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Grécia em crise

26 de abril de 2010

Apesar da situação dramática da Grécia, uma decisão sobre ajuda internacional só deve ser tomada em meados de maio. Angela Merkel quer garantias de Atenas. Oposição acusa governo de usar protelação como tática.

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Enquanto Alemanha adia decisão, juros na Grécia sobem de hora em hora

A chanceler federal alemã Angela Merkel reiterou, nesta segunda-feira (26), as condições que a Alemanha impõe para endossar a ajuda financeira à Grécia: medidas sólidas e sustentáveis por parte da Grécia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse que a Grécia anunciou uma nova emissão de títulos para 19 de maio. Enquanto isso, os juros sobre os títulos gregos vêm aumentando quase de hora em hora.

Os juros para títulos públicos gregos com vencimento em dez anos atingiram um novo recorde nesta segunda feira. A diferença para os juros relativos a títulos do governo alemão pelo mesmo prazo é de 6,32 pontos percentuais. Com isso, a Grécia precisa oferecer quase 10% de juros para conseguir dinheiro emprestado, três vezes mais do que a Alemanha oferece por seus títulos.

Ainda assim, o governo em Berlim continua hesitante. "A Alemanha vai ajudar quando as respectivas condições forem cumpridas“, disse Merkel, e pediu paciência: “O governo alemão só tomará uma decisão quando as negociações entre a Comissão Europeia, o FMI e o governo grego estiverem encerradas”. Isso, no entanto, ainda deve levar “alguns dias”.

Grécia pode sair da zona do euro

Bundeskanzlerin Angela Merkel Gewährung von Notkrediten an Griechenland
Merkel quer que Grécia adote medidas sólidas e sustentáveisFoto: AP

"Precisamos de um desenvolvimento positivo na Grécia, além de novas medidas de redução de despesas públicas“, disse a chanceler após um telefonema com o chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn. Ao mesmo tempo, Merkel rejeitou terminantemente qualquer discussão sobre uma eventual saída da Grécia da zona do euro. O que ela considera importante é reagir com eficácia em favor da estabilidade geral do euro.

Após um encontro com os líderes das diferentes bancadas no Parlamento alemão, o ministro Schäuble sinalizou que uma decisão deverá ser tomada até 19 de maio, data em que a Grécia pretende emitir novos títulos. O ministro chamou atenção para a gravidade da situação: "Estamos falando do destino de toda a Europa”.

O comissário das Finanças da União Europeia, Olli Rehn, havia anunciado, no entanto, que o pacote de ajuda dos países da zona do euro e do FMI, na ordem de 45 bilhões de euros, deveria ser viabilizado na próxima sexta-feira. Já o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, deu informações divergentes: "O pacote concreto com o FMI precisa primeiro ser acertado, e só então poderemos prosseguir as discussões”. Ele considera inaceitável que "o contribuinte europeu tenha que arcar com a má conduta de alguns países”.

Oposição diz que governo hesita de propósito

Partei Die Linke Gesine Lötzsch
Gesine Lötzsch acusa governo de manobra políticaFoto: picture-alliance/ZB

A oposição, por sua vez, pede uma decisão rápida. “A chanceler Angela Merkel tem deixado a opinião pública às escuras há semanas”, disse a secretária-geral do Partido Social Democrata (SPD), Andrea Nahles. Na opinião de Nahles, Merkel estaria tentando se apresentar como uma premiê de ferro, mesmo sabendo da urgência da ajuda.

"Essa tática de protelar a decisão custa milhões de euros por dia. Cada dia de incerteza faz os especuladores elevarem ainda mais os juros, e há que se dizer que a Sra. Merkel francamente está incitando os especuladores.” Nahles chamou atenção para a taxa de juros na Grécia, que era de 5,2% no início da crise, e hoje já chega a 8,5%.

Para a Esquerda, os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), de Angela Merkel, estão usando a hesitação como manobra política. "Está claro que o governo pretende protelar a decisão sobre a ajuda à Grécia até as eleições estaduais na Renânia do Norte-Vestfália, em 9 de maio“, disse a presidente da bancada esquerdista, Gesine Lötzsch.

Os verdes também pedem mais transparência em relação ao pacote de resgate da Grécia. “Exigimos um processo parlamentar legislativo claro. Em segundo lugar, queremos falar claramente sobre as regras e condições. Queremos saber quem vai pagar a conta se o pacote fracassar e o Estado precisar assumir garantias”, diz Renate Künast, chefe da bancada verde.

Autoras: Francis França / Bettina Marx
Revisão: Simone Lopes

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