1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

A "espiral da violência" no Oriente Médio

Peter Philipp (gh)18 de abril de 2006

Peter Philipp, perito da Deutsche Welle em Oriente Médio, analisa as conseqüências do novo ataque suicida em Tel Aviv para o processo de paz na região.

https://p.dw.com/p/8HJ1
Explosão causou nove mortes e deixou vários feridosFoto: AP

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condena o atentado suicida de Tel Aviv, mas o governo liderado pelo Hamas fala de um "ato de autodefesa".

A justificativa usada pelo Hamas certamente dará novo impulso à espiral da violência. O governo de Israel supostamente ainda analisa uma resposta adequada, mas algumas horas após o atentado tropas israelenses já caçavam adeptos do grupo extremista Jihad Islâmico na Cisjordânia, e a Faixa de Gaza foi bombardeada. Deve ser apenas uma questão de tempo até que ocorram novos ataques a Gaza.

Tais ataques somente agravarão o conflito. Cada pessoa inocente vitimada torna-se testemunha-chave para justificar novo terror contra inocentes do outro lado. Um círculo vicioso, do qual ambos os lados parecem não conseguir se livrar.

Tudo indica que também não querem impedi-lo. Após ataques terroristas, Israel sempre tem reagido com violência. E isso também será feito pelo governo Olmert. A começar, para não pôr em risco as negociações sobre a coalizão governamental. O governo israelense deve adotar uma linha mais dura antes mesmo de ser constituído. E, com isso, pisa na armadilha preparada pelo outro lado.

No lado palestino, grupos como o Jihad Islâmico procuram o confronto. Eles são contra Israel e acreditam na luta que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) há mais de dez anos já considerou inútil e sem sentido, o que levou a organização a fechar os acordos de Oslo com Israel.

Solução improvável

O Hamas anunciou um cessar-fogo há um ano, mas ideologicamente pouco difere do Jihad, o que lhe rendeu o profundo isolamento do Ocidente. Um isolamento que não castiga, em primeira linha, o Hamas e, sim, a população palestina, que não entende causa e efeito e, sim, simplesmente acredita nos radicais, segundo os quais o Ocidente armou um complô contra os palestinos. E a população vai se voltar para quem hoje lhe oferece ajuda, sobretudo o Irã e a Rússia.

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, pretende reunir o chamado Quarteto do Oriente Médio (União Européia, EUA, ONU e Rússia) para discutir a situação no início de maio. Seria preciso agir mais rapidamente, porque, com cada rodada de violência, a solução fica mais difícil e improvável.

Peter Philipp, jornalista da Deutsche Welle, perito em Oriente Médio, trabalhou durante 23 anos como correspondente em Israel.