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África acusa Ocidente de não cumprir promessas do clima

7 de dezembro de 2011

Na Cimeira Mundial do Clima, que decorre em Durban, até ao dia 9 de dezembro, os países africanos levantam acusações graves contra o Ocidente, que não terá concretizado a assistência prometida para projetos do clima.

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A África está desiludida com o incumprimento das promessas do OcidenteFoto: UN/DW

Há dois anos, na Cimeira Mundial do Clima em Copenhaga, na Dinamarca, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, anunciou uma assistência no valor de 100 mil milhões de dólares norte-americanos anualmente para projetos de proteção do clima nos países em vias de desenvolvimento, a partir de 2020. Na altura, este propósito foi universalmente aplaudido, sobretudo quando outros países ocidentais aderiram à iniciativa de Washington. Um ano mais tarde, na cimeira realizada na cidade mexicana de Cancun, o mundo industrializado reiterou esta oferta e prometeu um financiamento inicial no valor de 30 mil milhões de dólares até ao ano 2013.

People shout as they take part in a rally as the climate conference takes place in Durban, South Africa, Saturday, Dec. 3, 2011. Outside the conference hall, several thousand activists, South African village women, and trade union members paraded through this port city for a march billed as a "global day of protest." (Foto:Schalk van Zuydam/AP/dapd)
A insatisfação com a falta de progressos na proteção do clima é palpável em DurbanFoto: dapd

Credibilidade do Ocidente posta em causa

Mas em Durban, onde decorre a atual Cimeira do Clima, os países africanos manifestam-se descontentes com a soma até agora avançada. O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, que assumiu o papel de porta-voz de todas as nações africanas presentes, lembrou que este continente é afetado de forma particularmente grave pela mudança do clima: “Paira uma ameaça sobre a vida de milhões de africanos, como se vê pelas secas no Corno de África”, disse o Chefe do Governo de Adis Abeba, acrescentando: “É por isso que estamos muito desiludidos por ter falhado, em grande parte, a promessa de um financiamento rápido que nos foi feita em Copenhaga. Aos olhos dos africanos, este procedimento coloca em questão a credibilidade de todo o processo”.

Na verdade, os dados avançados pelos estados africanos são dececionantes. Dos 30 mil milhões de dólares, cuja transferência foi confirmada, apenas um quarto são fundos adicionais. O grande resto é dinheiro que já foi anteriormente prometido. E apenas 7% do total alcançou, entretanto, os destinatários. Estes dados baseiam-se num estudo feito pelo Centro Africano de Política Climática, em Adis Abeba, um instituto de pesquisa patrocinado pela União Africana, o Banco de Desenvolvimento Africano e pelas Nações Unidas.

Bundesumweltminister Norbert Roettgen nimmt am 11. Dezember 2009 an einer Pressekonferenz in Berlin teil. Bundesumweltminister Norbert Roettgen (CDU) hat eine "zuegige Fortsetzung der Erkundung" des Atommuellendlagers in Gorleben angekuendigt. "Dabei ist die maximale Sicherheit der Massstab", sagte er dem "Tagesspiegel" einer Vorabmeldung vom Samstag zufolge. (AP Photo/Franka Bruns) --- FILE - German Environmental Minister Norbert Roettgen participates in a press conference in Berlin, Germany, Dec. 11, 2009. (AP Photo/Franka Bruns)
O ministro alemão do Ambiente, Norbert Röttgen, diz que a Alemanha cumpre todas as suas promessasFoto: AP

Ministro alemão rejeita as acusações

Mas também as organizações não governamentais criticam o procedimento do Ocidente. É o caso de Christoph Balz, da Germanwatch: “Consigo entender bem que os estados africanos estejam dececionados porque grande parte do dinheiro que lhes foi prometido foi apenas dar uma embalagem nova para outros auxílios financeiros que já haviam sido prometidos anteriormente”. Balz explica que na Alemanha, por exemplo, foram prometidos dinheiros durante a conferência da biodiversidade, em 2008, mas “este dinheiro simplesmente foi redirecionado para as mudanças climáticas. Portanto é natural que as pessoas se sintam traídas”

A Deutsche Welle pediu ao Ministro alemão do Ambiente, Norbert Röttgen, uma reação às acusações levantadas em Durban, segundo as quais a Alemanha estaria apenas a dar roupa nova à assistência antiga. O ministro rejeitou com firmeza as acusações: “Até agora cumprimos todas as nossas promessas e vamos continuar a cumpri-las”. A delegação alemã informa que Berlim já colocou à disposição 1,25 mil milhões de euros suplementares para o financiamento inicial num período de três anos. Ao que acresce os três mil milhões de euros que a Alemanha já disponibilizara em 2010 e 2011 para projetos de proteção do clima.

A Alemanha candidata à sede do Fundo do Clima da ONU

O ministro Röttgen insiste por isso: "Acho que somos transparentes e claros. E acho que é evidente que temos que sê-lo. É claro que aqueles que fazem as promessas e também a dos países industrializados estão em dívida. Se surgirem dúvidas, este é um comportamento que coloca em risco todo o processo. E isso não pode acontecer, como todos precisam perceber.”

Norbert Röttgen anunciou em Durban que a Alemanha doará mais 40 milhões de euros ao novo Fundo do Clima das Nações Unidas, o Green Climate Fund. Além disso, adiantou que a Alemanha se candidata à sede deste novo fundo, cujo funcionamento deverá ser decidido durante a Conferência do Clima. Em Bona, na Alemanha, já se encontra a sede do Secretariado do Clima das Nações Unidas.

Carrying all their belongings these refugees move to a refugee camp in Dadaab, northeastern Kenya on thursday, August 4, 2011. Somalia and parts of Kenya have been struck by one of the worst draughts and famines in six decades, more than 350.000 refugees have found shelter in the worlds biggest refugee camp. Photo: Boris Roessler dpa
Segundo muitos investigadores, as mudanças climáticas estão na origem da multiplicação das secas em ÁfricaFoto: picture alliance/dpa

Autor: Johannes Beck (Durban)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha