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Fracasso em Copenhague?

6 de novembro de 2009

Cresce o temor de que a conferência na capital dinamarquesa não chegue a um acordo de cumprimento obrigatório, mas apenas a um compromisso político. EUA pressionam por metas para China e outros grandes países emergentes.

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Negociações para novo acordo sobre o clima começaram há dois anosFoto: AP

A quatro semanas do início da conferência mundial sobre o clima em Copenhague, cresce entre os delegados envolvidos nas negociações o temor de que não se chegue a um acordo de cumprimento obrigatório na capital dinamarquesa.

O pacto climático que sucederá ao Protokolo de Kyoto poderia necessitar de mais um ano de debates para que sejam acertados os detalhes, assinalaram delegados presentes às negociações climáticas da ONU em Barcelona, onde se encerrou nesta sexta-feira (06/11) a última reunião preparatória para o encontro em Copenhague.

Muitos líderes mundiais disseram, nos últimos dias, que em Copenhague poderia-se chegar a um acordo de comprometimento político, mas que faltaria tempo para se fechar um documento de cumprimento obrigatório. Não há consenso sobre quanto tempo extra seria necessário para os debates.

Sem acordo em dezembro?

"Há muito trabalho para ser feito", declarou Artur Runge-Metzger, chefe da delegação da União Europeia, admitindo que se poderia necessitar de mais tempo. As conversações para fechar um pacto começaram em Bali, na Indonésia, em dezembro do 2007, com um prazo de dois anos.

John Ashe, que preside as negociações para a prorrogação do atual Protocolo de Kyoto, disse que, caso não se chegue a um acordo em dezembro, os negociadores deveriam terminar a tarefa em Bonn por volta de maio de 2010, a exemplo do que ocorreu em 2000. "Já o fizemos uma vez e podemos fazê-lo de novo", disse.

Já o secretário-executivo da Convenção do Clima das Nações Unidas, Yvo de Boer, mostrou-se confiante de que um resultado final seja alcançado ainda em dezembro em Copenhague. Ele exigiu dos países industrializados maior empenho para a redução das suas emissões de gases do efeito estufa.

"Copenhague pode e deve se tornar um divisor de águas na luta internacional contra as mudanças climáticas. Nada abala minha confiança nisso", declarou.

Líderes mundiais em Copenhague

Por enquanto, cerca de 40 chefes de governo e de Estado afirmaram que estarão presentes ao encontro. Entre eles está o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, ainda não confirmou presença.

Lula disse ao jornal britânico Financial Times que pedirá a Obama que participe da cúpula de Copenhague. "Talvez não cheguemos a um acordo por causa de uma deficiência de liderança global", disse Lula, acrescentando que "as discussões foram passadas aos conselheiros, mas é melhor que os que digam, sim ou não, sejam os primeiros-ministros e presidentes".

EUA cobram metas para emergentes

Na quarta-feira, o enviado especial dos EUA para proteção climática, Todd Stern, declarou diante do Congresso americano que o país apenas se comprometerá com metas de redução das emissões de gases estufa se os grandes países emergentes, como China, Índia e Brasil, fizerem o mesmo.

Segundo Stern, sem um engajamento dos países emergentes, principalmente a China, não haverá acordo em Copenhague.

Em Barcelona, o representante do governo americano Jonathan Pershing disse nesta sexta-feira que, para se alcançar um novo acordo climático em Copenhague, a China terá que reduzir as emissões pela metade até 2050 e aceitar controles internacionais.

"O que esperamos da China e da Índia é uma mudança a longo prazo. A ciência defende que o mundo deve ter em 2050 metade das emissões de 1999. Seria muito positivo se a China registrasse este valor", afirmou o negociador.

O representante norte-americano sugeriu ainda que as emissões de países emergentes, como a China e a Índia, sejam controladas pelas Nações Unidas, medida que Pequim e Nova Déli consideram uma intromissão.

AS/rtr/afp/lusa/epd

Revisão: Carlos Albuquerque