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América Latina rechaça em peso ameaça de Trump à Venezuela

13 de agosto de 2017

Sem citar diretamente os EUA, países latino-americanos rejeitam qualquer intervenção militar como solução para a crise venezuelana, opção mencionada pelo presidente americano.

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Protesto da oposição em caracas: antichavimo é cada vez mais esmagado pelo regime
Protesto da oposição em caracas: antichavimo é cada vez mais esmagado pelo regimeFoto: Getty Images/R.Schemidt

As declarações em tom de ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que uma ação militar seria uma opção para a crise na Venezuela foi recebida com rechaço por países latino-americanos – ainda que sem citar diretamente Washington.

Na sexta-feira, de férias em seu campo de golfe em Nova Jersey, Trump disse que os EUA têm várias opções para a Venezuela, incluindo a militar. "Temos tropas em todo o mundo, em lugares muito distantes. A Venezuela não é muito distante, e as pessoas estão sofrendo e morrendo."

Em nota divulgada pelo Itamaraty e assinada pelos demais países do Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina), o Brasil reafirmou que os únicos instrumentos aceitáveis para a promoção da democracia são o diálogo e a diplomacia.

"O repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inarredável e constitui base fundamental do convívio democrático, tanto no plano interno como no das relações internacionais", diz o comunicado.

O Mercosul decidiu no início do mês aplicar o Protocolo de Ushuaia contra a Venezuela, a chamada "cláusula democrática", um gesto que aumenta o "isolamento" do presidente Nicolás Maduro na região, como avaliou recentemente o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes.

Maduro pede diálogo, mas dispensa participação do Brasil

No comunicado, o Mercosul lembra que a decisão de aplicar o Protocolo de Ushuaia ocorreu após a constatação de que ocorreu uma "grave ruptura da ordem democrática" no país. Desde então, indica a nota, aumentaram a "a repressão, as detenções arbitrárias e o cerceamento das liberdades individuais".

Em tom parecido se manifestou o governo do México, que declarou sua rejeição "ao uso ou à ameaça de uso da força" nas relações internacionais: "A crise na Venezuela não pode ser resolvida através de ações militares, internas ou externas."

Além disso, o México citou que no último dia 8 de agosto, 17 países, entre eles o Brasil, assinaram a Declaração de Lima para condenar a ruptura da ordem democrática na Venezuela  e para não reconhecer a instauração da Assembleia Nacional Constituinte.

"Rejeitamos medidas militares e o uso da força no sistema internacional. Todas as medidas devem ocorrer sobre o respeito da soberania da Venezuela  e através de soluções pacíficas", indicou, por sua vez, a Colômbia. A mensagem foi similar à do governo peruano: "Toda tentativa interna ou externa para recorrer à força solapa o objetivo de restaurar a governabilidade democrática."

A Venezuela atravessa uma grave crise política, econômica e social, com milhões de pessoas sofrendo com a escassez de alimentos e medicamentos, aumento da inflação e quatro meses de protestos contra o governo, que tiveram mais de 120 mortos.

Denunciada pela oposição como o último passo rumo à uma ditadura, a instalação de uma Assembleia Constituinte, eleita sem participação antichavista para mudar a Constituição, foi recebida com ampla condenação internacional.

A declaração de Trump foi dada às véspera da visita de seu vice, Mike Pence, à América Latina, onde passará por Colômbia, Argentina, Chile e Panamá. Segundo o governo Maduro, o objetivo americano é arrastar a América Latina inteira para um conflito armado.

RPR/ots