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Doping na seleção de 1954

28 de outubro de 2010

Estudo vê indícios de que injeções tomadas pela seleção alemã na Copa de 1954 não continham vitamina C e sim a anfetamina pervitin. Um dos jogadores assegura que equipe não recebeu nada antes da final contra a Hungria.

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Capitão Walter é carregado por torcedores. Ao lado, o colega de equipe Horst EckelFoto: picture-alliance/ dpa

A seleção de futebol da Alemanha Ocidental, campeã na Copa do Mundo de 1954 e celebrada por ter recomposto a imagem do país no pós-Guerra, pode ter atuado dopada. A afirmação consta de um estudo sobre a história do doping na Alemanha, cujo resultado parcial foi apresentado esta semana em Leipzig.

A pesquisa faz parte de um projeto maior, sobre a história do doping na Alemanha de 1950 até hoje, e está sendo feita pelo historiador esportivo Erik Eggers e outros dois colegas.

Na final da Copa na Suíça, em 1954, a Alemanha Ocidental conquistou o título ao derrotar a Hungria por 3 a 2, fato que entrou para a história como o "milagre de Berna".

"Há vários indícios fortes que apontam para injeções de Pervitin em alguns jogadores alemães, e não de vitamina C, como foi dito", disse Eggers nesta quarta-feira (27/10) à agência de notícias Reuters.

Descoberta por acaso

A metanfetamina Pervitin era um estimulante comum na época e já havia sido distribuído aos soldados alemães na Segunda Guerra Mundial. Membros da delegação alemã na Suíça em 1954 dizem que os jogadores receberam apenas injeções de vitamina C. Naquele Mundial não houve controle de doping.

"Pervitin foi usado em muitos esportes na época, também se diz que anfetaminas foram usadas por jogadores sul-americanos", acrescentou Eggers.

"O que é suspeito é que essas injeções a jogadores alemães foram dadas secretamente e só tomamos conhecimento delas porque os que receberam as injeções contraíram icterícia", acrescentou.

Já em 2004, um programa da rede estatal alemã ARD havia se ocupado do caso das injeções de vitaminas nos jogadores alemães em 1954.

Na época, Horst Eckel, integrante da equipe no Mundial da Suíça, desmentiu os rumores de doping: "Recebemos uma injeção de glicose apenas uma vez. Juro que não recebemos nada antes da final".

A Hungria havia vencido a Alemanha por 8 a 3 na fase de grupos daquele Mundial, o que torna ainda mais surpreendente a vitória alemã na final. Eggers destaca não ser usual injetar vitamina C. "Poderiam ter comido uma laranja", salienta.

RW/rtr/sid
Revisão: Alexandre Schossler