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CriminalidadeEstados Unidos

Ódio contra Taiwan motivou ataque nos EUA, dizem autoridades

17 de maio de 2022

Homem que abriu fogo em igreja taiwanesa na Califórnia, matando uma pessoa e ferindo cinco, emigrou da China e foi movido por ódio contra Taiwan e seu povo, apontam investigações.

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Mulher deposita flores diante de igreja presbiteriana em Laguna Woods, perto de Los Angeles
Ataque ocorreu em igreja em Laguna Woods, perto de Los AngelesFoto: Jae C. Hong/AP Photo/picture alliance

Um homem que abriu fogo contra fiéis taiwaneses-americanos de uma igreja na Califórnia, matando uma pessoa e deixando outras cinco feridas, foi motivado por ódio contra Taiwan e seu povo, afirmaram investigadores dos EUA nesta segunda-feira (16/05).

Antes de abrir fogo, o atirador fechou as portas da igreja usando correntes e cola, enquanto dezenas de pessoas desfrutavam de um banquete pós-culto na igreja em Laguna Woods, perto de Los Angeles, no último domingo. Munido de duas pistolas, o homem também escondeu sacos contendo coquetéis molotov e munição ao redor do prédio.

Segundo o xerife de Orange County, Don Barnes, o atirador é um cidadão americano de 68 anos que emigrou da China e foi movido por "ódio politicamente motivado" e "estava transtornado com as tensões políticas entre a China e Taiwan".

Barnes disse que o homem, que trabalhou por anos como segurança, aparentemente agiu sozinho, e que não está claro por que escolheu essa igreja específica como alvo. A pequena Igreja Presbiteriana Taiwanesa Irvine é, em sua maioria, uma congregação de imigrantes cristãos mais velhos que oram semanalmente em taiwanês, sua primeira língua. Eles se reúnem na Igreja Presbiteriana Geneva.

O xerife disse que investigadores encontraram anotações no carro do atirador, que estava estacionado fora da igreja, que comprovam seu "ódio ao povo taiwanês".

O homem vive nos Estados Unidos há muitos anos, mas também residiu em Taiwan em algum momento, disse Barnes. "Acredito que seu ódio a Taiwan tenha se manifestado quando ele residiu lá em anos passados, possivelmente em sua juventude", disse o xerife. "Ele não foi bem recebido enquanto vivia lá, de acordo com o que coletamos até agora."

A família de Chou aparentemente esteve entre as muitas que foram deslocadas à força de China continental para Taiwan em algum momento depois de 1948, afirmou Todd Spitzer, promotor distrital de Orange County.

Barnes disse ainda que o homem vivia sozinho em um quarto alugado em Las Vegas e parecia não ter vínculos com a congregação. A igreja disse que ele havia passado o culto matinal nos fundos do santuário, lendo tranquilamente um jornal taiwanês.

A delicada relação entre China e Taiwan

questão taiwanesa é um dos temas mais delicados na República Popular da China. Taiwan é governada independentemente desde o fim de uma guerra civil em 1949, tendo seu próprio governo democraticamente eleito e um poderoso exército.

A China, no entanto, considera a ilha de Taiwan (ou Formosa) como parte do seu território, na forma de uma província dissidente. Se a ilha tentar sua independência, deve ser impedida à força, na interpretação chinesa.

Ato heroico

Além de informações sobre o atirador, foram revelados nesta segunda-feira detalhes sobre o heroísmo de um fiel – o médico John Cheng, de 52 anos. Ele atacou o atirador, permitindo que outros fiéis o dominassem e o amarrassem com fios de extensão, mas acabou sendo morto.

"Sem as ações do Dr. Cheng, não há dúvida de que teria havido numerosas vítimas adicionais neste crime", disse Barnes. "Infelizmente, depois que Dr. Cheng atacou o suspeito, ele foi atingido por tiros e declarado morto no local do crime."

As cinco outras pessoas que foram feridas no ataque, com idades entre 66 e 92 anos, foram hospitalizadas. A maioria das vítimas tem origem taiwanesa.

O FBI disse ter aberto uma investigação federal de crimes de ódio sobre o ataque. Detido sob acusação de assassinato e tentativa de assassinato, o atirador deve comparecer a um tribunal nesta terça-feira.

Violência armada

O ataque ocorreu 24 horas depois que outro atirador, de 18 anos, matou dez pessoas num supermercado de Buffalo, no estado de Nova York, no que está sendo investigado como um ataque racista.

A violência armada é chocantemente comum nos Estados Unidos, onde um poderoso lobby de armas atua para impedir o controle de sua venda e distribuição. Disparos em locais públicos são uma ocorrência quase diária no país.

Mais de 45 mil americanos morreram vítimas de armas de fogo – metade por suicídio – em 2021, contra pouco mais de 39 mil em 2019, de acordo com o site Gun Violence Archive.

lf (AFP, AP, ots)