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Banco de urânio

4 de dezembro de 2010

Objetivo do projeto incentivado pelos Estados Unidos é coibir a proliferação de armas nucleares. Alguns países emergentes, entre eles, Brasil e Argentina, se posicionaram contra o estabelecimento da instalação.

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Iniciativa prevê que países usem energia nuclear sem tecnologia de enriquecimentoFoto: AP/DW-Fotomontage

Em casos de gargalos no fornecimento de combustível nuclear, países com instalações nucleares poderão recorrer, no futuro, a um banco de combustível físsil. Nesta sexta-feira (03/12), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou a criação de um banco internacional de urânio.

Composto por 35 países, o conselho de administração da AIEA aprovou por 28 votos a criação de tal banco. O objetivo do programa incentivado pelos Estados Unidos é coibir a proliferação de armas nucleares.

O projeto prevê que a AIEA administre um estoque de urânio de baixo enriquecimento, ao qual os países poderão recorrer, caso suas reservas estiverem se esgotando.

A localização mais provável do novo banco será o Cazaquistão, cujo governo ofereceu o solo e o subsolo do país para o armazenamento de combustível nuclear. Até agora, no entanto, nada foi decidido.

Banco de urânio russo

Trata-se da segunda instalação desse gênero no mundo. Na quarta-feira (01/12), a AIEA, juntamente com a agência russa de energia nuclear (Rosatom), anunciaram a criação do primeiro banco internacional de combustível nuclear, que ficará na Sibéria sob a autoridade da Agência Internacional de Energia Atômica.

Instalado em Angarsk, o banco é a primeira de uma dezena de instalações semelhantes propostas por diferentes países depois da descoberta, em 2003, de atividades secretas de enriquecimento de urânio no Irã.

A AIEA aprovou a criação desse armazenamento e assinou com a Rosatom, em março último, um acordo que permite aos países signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear obter urânio fracamente enriquecido.

Tecnologia sensível

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Ahmadinejad visita instalação iraniana de enriquecimento de urânioFoto: picture alliance/dpa

No caso do banco na Sibéria, o urânio pertence à Rússia, que transfere a propriedade para a AIEA somente antes do envio ao país receptor. Quanto ao banco recém-criado, o combustível pertence à Agência Internacional de Energia Atômica.

Um terço dos recursos do banco da AIEA anunciado nesta sexta-feira será financiado pelo bilionário norte-americano Warren Bufftet, através da Iniciativa Ameaça Nuclear, uma organização não governamental de controle armamentista com sede em Washington. Os 150 milhões de dólares restantes serão pagos pelos Estados Unidos, União Europeia, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Noruega.

Os responsáveis pela iniciativa do banco de combustível nuclear acreditam que tal mecanismo poderá ajudar o crescente número de nações interessadas no uso da energia nuclear a responder à sua necessidade energética sem que tenham de possuir a sensível tecnologia do enriquecimento de urânio, que poderia ser utilizado tanto para reatores quanto para bombas.

Por acharem que isso seria uma restrição do direito ao uso pacífico da energia nuclear, alguns países emergentes se posicionaram contra o estabelecimento de tal instalação. Nenhum país votou contra a criação do banco pela AIEA, mas Brasil, Argentina, Equador, África do Sul, Tunísia e Venezuela se abstiveram de votar. A votação em Viena não contou com a presença do Paquistão.

CA/dpa/rtr/dapd/AP/lusa
Revisão: Simone Lopes