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Alemanha assume comando da segurança do norte afegão

(ca)1 de junho de 2006

Enquanto o Exército alemão assume o comando militar da Tropa Internacional de Paz (Isaf), responsável pela segurança do norte do país, o embaixador norte-americano declara esperar um "verão sangrento" no Afeganistão.

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Exército alemão assume comando de tropa de paz no norte afegãoFoto: dpa - Report

Quatro anos após iniciar suas atividades no Afeganistão, o Exército alemão assumiu, nesta quinta-feira (01/06), o comando da Tropa Internacional de Paz (Isaf) para o norte do Afeganistão. A Isaf atua sob mandado da ONU, para garantir a estabilidade do país e do governo do presidente Hamid Karsai.

Até o momento, os alemães apenas coordenavam as atividades da força de paz nas províncias ao norte do país. O general de brigada Markus Kneip assume, agora, o comando militar da tropa na capital Mazar-i-Sharif.

Cerca de 2850 soldados alemães participam da tropa de paz, 1700 dos quais deverão estar estacionados em Mazar-i-Sharif até o final do ano. O Exército alemão está construindo aí o seu maior acampamento militar fora da Alemanha.

Mazar-i-Scharif: cidade cultural entre paz e guerra

Deutsche Polizei in Afghanistan
Policiais alemães formam guardas afegãosFoto: dpa

Mazar-i-Sharif, capital da província afegã de Balkh, se encontra aos pés das montanhas do Hindu Kush. Com 600 mil habitantes, ela foi a última grande cidade afegã a cair sob o controle dos talebãs, em agosto de 1998.

Localizada a 450 km da capital Cabul e somente a 50 km do Uzbequistão, seu nome significa "tumba do santo". O marco da cidade é a mesquita-túmulo do califa Ali, um dos mais importantes lugares de peregrinação para os xiitas.

Após vinte anos de guerra civil e de ocupação talebã, grande parte de sua infra-estrutura foi destruída. Devido às instituições educacionais, a cidade possui um bom potencial intelectual e é relativamente cosmopolita. Desde a queda dos talebãs, já surgiram mais de 30 jornais em Mazar-i-Sharif.

A região era considerada a mais pacífica do Afeganistão. Entretanto, com a escalada da violência, após o acidente de trânsito envolvendo soldados norte-americanos em Cabul na semana passada, uma atuação na região passou a ser considerada uma operação de risco.

Embaixador americano espera "um verão sangrento"

A Tropa Internacional de Paz (Isaf) comandada pela Otan é composta por cerca de 10 mil homens. Os quase três mil soldados alemães, número máximo permitido pelo Bundestag, formam a maior tropa deste contingente, que nas próximas semanas deverá ser elevado para cerca de 16 mil homens.

Deutsche ISAF-Truppen in Afghanistan
Comboio alemão da IsafFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

O embaixador norte-americano em Cabul, Ronald Neumann, declarou nesta quinta-feira ao diário Süddeutsche Zeitung, que os alemães fazem "um bom trabalho" e que, apesar de o norte afegão ser mais seguro que o sul, eles devem se preparar para o fato de a situação estar instável em todo o país.

"Os talebãs acreditam que os membros da Otan são fracos e que vão recuar diante dos ataques violentos", comenta Neumann. Após os atentados e distúrbios da semana passada, Neumann declarou também que o Afeganistão estaria diante de um "verão violento".

Markus Kneip, comandante da tropa alemã, declarou nesta quinta-feira (01/06) em Cabul, que existiria realmente uma ameaça latente na região norte do país, mas que seu pessoal estaria preparado para reagir em casos extremos como tiroteios ou protestos violentos.

Ele afirmou não concordar com as declarações do embaixador norte-americano. "Isto não vale para o norte do país. Não descarto um aumento da violência na região, mas não nestas dimensões", comenta Kneip.

Afeganistão, país divido

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Corpo de soldado vítima de atentado é recebido na AlemanhaFoto: AP

No oeste afegão, as forças da Isaf são comandadas pelos italianos, no leste, pelos britânicos, na capital Cabul, pelos franceses e agora, no norte, pelos alemães. O comando de determinada região significa maior independência de decisões de Cabul, podendo-se assim reagir mais rapidamente às exigências de cada região.

Desde 2002, quando começou a atuação alemã no Afeganistão, 18 soldados alemães faleceram, vítimas de atentados ou mortos em acidentes.

O especialista em Defesa do Partido Social Democrata (SPD)alemão, Hans-Peter Bartels, declarou que, apesar do perigo, os partidos da coalizão de governo concordam com a atuação do Exército da Alemanha no Afeganistão. "A posição da grande coalizão é: agora temos que ser perseverantes", afirmou Bartels ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger, nesta quinta-feira.