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Beuys 100 anos: “vamos jogar as minhas obras pela janela!”

Ute Pfeiffer
27 de maio de 2021

[Vídeo] No centenário de nascimento de Joseph Beuys, o ímpeto criativo irreprimível do artista alemão volta a ser o centro das atenções. O “homem de chapéu” foi um dos pioneiros do movimento ambientalista e segue polarizando e fascinando mesmo 35 anos depois de sua morte.

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Em 2021 se comemora o centenário de nascimento do radical e polêmico Joseph Beuys. O artista alemão repensou o conceito de arte e virou o mundo artístico de ponta-cabeça nos anos 1960. Para Beuys, tudo era arte: a formação dos sons, o ato físico de falar, os rabiscos de incontáveis palestras sobre o conceito expandido de arte. 

Joseph Beuys nasceu em 1921, foi membro da Juventude Hitlerista e piloto da força aérea alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Seria ele um reacionário e não um precursor? "Ele definitivamente cresceu com a ideologia nazista, serviu como soldado na guerra. E naquela época não questionava nada disso. Acho que ele passou por uma doutrinação bem típica daquele tempo. Mas acredito que depois da guerra ficou muito claro para ele que era fundamental que as pessoas e a sociedade se transformassem, o que ele considerava como um processo. Por isso, ele escolhia materiais que estavam sempre em transformação, como a gordura, o feltro, ou o cobre. O cobre é um material fixo, claro, mas ele conduz energia. Acho que todos os trabalhos dele dão a sensação de não terem sido finalizados. E esse era o propósito artístico dele", conta Catherine Nichols, curadora do projeto “Beuys-2021”.

No jubileu de 100 anos, o ímpeto criativo irreprimível de Beuys volta a ser o centro das atenções. Beuys defendia o despertar da sociedade, mas também abordava questões religiosas e espirituais, criando um mito em torno de si. "Tem o Beuys dizendo que as mulheres deveriam ser remuneradas pelo trabalho doméstico, o que é bem progressivo. E ao mesmo tempo, você vê essa figura do homem patriarcal que está sempre no centro do próprio discurso. Vejo uma ambivalência tanto nessa, como em outras questões relacionadas a Beuys. E é provavelmente por isso que ele continua sendo interessante como artista. Acho que ele polariza em quase todos os sentidos", comenta Catherine Nichols.

O "homem de chapéu" foi um dos pioneiros do movimento ambientalista. Em 1982, durante a Documenta de Kassel, na Alemanha, ele plantou 7 mil carvalhos como forma de protesto por um futuro melhor. Beuys mostrou o poder que a arte tem de mudar o espaço urbano de forma sustentável.