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Adeus 68

Marlis Schaum (rr)26 de outubro de 2008

Estudantes envolvidos na política estudantil ainda lutam contra os estereótipos deixados pela geração 68. Trabalho é intenso, mas pragmático, e muitos empregadores valorizam a experiência política no currículo.

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Estudantes protestam contra pagamento de mensalidades em LeipzigFoto: AP

Eles passam o tempo discutindo pelos pátios e corredores, fumam maconha e não cortam os cabelos há anos. De vez em quando, visitam alguma aula, mas preferem organizar protestos: o estereótipo dos universitários politicamente ativos é um tanto datado, um resto do clichê da geração de 68, que nada mais tem a ver com a realidade.

A maioria dos universitários politicamente engajados não só tem uma aparência completamente diferente, mas também age de forma diferente de acordo com motivos bem pragmáticos. Helena Hinsen e Veith Lemmen, da Universidade de Münster, por exemplo: ela parece a típica estudante de Administração de Empresas, alta, magra, cabelos loiros compridos, brincos de pérolas e camiseta pólo. Mas, na verdade, a estudante de 21 anos cursa Economia e Política.

Além disso, é membro do Círculo de Estudantes Democratas-Cristãos (RCDS), para o qual a maioria dos estudantes alternativos viraria a cara. "Durante a campanha, me ofendem com certos estereótipos do tipo 'vocês são todos de direita mesmo' e me deixa triste o fato de nem quererem me conhecer por trás da fachada", conta.

Desde a escola, ela se interessa pelos aspectos práticos da política, defendendo os interesses dos colegas. Quando entrou na faculdade, era época de eleições em Münster para se escolher o parlamento estudantil. Ela entrou em contato com o RCDS e acabou se envolvendo: logo como candidata.

"Há muitos problemas na universidade contra os quais se pode lutar. Talvez essa seja uma forma errada de expressar a situação, mas há muitas coisas que nos incomodam. Professores que não ensinam bem, materiais que chegam tarde demais, tudo isso me fez pensar em encontrar um jeito de melhorar a situação da universidade."

Governo e oposição

Veith Lemmen é o rival de Helena na política universitária. Ele é membro do partido Jovens Socialistas, que atualmente possui maioria no parlamento estudantil em Münster. Ele representa o governo, ela, a oposição.

Aos 23 anos, de baixa estatura e com cabelos escuros, vestindo um chapéu de gângster e colhete de veludo com broches, o estudante de Política, História e Direito Público é o atual presidente do Diretório Central dos Estudantes (AStA – Allgemeiner Studierenden-Ausschuss). Para ocupar a posição, congelou seus estudos e vive de um salário simbólico de 585 euros por mês, pago por todos os cerca de 40 mil inscritos na universidade.

"Este trabalho tem muitos aspectos legais. Podemos falar diretamente com os estudantes, percorrer cada um dos institutos e ouvir o que as pessoas têm a dizer. Aí percebo que é possível atingir objetivos concretos. Conseguimos que fosse criada uma sala para estudantes com crianças, por exemplo. Também pudemos ajudar muita gente a prosseguir os estudos depois que se tornou obrigatório pagar pelo curso. Nosso serviço de aconselhamento era tão bom que a própria universidade mandava os estudantes para o AStA", conta.

Política como na vida real

O trabalho no âmbito universitário não é muito diferente da política real. Há deliberações sobre requerimentos, debates sobre interesses políticos e votações para tomar decisões. Tarefa do AStA é implementar aquilo que o parlamento estudantil decide. Ambos são importantes canais de comunicação para a defesa dos interesses de cada estudante – embora poucos atualmente se interessem pelo trabalho de Helena, Veith e cia.

"Apenas cerca de 25% dos estudantes participam das eleições para o parlamento estudantil, o que é muito, muito pouco. Mas acabar com a representação estudantil, com a democracia nas universidades, sem AStA, sem centros acadêmicos, é uma situação que nenhum de nós quer", reclama Helena.

Veith lembra que é preciso reconhecer que muitas coisas só ocorreram devido à iniciativa de estudantes e associações estudantis. "O aumento do [crédito educativo] BaföG, por exemplo, não teria ocorrido, não fosse o empenho de representantes estudantis nos diversos grêmios", argumenta.

Para Helena, é o AStA que impede que professores e reitores façam simplesmente o que bem entenderem. "Além, claro, de oferecer diversos serviços, como a autenticação gratuita de diplomas, que fazemos em Münster." Veith acrescenta: "Também temos aconselhamento social e jurídico gratuito, empréstimo de veículos de transporte, gráfica, central de caronas e muito mais. Tudo isso não existiria se não fosse o AStA."

O trabalho político na universidade é intensivo, mas pragmático. Potenciais empregadores geralmente reagem positivamente ao engajamento político dos estudantes. "Como quero trabalhar com jornalismo político, acho que é bom ter visto a coisa pelos dois lados", salienta Veith.

Segundo Helena, não menos importante são os soft skills que se adquire ao coordenar uma sessão parlamentar, por exemplo. "Isso te ajuda a falar livremente, a argumentar, é algo que só pode te ajudar no futuro."