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Afegã da "National Geographic" pede liberdade

1 de novembro de 2016

Sharbat Gula, imortalizada em capa da revista nos anos 1980, foi presa no Paquistão por posse de carteira de identidade falsa. Juiz estuda documentos apresentados por acusação e defesa.

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Gula fotografada em 1985 e 17 anos mais tarde
Gula fotografada em 1985 e 17 anos mais tardeFoto: picture-alliance/dpa/Steve McCurry/National Geographic Society

Sharbat Gula, afegã de olhos verdes imortalizada por uma fotografia de capa da revista National Geographic em 1985, pediu nesta terça-feira (01/10) liberdade mediante pagamento de fiança perante um tribunal após sua detenção no Paquistão por suposta posse ilegal de um documento de identidade.

"Pedimos a liberdade condicional de Gula, mas a audiência foi adiada até amanhã", indicou à Agência Efe Mohsin Dawar, um dos três advogados contratados pelo governo afegão para a defesa da refugiada.

O advogado afirmou que não tem certeza se o tribunal irá conceder a liberdade à mulher de 46 anos, transformada em um ícone pelo fotógrafo americano Steve McCurry quando ela tinha 12 anos de idade.

O juiz Farah Jamshed adiou até esta quarta-feira a audiência para estudar os documentos apresentados pela acusação e a defesa. A acusação afirmou que Gula confessou ter subornado três funcionários paquistaneses para obter um documento de identidade no país, versão rejeitada pela defesa.

A Agência Federal de Investigação do Paquistão prendeu Gula na última quarta-feira por viver no país com documentos falsos, após dois anos de investigações sobre ela e seu marido, que está foragido.

"Acho que temos de rever o caso, porque ela é uma mulher e devemos analisar a situação por um ponto de vista humanitário", afirmou o ministro paquistanês do Interior, Chaudhry Nisar Ali Khan, no último dominfo. Gula poderia ser deportada do Paquistão, onde está refugiada, ou receber um visto temporário para deixar o país.

"Temos que processar os que emitiram sua identidade falsa, esses são os verdadeiros culpados e não quero que sejam isentos de qualquer maneira", disse o ministro.

Investigadores que revelaram milhares de fraudes de documentos na última década abriram um inquérito sobre a afegã pouco depois de ela ter requerido uma carteira de identidade. As autoridades dizem que ela fez o pedido em abril de 2014 em Peshawar, utilizando o nome de Sharbat Bibi. A foto anexada ao formulário mostrava os mesmos olhos verdes penetrantes registrados pela câmera de McCurry em 1985. 

O americano voltou a fotografar Gula 17 anos mais tarde no Afeganistão e descobriu que a mulher, que então tinha 30 anos, desconhecia sua fama internacional.

Operação contra identidades falsas

As autoridades paquistanesas lançaram uma grande operação para deter portadores de documentos falsos. Mais de 90 milhões de identidades foram checadas, das quais mais de 60 mil eram falsas e pertenciam a estrangeiros. 

A prisão de Gula revelou as medidas desesperadas às quais muitos afegãos se submetem para evitar o retorno ao próprio país, assolado pela guerra. Segundo o alto comissariado da ONU para os refugiados (Acnur), o Paquistão acolheu cerca de 1,4 milhão de pessoas após o Afeganistão ser invadido pela União Soviética em 1979.

O Acnur estima que ainda existam mais um milhão de afegãos não registrados pelas autoridades paquistanesas. Segundo a agência, o Paquistão é o terceiro país que mais acolheu refugiados em todo o mundo.

RC/LPF/afp/efe