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Agência americana rejeita plano energético de Trump

9 de janeiro de 2018

Painel federal controlado por republicanos reprova plano da Washington de impulsionar energia termelétrica e nuclear. Críticos afirmam que Casa Branca quer apenas proteger proprietários de usinas.

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Usina Hunter 2 de carvão no estado de Utah
Usina Hunter 2 de carvão no estado de Utah, onde cerca de 80% da eletricidade provém da energia termelétricaFoto: picture-alliance/AP Images/The Salt Lake Tribune/A. Hartmann

Uma agência independente de energia controlada por republicanos rejeitou o plano do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, de impulsionar as usinas nucleares e termelétricas movidas a carvão no país. O anúncio é um contratempo aos esforços de Trump de tentar recuperar a indústria americana do carvão.

A decisão da Comissão Federal de Regulamentação de Energia (FERC, na sigla em inglês) – que apesar de ser uma agência governamental, atua de maneira independente – foi inesperada e veio em meio a repetidas promessas de Trump de reavivar o carvão como principal fonte de energia dos EUA. A indústria do carvão tem sofrido com falências múltiplas e uma perda constante de participação de mercado à medida que o gás natural e as energias renováveis ganham terreno.

Leia também: Iniciativas locais desafiam Trump no combate às mudanças climáticas

A comissão comunicou em sua decisão, anunciada nesta segunda-feira (08/01), que, apesar das reivindicações contrárias da Casa Branca, não há provas de que quaisquer fechamentos, já ocorridos ou planejados, de termelétricas movidas a carvão representem uma ameaça à confiabilidade da rede elétrica dos Estados Unidos.

Mesmo assim, a comissão, formada por cinco membros, disse que reanalisará a resiliência da rede elétrica americana e que solicitou informações, dentro de 60 dias, de organizações regionais de transmissão elétrica e de operadores independentes de sistemas que supervisionam a rede. 

O plano do governo Trump, delineado na segunda metade de 2017 pelo secretário de Energia, Rick Perry, foi alvo de resistência de grupos empresariais e ambientalistas. As companhias Dow Chemical, Koch Industries e US Steel Corp se juntaram aos ativistas em oposição ao plano de recompensar usinas nucleares e termelétricas por agregar confiabilidade à rede elétrica do país.

Oito antigos reguladores federais de energia – incluindo cinco ex-presidentes de comissões de energia – também criticaram o plano. Eles alegaram que este prejudicaria os mercados de eletricidade e elevaria os preços, especialmente no Nordeste e no Meio-oeste do país.

USA Kohleindustrie
Vagões carregados com carvão extraído em Wyoming, estado americano que lucra bastante com a indústria carvoeira Foto: picture-alliance/AP Images/R. Dorgan

Na segunda-feira, Perry agradeceu à comissão de energia por abordar sua proposta, que, segundo ele, iniciou um debate nacional sobre a resiliência do sistema elétrico americano.

"O que não é discutível é que um abastecimento diversificado de combustível desempenha um papel essencial para fornecer aos EUA energia confiável, resiliente e acessível, particularmente em tempos de estresse relacionados ao clima, como estamos vendo agora", disse Perry.  

Perry estava se referindo à sua proposta de recompensar os proprietários de usinas de energia que mantêm um fornecimento de combustível de 90 dias ininterruptos mesmo em situações climáticas adversas e outras rupturas energéticas, uma característica da energia nuclear e de carvão. As energias renováveis, como eólica e solar, possuem muito menos capacidade de armazenamento.

"Proteção a proprietários de usinas"

Críticos afirmam que a fragilidade do plano de Perry foi comprovada pela recente onda de frio na costa leste dos EUA. Em vez de mergulhar a costa leste na fria escuridão, a nevasca causou relativamente poucas interrupções, incluindo uma que paralisou uma usina nuclear em Massachusetts.

"O esquema de Rick Perry de impulsionar usinas nucleares e de carvão envelhecidas e sujas nunca visou certificar que as luzes e os aquecedores permanecessem ligados", disse John Moore, especialista em política energética do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais. "Trata-se de proteger as contas bancárias dos proprietários das usinas ao custo de todos os americanos."

Os custos exatos do plano apresentado por Perry são desconhecidos, mas críticos afirmam que poderia resultar em subsídios de bilhões de dólares a usinas termelétricas e nucleares.

O vice-secretário de Energia dos EUA, Dan Broilette, disse que o departamento governamental foi encorajado pela decisão da Comissão Federal de Regulamentação de Energia. Ele afirmou que a pasta se comprometeu a realizar sua própria revisão da resiliência da rede elétrica.

"Eles votaram por 5 a 0 para que se aborde a resiliência. Acredito que seja um primeiro passo muito importante", declarou.

PV/ap/ots

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