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A investigadora de polícia Cornelia von Hollen, de Bremerhaven

23 de novembro de 2010

Na televisão, a vida dos investigadores de polícia é bem mais agitada que a de Cornelia von Hollen: ela não corre pela cidade atrás de pistas e à caça de criminosos, mas trabalha diante de um computador.

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Cornelia não acompanha seriados policiais na televisão

"Sim" é a resposta da investigadora de polícia Cornelia von Hollen, de 35 anos, quando alguém lhe pergunta se ela leva consigo uma arma e algemas. "Mas só quando participo de investigações fora do escritório", acrescenta.

Quando perguntada se ela assiste ao popular seriado dominical Tatort, no qual investigadores desvendam crimes por toda a Alemanha, a resposta vem acompanhada de uma risada: "Não, não tenho o menor interesse por isso".

Cornelia é diariamente confrontada com clichês relacionados à sua profissão. Filmes, seriados de televisão e romances policiais difundem uma imagem do trabalho policial que raramente corresponde à realidade.

Cotidiano na polícia

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A sede da Kriminalpolizei em BremerhavenFoto: DW

"O trabalho na Kriminalpolizei muitas vezes significa ficar sentado diante da escrivaninha, escrevendo", diz Cornelia. Kriminalpolizei é o nome da polícia judiciária alemã, semelhante à Polícia Civil brasileira.

Claro que ela também faz investigações fora do escritório, mas elas não costumam ser tão emocionantes e cheias de ação como as que aparecem na televisão. "Além disso, na maior parte das vezes não resolvemos um caso em menos de uma hora", diz, sorrindo.

A primeira tarefa de Cornelia, no início do dia, é mandar os dois filhos para a escola. Às 8 horas, ela já está diante da escrivaninha. O escritório fica na sede da Kriminalpolizei no centro da cidade de Bremerhaven, no norte da Alemanha.

No mundo dos números

A escrivaninha ocupa quase a metade da sala e sobre ela está a principal ferramenta de Cornelia no combate ao crime: o computador. Cornelia lida diariamente com números e é especializada em descobrir fraudes e outros delitos financeiros.

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Ao telefone com o promotor público de BremerhavenFoto: DW

Ela se sente em casa no mundo dos números. "Encontrar provas em livros e registros – para mim é óbvio e lógico que assim podemos pegar criminosos." Cornelia conta que foi a vontade de fazer justiça que a levou para a polícia. Ela vê como algo muito importante provar a culpa ou a inocência de alguém.

Cornelia já está há 16 anos na polícia, sempre na sua cidade natal, Bremerhaven. Foi lá que ela foi á escola. Na cidade vizinha de Bremen, frequentou a academia de polícia. Na época, já era normal haver mulheres na polícia, mas essa ainda era uma situação nova.

Policial e mãe

Cornelia cumpre meio expediente. Depois de quatro horas de trabalho, ela deixa o escritório para chegar em casa a tempo de receber os filhos Jero, de 8 anos, e Deike, de 10 anos, que retornam da escola.

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Em casa, a policial vira mãe e ajuda no dever escolarFoto: DW

A mãe prepara o almoço e depois ajuda os filhos com os deveres escolares. Mais tarde, organiza o tempo livre das crianças. "É muito estresse, sem dúvida", afirma. "Estou o tempo todo sob pressão."

Grande parte do trabalho doméstico é assumido pelo marido de Cornelia. Axel é responsável por acordar a família de manhã cedo e por preparar o café da manhã. À tarde, ele acompanha os filhos aos treinos de futebol.

Mundos distintos

Família e trabalho são duas áreas distintas para Cornelia. Quando Connie, como é conhecida em casa, deixa o escritório, ela deixa também para trás a investigadora.

Ainda assim, Cornelia às vezes é surpreendida com perguntas profissionais quando está tomando chá com as amigas. "Este ou aquele tipo de assento é adequado para crianças no carro?", alguém quer saber. Essa é uma pergunta que Cornelia nem sabe responder. "Minha formação é de policial judiciária. Tudo o que tem a ver com a Schutzpolizei [literalmente: polícia de proteção] eu não sei."

Autora: Zoran Arbutina (as)
Revisão: Rodrigo Rimon