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10 de fevereiro de 1987

Em 10 de fevereiro de 1987 morre Hans Rosenthal, um dos mais queridos apresentadores da televisão alemã. É o fim de uma carreira fora do comum, que começou em 1948 numa emissora de rádio em Berlim.

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Rosenthal foi um dos ídolos da televisão alemãFoto: AP

Dalli, Dalli("Rápido, rápido") o nome do programa se tornou sinônimo de Hans Rosenthal. Esse simples jogo de adivinhação na emissora de televisão ZDF foi ao ar mais de 150 vezes, no horário nobre, e tinha um público fiel.

O criativo showman não se cansava de inventar programas de entretenimento para emissoras de rádio e televisão. Uma de suas fórmulas mais bem-sucedidas era evitar qualquer tipo de debate. Como a meta era apenas a diversão, seus programas foram acusados de uma "ingenuidade monótona". Mas os críticos também foram obrigados a reconhecer que a sua simpatia e incrível simplicidade levaram Rosenthal a ser o apresentador mais querido do país, em sua época.

Rosenthal também amava seu público. "Eu gosto deste carinho e me alegro quando vai ao ar um programa que agrada. Acredito que o principal motivo dessa fascinação dos telespectadores é que, quando estou na rua, sou um deles, nenhuma estrela. Eu faço o meu trabalho, eles fazem o deles, e de alguma maneira a gente se encontra. Aí está todo o segredo da coisa."

O homem da mídia também não tinha papas na língua. Como apresentador, demonstrava temperamento e, mesmo assim, parecia navegar numa onda de simpatia. Jamais descansava e trabalhava dia e noite. Certa vez revelou que o segredo para não perder o contato com os telespectadores e convidados era o seu interesse pelos entrevistados, e a capacidade de se colocar na situação do público.

Colecionador de prêmios da televisão

A ascensão de Rosenthal foi rápida. Ele conduziu programas de adivinhação do tipo quiz e, durante muitos anos, dirigiu simultaneamente o departamento de entretenimento popular da emissora RIAS, de Berlim. Em pouco tempo, abocanhou todos os prêmios imagináveis da televisão alemã. Seu passatempo era o trabalho, mas às vezes sobrava tempo para uma rodada de cartas com os amigos.

Hans Günther Rosenthal nasceu em Berlim, a 2 de abril de 1925. Judeu, logo sentiu na carne os problemas da perseguição pelos nazistas. Depois que o pai foi demitido pelo Deutsche Bank em 1937, a família foi obrigada a portar a estrela de Davi, com que se identificavam publicamente os judeus, durante o regime de Hitler. O próprio Hans Günther foi obrigado a se chamar Hans Isaak.

Depois da morte dos pais, ele e o irmão foram para um orfanato. Aos 16 anos, teve que trabalhar como coveiro num cemitério. Temendo a deportação, Hans sobreviveu os dois últimos anos da guerra escondido num minúsculo refúgio, com o apoio de uma amiga de sua mãe. Depois da guerra, começou a procurar o irmão. A única pista que encontrou foi uma anotação da Cruz Vermelha: "Gert Rosenthal, nove anos, órfão, transportado em 1943 para Auschwitz".

Mas o sofrimento do passado não influenciou a sua carreira. Em 1945, aos 20 anos, começou estágio na rádio Berliner Rundfunk, em Berlim, então ainda controlada pelos russos. Três anos mais tarde, foi para a emissora RIAS, onde iniciou sua carreira de "mestre do entretenimento" – um tipo de Sílvio Santos ou Faustão da Alemanha. Usando sua popularidade, conseguiu trabalhar os traumas da infância, tentando aproximar as pessoas.

Também foi membro ativo de representações judaicas. Participou da Assembleia de Representantes da Comunidade Judaica de Berlim, e até 1980 foi membro do diretório do Conselho Central dos Judeus na Alemanha. Seus dois filhos também foram educados na confissão judaica. Rosenthal faleceu de câncer em 10 de fevereiro de 1987.

Autoria: Doris Bulau