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Alemanha muda postura e enviará armamento pesado à Ucrânia

26 de fevereiro de 2022

Chanceler federal, Olaf Scholz, anunciou fornecimento a Kiev de 1.000 armas antitanques e 500 mísseis terra-ar. Até agora, Berlim vinha resistindo em mandar armas letais à Ucrânia, sob fortes críticas de outros países.

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Soldados com roupas camufladas correm segurando bazucas
Soldados do Bundeswehr fazem treinamento com armas iguais as que a Holanda enviará à UcrâniaFoto: Philipp Schulze/dpa/picture alliance

Em uma mudança brusca de postura, a Alemanha anunciou neste sábado (26/02) o fornecimento de armas pesadas ao exército ucraniano. O anúncio foi feito pelo chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, pelo Twitter. Segundo ele, a Alemanha enviará à Ucrânia 1.000 armas capazes de destruir veículos de combate, conhecidas popularmente como antitanques, e 500 mísseis terra-ar Stinger, do estoque das Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr).

"O ataque russo à Ucrânia marca um ponto de virada. Ameaça toda a nossa ordem pós-guerra", justificou Scholz. "Nesta situação, é nosso dever fazer o nosso melhor para apoiar a Ucrânia na defesa contra o exército invasor de Vladimir Putin. A Alemanha está perto da Ucrânia", completou Scholz.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, saudou a decisão alemã. "Continue assim, chanceler Olaf Scholz", escreveu no Twitter.

Mais cedo, Berlim havia permitido que a Holanda enviasse à Ucrânia 400 bazucas e que a Estônia fornecesse a Kiev peças de artilharia do estoque da antiga Alemanha Oriental, que por acordos contratuais, exigiam a aprovação da Alemanha antes de serem repassadas.

Além disso, a Alemanha quer entregar 14 veículos blindados e até 10.000 toneladas de combustível à Ucrânia.

A oposição também apoiou a decisão de Scholz. "Agora que vemos claramente que a diplomacia chegou ao fim, temos que estar dispostos a apoiar aqueles que obviamente estão sendo ameaçados massivamente por essa agressão", disse o líder da CSU no Parlamento alemão, Alexander Dobrindt.

Resistência em fornecer armas

Até agora, a Alemanha vinha se mantendo irredutível em não permitir que armas letais da Alemanha ou de fabricação alemã fossem enviadas à Ucrânia, uma política de longa data aplicada também a outros países. No entanto, em meio a críticas de várias nações, inclusive da própria Ucrânia, e à pressão de aliados da União Europeia e da Otan, mudou a postura. 

Países do bloco europeu já haviam externado a intenção de enviar armas à Ucrânia, mas não podiam fazê-lo sem a autorização da Alemanha.

Neste sábado, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, criticou a Alemanha, afirmando a Ucrânia precisa de "ajuda real" para seus soldados e classificou como "brincadeira" o envio da Alemanha de 5.000 capacetes à Ucrânia.

Outros países da OTAN, incluindo o Reino Unido e os EUA, já haviam fornecido armas à Ucrânia nas últimas semanas.

A autorização deste sábado pode significar um rápido aumento na assistência militar europeia para a Ucrânia, já que grande parte das armas e munições do continente são fabricadas na Alemanha, dando a Berlim o controle legal sobre sua transferência. 

Isso, porém, não significa necessariamente que todos os pedidos de envio de armas passarão a ser aprovados por Berlim.

Horas antes do anúncio de Scholz, o embaixador ucraniano na Alemanha, Andrij Melnyk, havia manifestado esperança de que o governo alemão desse sinal verde para o fornecimento de armas defensivas à Ucrânia.

Melnyk especificou que os dois principais tipos de armas defensivas que a Ucrânia precisa são mísseis de defesa antiaérea e mísseis antitanque, "para interromper a ofensiva terrestre e proteger o espaço aéreo".

Soldado ergue uma bazuca com as duas mãos.
Soldado alemão segura uma bazuca em treinamento militarFoto: Philipp Schulze/dpa/picture alliance

Restrição "direcionada" da Rússia ao Swift

Também neste sábado, em outra mudança de postura, a Alemanha expressou sua disposição para apoiar uma restrição "seletiva e funcional" do acesso da Rússia ao sistema bancário Swift.

O Ministério das Relações Exteriores alemão informou que está trabalhando em maneiras de limitar os "danos colaterais" de uma desconexão russa do sistema "para que isso afete aqueles que deve afetar".

"O que precisamos é de uma restrição seletiva e funcional do Swift", acrescentou o ministério.

A Alemanha vinha resistindo à desconexão da Rússia do Swift por conta do enorme impacto que essa medida teria também no mercado alemão.

Não seria possível, por exemplo, pagar pelo gás russo e, portanto, também não seria possível comprá-lo, argumentou o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner.

Já a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, expressou preocupação com o fato de que excluir a Rússia do sistema Swift também significaria que ela não poderia financiar projetos humanitários ou que cidadãos residentes na Europa pudessem enviar dinheiro para suas famílias.

Zelenski já havia clamado, em particular, à Alemanha e à Hungria para apoiar a exclusão da Rússia do sistema bancário Swift. 

Durante uma visita à fronteira com a Ucrânia, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, garantiu que seu governo apoiaria todas as sanções impostas pela União Europeia contra a Rússia. "Este é o momento de estarmos unidos, é uma guerra." 

Em uma ligação telefônica para Zelenski , o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, também prometeu seu total apoio às sanções da UE, "incluindo as sanções relacionadas a Swift". 

le (efe, ots)