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14 de fevereiro de 1964

No dia 14 de fevereiro de 1964, foi nomeado o primeiro conselho de cinco peritos encarregado de acompanhar o desenvolvimento da economia alemã.

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Peritos fazem relatórios anuais sobre economiaFoto: AP

Todo capitão precisa da ajuda de um imediato experiente, quando enfrenta um mar agitado. Foi o que aconteceu na política alemã, quando a economia do país começou a balançar, na década de 1960, com o recuo das milagrosas taxas de crescimento registradas no primeiro período do pós-guerra. O então presidente da República Federal da Alemanha, Heinrich Lübke, nomeou, em fevereiro de 1964, os primeiros membros do conselho de peritos encarregado de fazer uma avaliação global da economia.

Desde aquela época, o ritual se repete a cada cinco anos: cinco economistas de renome, independentes de partidos e sindicatos, recebem a tarefa de analisar a viabilidade simultânea de quatro grandes metas econômicas: crescimento, estabilidade de preços, alta taxa de emprego e equilíbrio no comércio exterior.

Opinião respeitada

A lei que criou o popularmente chamado Conselho dos Cinco Sábios foi aprovada por unanimidade pelo Parlamento alemão – o Bundestag – em julho de 1963. O deputado Albrecht Aschoff, do Partido Liberal, chegou a comentar, antes da votação, que a aprovação unânime de uma inovação político-econômica de tamanha repercussão era uma absoluta raridade na tradição parlamentar alemã.

Inicialmente, os "cinco sábios" chegaram a ser classificados de os "cinco bobos da corte" pela imprensa alemã. Mas, ao longo de sua existência, o conselho foi conquistando respeito no país. Um dos primeiros integrantes da equipe, Herbert Giersch, avalia a institucionalização do conselho como um passo rumo a uma sociedade mais esclarecida. A oposição, em geral, apoiava o parecer do quinteto de peritos, o que sempre era uma pedra no sapato do respectivo governo.

O primeiro relatório anual dos "cinco sábios", apresentado no começo de 1965, caiu como uma bomba na sede do governo federal, em Bonn, por haver criticado a política cambial, baseada em taxas fixas. Houve um tempo em que membros do conselho mais próximos dos sindicatos usavam o chamado "voto minoritário" para demonstrar sua discordância com o parecer. Esse recurso já havia caído em desuso, quando, em março de 1999, o então presidente alemão Roman Herzog nomeou o professor berlinense Jürgen Kromphardt para o conselho.

Simpatizante dos sindicalistas, ele ressuscitou a prática do "voto minoritário". O motivo da divergência era que, para a maioria dos "cinco sábios", as empresas alemãs precisariam reduzir seus custos, concedendo aumentos salariais menores do que a taxa de crescimento da produtividade. Kromphardt, porém, acreditava que essa política era desvantajosa não só para os assalariados. "Os empresários deveriam pagar bons salários, para que os trabalhadores gastem mais", argumentava.

Barômetro da economia

Os "cinco sábios" – via de regra experientes professores de economia – são indicados pelo governo federal e nomeados pelo presidente da República. De acordo com a Lei da Estabilidade e do Crescimento Econômico, eles são obrigados a apresentar um relatório até 15 de novembro de cada ano. Trata-se de uma das principais avaliações da conjuntura na Alemanha, ao lado dos pareceres emitidos por seis grandes institutos econômicos do país.

O relatório contém uma descrição da situação econômica, um prognóstico e sugestões gerais para os meios político, empresarial e sindical. Em princípio, os "sábios" não deveriam fazer recomendações concretas para as políticas econômica e social. Na prática, no entanto, freqUentemente influenciam decisões políticas.

Gerda Gericke (gh)