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Alemã será nova presidente da Comissão Europeia

16 de julho de 2019

Parlamento Europeu aprova indicação de Ursula von der Leyen com apenas nove votos acima do necessário. Democrata-cristã será primeira mulher a presidir o Executivo da UE, cargo não ocupado por um alemão desde 1967.

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EU-Parlament: Ursula von der Leyen - Wahl zur Kommissionspräsidentin
Mãe de sete filhos, a conservadora Von der Leyen entrou para a política em 2005Foto: Reuters/V. Kessler

O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira (16/07), por 383 votos a 327, a indicação da alemã Ursula von der Leyen para presidir a Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE). Ministra da Defesa da Alemanha, Von der Leyen vai substituir o luxemburguês Jean-Claude Juncker a partir do fim de outubro.

Aliada da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e filiada à União Democrata Cristã (CDU), Von der Leyen, de 60 anos, será a primeira mulher a chefiar o Executivo da UE, além de a primeira pessoa de nacionalidade alemã a ocupar o posto desde 1967, época em que o bloco ainda era conhecido como Comunidade Econômica Europeia (CEE). A política já havia sido a primeira mulher a comandar o Ministério da Defesa da Alemanha desde a sua criação, nos anos 1950.

Mãe de sete filhos, Von der Leyen passou os primeiros 13 anos de sua vida em Bruxelas, onde seu pai ocupou um posto de chefia em uma diretoria da antiga CEE. A aprovação da ministra pelo Parlamento superou por pouco os 374 votos necessários. Houve 22 abstenções.

À frente da Comissão Europeia, Von der Leyen terá que lidar com problemas urgentes, como a saída do Reino Unido da UE, a pressão de setores da população europeia por mais ação contra as mudanças climáticas, além das medidas antiliberais promovidas pelos governos da Polônia e Hungria contra suas instituições nacionais.

Após o anúncio, Von der Leyen disse à DW que suas principais prioridades no cargo serão atingir neutralidade climática até 2050 e responder aos crescentes desafios da digitalização. "Essas são as duas maiores preocupações ou oportunidades que temos de enfrentar", disse ela.

Merkel parabenizou a ministra pelo resultado e disse que ela "enfrentará com grande vigor os desafios que enfrentamos como União Europeia". "Embora eu esteja perdendo uma ministra de longa data, estou ganhando uma nova parceira em Bruxelas", disse a chanceler federal por meio de seu porta-voz, Steffen Seibert.

O atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também parabenizou a alemã.
"Este trabalho é uma enorme responsabilidade e um desafio. Tenho certeza de que você será uma grande presidente", disse no Twitter.

A aprovação de Von der Leyen pelo Parlamento representa também uma vitória para Merkel, que apresentou sua ministra como opção para o cargo quando o nome de outro alemão, o eurodeputado conservador Manfred Weber, foi rejeitado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e pelo premiê húngaro, Viktor Orbán.

Ao final de 50 horas de negociações em Bruxelas no início do mês, o Conselho Europeu, que reúne os 28 chefes de governo de todos os Estados-membros da UE mais os presidentes da Comissão Europeia e do próprio órgão, acabaram concordando com a indicação de Von der Leyen no lugar de Weber.

Mas o acerto também deixou um gosto amargo entre vários membros do Parlamento Europeu e o parceiro de coalizão de Merkel na Alemanha, o Partido Social-Democrata (SPD), que não ficaram satisfeitos com a forma como Von der Leyen foi escolhida.

Alguns críticos argumentaram que os chefes de Estado e governo europeus deveriam ter considerado mais seriamente a escolha de líderes de bancadas no Parlamento Europeu como opções. Weber, por exemplo, é líder do Partido Popular Europeu, o maior grupo parlamentar do bloco. O holandês Frans Timmermans, candidato do grupo socialista do Parlamento, também acabou sendo vetado pelos líderes da Hungria e da Itália. 

A insatisfação também foi alimentada pelo fato de a ministra alemã nunca ter concorrido nas eleições europeias para uma das 751 vagas no Parlamento, o que foi encarado como um sinal de desprestígio do Legislativo europeu. 

O Partido Verde alemão, que nos últimos meses vem crescendo nas pesquisas a ponto de ameaçar a CDU de Merkel, também demonstrou insatisfação com a falta de um currículo ligado a questões ambientais da ministra.

Políticos de outros partidos, por sua vez, apontaram que, na visão deles, o desempenho da ministra à frente da pasta da Defesa deixou a desejar nos últimos anos e que as Forças Armadas alemãs estão sucateadas.

Aos poucos, os social-democratas acabaram se acomodando, e Von der Leyen conseguiu assegurar o voto dos grupos liberais e socialistas do Parlamento Europeu, mas a margem reduzida no resultado final demonstrou uma divisão no Legislativo.  

Ao final, a ministra ainda fez esforços para buscar apoio de políticos verdes no Parlamento Europeu. Ela disse estar disposta a postergar o Brexit, marcado para 31 de outubro, como forma de conquistar a simpatia de deputados liberais e conservadores.

Nesta terça-feira, ela ainda propôs um "Green Deal" para o meio ambiente, em referência ao "New Deal" lançado pelo governo americano nos anos 1930 para combater os efeitos da Grande Depressão.

"Nosso desafio mais urgente é manter nosso planeta saudável", disse Von der Leyen aos deputados europeus em Estrasburgo, acrescentando que ela pretende propor uma legislação nos seus primeiros 100 dias no cargo para fazer da Europa o "primeiro continente climaticamente neutro no mundo até 2050".

Ela também se comprometeu a nomear um conselho de comissários da UE com paridade de gênero e a tomar medidas sobre a violência contra as mulheres.

Desde que o Executivo da UE foi formado em 1958, apenas 35 dos 183 cargos de comissários foram ocupados por mulheres, disse Von der Leyen. "Nós representamos metade da nossa população. Queremos nossa parte justa", acrescentou.

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