a berrar que, 'se eu era homem, então iria apanhar que nem homem'. Eu parei na frente dele e falei: 'Então bate'", diz Esther.

Nesse momento, Estefane teria entrado no meio da discussão, tentando afastar o agressor, mas acabou sendo agredida pelo homem com o pedaço de madeira. Ela foi levada a um hospital, onde precisou receber sete pontos na cabeça.

Eleições marcadas por violência

As eleições de 2022 têm sido marcadas por sucessivos casos de violência política. Estudo realizado pelo Datafolha e divulgado na semana passada aponta que mais de 67% dos entrevistados afirmam ter medo de serem agredidos fisicamente em razão de suas escolhas políticas.

Chama atenção o dado de que 3,2% dos entrevistados diz ter sido vítima de ameaças por suas posições políticas nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa, conduzida entre 3 e 13 de agosto. O percentual corresponde a 5,3 milhões de eleitores, se extrapolada a amostra do estudo e considerada a população com 16 anos ou mais.

A pesquisa Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 foi encomendada pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram ouvidas 2.100 pessoas, em 130 municípios.

md (ots)