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Mestre do disfarce

13 de junho de 2011

Fazul Abdullah Mohammed era o terrorista mais procurado da África e suposto responsável pelos atentados contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998. Ele foi morto numa barreira rodoviária na Somália.

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Terrorista morto é responsabilizado pelo atentado contra a embaixada dos EUA em Nairóbi em 1998Foto: AP

Ele era um mestre do disfarce e da fuga. O líder da Al Qaeda na África Oriental, Fazul Abdullah Mohammed, usou pelo menos 18 nomes nos últimos anos. O FBI havia posto sua cabeça a prêmio por 5 milhões de dólares. Apesar disso, o terrorista sempre conseguia se esconder, graças às suas múltiplas identidades e à constante mudança de aparência.

Aparentemente, ele viveu durante muitos anos sem ser reconhecido numa ilha no Quênia. Os moradores o descrevem como uma pessoa reservada. Acima de tudo, o homem magro e sempre sorridente era dono de um charme que desarmava quem dele se aproximasse – uma qualidade que também era atribuída a Osama bin Laden, que Mohammed era cotado para suceder.

Nos últimos tempos o líder africano estaria cuidando principalmente de formar novos quadros para a Al Qaeda. Em outras palavras, ele seria o responsável por organizar a formação de novos terroristas.

Quando foi morto numa barreira rodoviária na Somália, na quarta-feira passada (08/06), Mohammed levava consigo um passaporte sul-africano, cerca de 40 mil dólares e vários telefones celulares. Testes de DNA confirmaram que se trata mesmo do mais procurado terrorista do continente africano.

Mentor de vários atentados

Mohammed nasceu no início dos anos 1970 nas Ilhas Comores. Ele teria estudado medicina no Paquistão, mas teria deixado logo a universidade para se unir à Al Qaeda. No Afeganistão, recebeu treinamento para ser guerrilheiro e criou fama, dentro da rede terrorista, de ser um especialista em computadores. Além disso, falava fluentemente cinco línguas.

O nome Fazul Abdullah Mohammed passou a figurar nas listas de mais procurados apenas após os atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, em 1998. Na época, cerca de 240 pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas.

Mohammed teria planejado e organizado esses dois atentados, os primeiros grandes ataques da Al Qaeda. Investigadores também o responsabilizam por um ataque contra um hotel israelense na costa do Quênia, com 13 mortos, em 2002.

Ele seria também o mentor de ataques em Uganda durante a Copa do Mundo de 2010. Explosivos foram detonados em locais onde estavam sendo exibidos jogos do Mundial. Cerca de 70 pessoas morreram.

Morte noticiada várias vezes

Nos últimos anos, o maior terrorista da África já havia sido declarado morto inúmeras vezes – por exemplo em 2007, quando os Estados Unidos bombardearam um acampamento de islamistas na Somália. Um ano depois, Mohammed escapou por pouco de ser detido no Quênia, onde pretendia se submeter a tratamento médico.

A morte dele enfraquece a Al Qaeda na África Oriental. Como legado, o terrorista deixa uma autobiografia, que ele publicou em 2009 com o pseudônimo Fazul Harun. O livro se chama A guerra contra o Islã, no qual o Ocidente é visto como uma ameaça para os países muçulmanos.

Autora: Antje Diekhans (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer