A escalada de violência na crise política do Peru
Confrontos entre partidários do ex-presidente Pedro Castillo e forças de segurança já mataram quase 50 pessoas no país. Agora quem passa para o centro das investigações é sua sucessora, Dina Boluarte
Mortes em manifestações
Forças de segurança atacam apoiadores do ex-presidente Pedro Castillo em Juliaca. Só na segunda-feira (09/01), 17 pessoas morreram nos confrontos. Castillo foi deposto e preso no início de dezembro ao tentar dissolver o Congresso com o intuito de governar por decreto.
Confronto nas ruas
Os protestos de apoiadores de Castillo já resultaram em quase 50 mortes, a maioria civis. Grupos de direitos humanos acusaram as forças de segurança de usar armas letais e lançar bombas de fumaça sobre os manifestantes.
"Situação de guerra"
A escalada de violência começou na segunda-feira, quando cerca de 9 mil manifestantes tentaram invadir o aeroporto de Juliaca, entrando em confronto com as forças de segurança. Representantes da Igreja Católica, que é predominante no Peru, qualificaram os surtos de violência como uma "situação de guerra". O país, afirmaram, está largado "nas mãos da barbárie".
Acusações contra Dina Boluarte
Por meio de uma coletiva de imprensa, a presidente peruana, Dina Boluarte, dirigiu-se a seu povo. A ex-vice-presidente foi empossada pelo Parlamento após a deposição de Castillo, mas tem pouco apoio político. Ela e sua equipe serão agora investigadas sob a acusação de "genocídio, assassinato e lesões corporais graves".
Pedidos de renúncia
Os partidários do ex-presidente Castillo pedem a renúncia de Boluarte e novas eleições. Desde a deposição do político de esquerda e da declaração de estado de emergência feita por sua sucessora, o país permanece em agitação.
A ira dos aimarás
Juliaca, na região de Puno, fronteira com a Bolívia, é o lar de muitas tribos aimarás e é o epicentro dos protestos dos apoiadores de Castillo. Apesar de seus planos autoritários, o ex-presidente continua recebendo o apoio das camadas mais pobres da população nos Andes e nas periferias das grandes cidades.
Revolta contra novo governo
Na cidade andina de Puno, opositores indignados com o novo governo também se dirigiram até a praça central e se reuniram em frente à catedral. Eles protestam contra o Congresso e os parlamentares, que consideram ainda menos confiáveis do que o presidente recentemente deposto. Grande parte da elite política é acusada de buscar vantagens pessoais na crise atual.
Pedras contra a polícia
Além dos protestos pacíficos, também há um grande número de manifestantes violentos nas ruas. Para o primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, são eles os culpados pela morte de dezenas de pessoas. Otárola também acusa o ex-presidente Castillo e seus partidários de incitar a violência para desestabilizar o novo governo.
Luto em Juliaca
Caixões contendo os corpos de mortos nos confrontos de segunda-feira em uma cerimônia de luto em Juliaca. Embora um toque de recolher esteja em vigor na região desde a noite de terça, isso pouco impede que os opositores do governo saiam repetidamente às ruas contra o novo governo.