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Zimbabué: Tensão permanece após manifestações

Vera Covelo Tavares | Reuters | EBU | AP | AFP
2 de agosto de 2018

A situação pós-eleitoral no Zimbabué continua tensa. Observadores internacionais condenam a violência militar excessiva.

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A polícia confirmou a morte de 6 manisfestante do MDCFoto: Reuters/P. Bulawayo

Depois da violência de quarta-feira (01.08), com a repressão militar e policial a causar a morte de, pelo menos, seis simpatizantes do partido da oposição MDC, esta quinta-feira (02.08) o dia foi mais calmo no Zimbabué.

Pelas ruas da capital, Harare, reinava uma paz aparente. Muitas lojas optarem por manter as portas fechadas. Os cidadãos falam em medo e incerteza. E pedem paz.

Zimbabué ainda sem resultados presidenciais

"Hoje está calmo. As lojas estão fechadas porque há muita incerteza e teme-se que a violência volte. Mas há paz, a polícia tem mantido a paz, muita gente foi para casa. Saíram para trabalhar mas depois voltaram para casa porque está tudo fechado", conta Paul Tawanda, cidadão de Harare.

"Na verdade, estamos com medo. Não sabemos o que vai acontecer a partir de agora. Vimos helicópteros a sobrevoar esta zona, não estamos seguros, tendo em conta o que aconteceu ontem", relata uma cidadã da capital.

Observadores condenam violência

Observadores internacionais já condenaram os atos de violência e pedem calma. John Mahama, ex-Presidente do Gana, é um dos observadores eleitorais da Commonwealth presentes no Zimbabué e denuncia "categoricamente o uso de força excessiva contra civis”, explicando que há outros recursos para conter manifestações.

Ghana John Dramani Mahama
John Mahama, ex-Presidente do Gana, é um dos observadores presentesFoto: DW/B. Darame

A violência pós-eleitoral contrasta com o que tinha sido uma campanha e dia de eleições mais calmos que o habitual. O observador da Commonwealth pede que a intolerância não estrague os progressos alcançados.

"O progresso alcançado pode ser prejudicado se os partidos e os seus apoiantes não demonstrarem tolerância e respeito pelo Estado de Direito. O processo eleitoral ainda está por concluir e estamos num momento da história do Zimbabué em que é necessário muita maturidade e liderança", disse Mahama.

O antigo Presidente apelou ainda que os resultados fossem anunciados, pois o atraso apenas contribuiu para especalação sobre manipulação das eleições.

ZANU-PF pede calma

O candidato do MDC, Nelson Chamisa, que desde início cantou vitória, comentou hoje que Mnangagwa sabe que perdeu e é essa a justificação para o atraso no anúncio do vencedor da corrida presidencial.

Beerdigung des Oppositionsführers Morgan Tsvangirai/Simbabwe
Chamisa continua a clamar vitóriaFoto: DW/Privilege Musvanhiri

"Se ele tivesse vencido, há muito que teria sido anunciado. Nós respeitamos a Comissão Eleitoral, respeitamos a lei, mas estamos a ser abusados por respeitar a lei", afirmou aos jornalistas.

Paul Mangwana, secretário dos assuntos jurídicos do ZANU-PF, partido no poder, lamentou as vítimas da violência mas acusou os apoiantes do MDC de provocação e pede calma a todos enquanto se espera pelos resultados.

 "Espero que continuemos com um comportamento maduro. Espero que nos contenhamos, que não nos provoquemos mutuamente, que deixemos que a Comissão Eleitoral anuncie os resultados", apelou o membro do ZANU-PF.

Cerco à sede do MDC

O dia foi ainda marcado pelo pesado cerco militar à sede do MDC que culminou mesmo com a polícia a entrar no edifício. O advogado do MDC, Denfor Halimani, conta que a polícia tinha um "mandado de busca e apreensão contra certos computadores e materiais subversivos, como granadas". Depois da intervenção, perto de 20 pessoas que se encontravam dentro do edifício foram levadas pela polícia.

"Eu concordaria que isso foi uma tática para meter medo, porque a polícia saiude mãos vazias. Não traziam absolutamente nada”, disse Denfor Halimani.

As últimas informações da Comissão Eleitoral dão conta que os resultados serão anunciados ainda na noite desta quinta-feira.