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A arma de Merkel para lidar com a AfD

27 de setembro de 2017

Famoso pela postura firme durante crise do euro, atual ministro das Finanças Wolfgang Schäuble, deputado há quatro décadas, é cotado para assumir presidência do Parlamento e, assim, aplacar barulho dos nacionalistas.

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Brüssel Finanzminister Wolfgang Schäuble Ecofin Treffen
Foto: Getty Images/AFP/J. Thys

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, será o novo presidente do Parlamento alemão (Bundestag), noticia a imprensa alemã nesta quarta-feira (27/09). A escolha seria a saída encontrada pelo governo Angela Merkel e seus futuros aliados para lidar com os populistas de direita no plenário.

Embora o chanceler federal (Angela Merkel) tenha mais poder, na hierarquia protocolar do Estado alemão, a presidência do Bundestag ocupa a segunda posição, atrás apenas do presidente da República. Atualmente, o cargo de presidente do Parlamento é ocupado pelo democrata Norbert Lammert, da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel e vencedor das últimas eleições.

Partidários da CDU e sua aliada bávara União Social Cristã (CSU) disseram aos repórteres da agência de notícias DPA e ao tabloide Bild que Schäuble provavelmente será nomeado em 17 de outubro.

Após a eleição legislativa de domingo, membros de CDU, CSU, do Partido Liberal Democrata (FDP) e do Partido Verde – todos envolvidos em complicadas negociações para formar um governo – mencionaram de forma independente que o controverso ministro das Finanças poderia ser um bom nome para liderar o Bundestag.

"Wolfgang Schäuble certamente seria um bom presidente do Bundestag, mas a CDU/CSU decidirá de forma totalmente autônoma quem eles indicarão", disse Wolfgang Kubicki, membro do alto escalão do FDP, ao diário alemão Rheinische Post.

Os liberais estão de olho no posto de ministro das Finanças. Ainda na campanha eleitoral, o chefe do FDP, Christian Lindner, manifestou interesse. Ele já repassou aos democratas o apoio do FDP para a candidatura de Schäuble à presidência do Bundestag.

"Como uma personalidade excepcional, Wolfgang Schäuble tem uma autoridade natural que é particularmente importante ao liderar o Bundestag durante esses tempos", disse Lindner. "Ele, sem dúvida, transmitirá para fora uma imagem de validade ao parlamento, e manterá sua dignidade interna."

A liderança da aliança CDU/CSU enfatizou que nunca teria sugerido o nome de Schäuble se a posição de presidente do Bundestag não fosse atualmente considerada uma tarefa de prioridade.

Afinal os partidos sabem a partir dos parlamentos estaduais como os nacionalistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) habilmente desempenham um papel fundamental nas ordens executivas. Quebra de protocolo é considerado um meio para obter sucesso e chamar a atenção da mídia.

A preocupação é grande que os parlamentares da AfD levem agora esse estilo de confronto para o Bundestag. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também advertiu expressamente para os limites do debate político: antissemitismo, xenofobia e negação de marcos negativos da história alemã, como o Holocausto, são tabu.

E o Bundestag, avaliam os políticos ao redor de Merkel, precisa de um presidente que se imponha e sancione em caso de quebras destas regras em debates.

Ao ser questionado sobre seu futuro político, Schäuble afirmou ao jornal Mittelbadische Presse que, tão pouco tempo depois da eleição, ainda não está pensando nisso.

Schäuble é o membro mais antigo do Parlamento alemão – há 45 anos presente no plenário. Neste interim, o democrata liderou três ministérios. À frente da pasta das Finanças, Schäuble teve papel de destaque nas negociações de austeridade com países do Sul da Europa.

PV/rtr/afp/dpa/ots